Saiba quais as consequências de vestir e embelezar crianças como adultos

Saiba quais as consequências de vestir e embelezar crianças como adultos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:10

Produtos voltados ao público infantil inundam, cada vez mais, o mercado de moda e beleza. De maquiagens a roupas modernosas, não faltam opções para embelezar os pequenos. Alguns parecem, inclusive, versões em miniaturas dos adultos.

Mas, diante de batons, esmaltes, sapatinhos de salto alto e looks dignos de Suri, a filha fashion de Tom Cruise e Kate Holmes, surge a pergunta: até que ponto os pais devem incentivar a vaidade das crianças e tratá-las como gente grande?

Segundo especialistas, é preciso haver limites, tanto por questões de educação quanto de saúde. Kerstin Panigushi Abagge, presidente do departamento científico de dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que do ponto de vista médico é preciso retardar ao máximo o uso de produtos de beleza nas crianças, até mesmo os com certificado da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

- Esses produtos, mesmo os infantis, possuem em sua composição substâncias químicas que podem causar inflamações na pele. Alguns estudos mostram que a incidência de dermatites de contato tem aumentado entre as crianças.

Em seu consultório, a pediatra afirma que orienta os pais a não motivar os pequenos dizendo coisas como "olha que linda" ou "olha que gracinha" ao se deparar com uma criança maquiada, com as unhas pintadas ou vestida como se fosse um adulto.

- Eu mando os pais estimularem o lado infantil dos filhos. Tem de deixar esse tipo de coisa para depois, pois a infância passa muito rápido. As crianças vão pedir, mas é preciso dizer não e pronto.

A médica da Sociedade Brasileira de Pediatra fala ainda que não existe um limite cronológico para pintar as unhas, por exemplo, mas que o bom senso é fundamental.

- Não tem razão para uma criança de sete anos fazer mechas nos cabelos. Outro dia, surgiu uma de oito anos em meu consultório com uma tatuagem definitiva. Os pais precisam fazer uma autorreflexão.

A médica ressalta que é difícil precisar o quanto um salto alto pode prejudicar a formação de uma criança. De acordo com ela, é possível inferir apenas aspectos mais objetivos da questão, como o perigo de que uma garotinha, ao usar salto alto, torça o pé, uma vez que não tem o mesmo equilíbrio de um adulto e vive correndo para todos os lados.

- Mas, até que ponto isso vai influenciar na sua personalidade, é complicado dizer.

Silvana Rabello, psicóloga e professora da PUC São Paulo, concorda com a pediatra. Segundo ela, que é especializada em clínica infantil, o conselho que dá aos pais é que se conscientizem sobre quais valores pretendem passar aos filhos.

- Não podemos dizer que o consumo desses produtos vá causar danos futuros em seu desenvolvimento da criança. Mas, os pais precisam parar e pensar que espécies de adolescentes e de adultos querem formar. Uma menina que prioriza ser mocinha na infância, pode se tornar uma adulta que valoriza demais a aparência e perde mais tempo com isso do que com coisas realmente importantes.

Para evitar adolescentes e adultos consumistas, frágeis à manipulação da mídia, que traz uma gama enorme de produtos e de informações que valorizam a sociedade da aparência, os pais precisam aprender a dizer não e a tomar medidas importantes, que passam por uma mudança na rotina e no pensamento familiar.

- Precisa tirar a televisão de determinados canais e priorizar os programas infantis. Deixar de levar com tanta frequência as crianças aos shoppings, que é o programa de fim de semana de muitas famílias. Além disso, os pais têm de estimular os filhos, criando jogos e brincadeiras pertinentes à idade deles.

De acordo com Silvana, embora essas não sejam tarefas fáceis, pois demandam tanto tempo quanto paciência, os adultos precisam fazer um esforço. Afinal, nem sempre o caminho mais fácil leva para o melhor lugar.

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