Segurança na hora do lazer

Segurança na hora do lazer

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:51

Louvados sejam os criadores e funcionários de brinquedos e playgrounds, que dão aos pais a folga necessária para descansar! Dai-lhes paciência e, sobretudo, conhecimento para os pequenos voltarem para casa do jeitinho que saíram. Afinal, espaços aparentemente inofensivos podem machucar. “A queda é a principal causa de internação de crianças até 14 anos”, diz Alessandra Françoia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura. “De acordo com os dados mais atuais do Ministério da Saúde, de 2008, 58.581 crianças foram internadas vítimas deste acidente”. Escolas, parquinhos e outras áreas de lazer devem garantir um ambiente seguro. Mas o que os responsáveis devem observar?

Em playgrounds

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) contempla a segurança de brinquedos de playground em requisitos e diretrizes estabelecidos na norma 14350. Mas eles ainda não são obrigatórios. “Infelizmente não há muita divulgação e os espaços não seguem as recomendações para a instalação de playgrounds, especialmente em relação ao piso”, explica Fábio Namiki, coordenador da Comissão de Estudo Especial de Segurança de Playgrounds da ABNT. “O local onde o brinquedo é montado é de extrema importância, pois é o que vai absorver a queda e ser responsável por minimizar a gravidade dos acidentes”.

Playgrounds não devem ser instalados sobre pisos de concreto, mas grama, areia ou cavaco de madeira, conservados para evitar contaminações. Deve-se ficar atento aos pisos de borracha, opções excelentes se atenderem a normas específicas e passarem por testes de segurança. “Um piso de menos de dois centímetros de espessura não absorve a queda de uma altura maior de 80 centímetros. Em muitos casos, um tapete de borracha deve ter pelo menos 20 centímetros de espessura”, afirma Mara Cabral, arquiteta e consultora dos produtos da Haiah Revestimentos Especiais de Borracha. Tapetes de borracha que reutilizam material de pneus contêm substâncias tóxicas. “É melhor que a borracha seja natural”, observa.

Brinquedos devem ser desenhados para uma queda de até três metros de altura não resultar em traumatismo craniano. Playgrounds grandes, como os encontrados em alguns shoppings e restaurantes, podem exceder esta altura desde que não haja nenhuma plataforma ou abertura a partir da qual a criança sofra uma queda. “O trepa-trepa, por exemplo, deve ter altura máxima de três metros, porque a criança pode cair do topo”, explica Namiki.

Outras recomendações:

* A distância entre os brinquedos deve ser de pelo menos 1,5 metro, com exceção para as laterais de escorregadores, que não atuam como “armadilhas” para as crianças.

* O brinquedo não pode apresentar farpas, pregos expostos ou quinas sem proteção adequada.

* Balanças devem estar em bom estado e com proteção, para evitar que outras crianças passem em frente ou atrás.

Em parques aquáticos

Segundo o tenente Rufino Rodrigues de Oliveira, presidente da Associação dos Salva-Vidas do Estado de São Paulo, o uso de boias nem sempre garante a segurança infantil. “O colete, se bem vestido e amarrado na posição correta, é o mais seguro”, afirma. “A boia de braço é um perigo, mesmo para a criança bem instruída ou preparada”. De acordo com ele, em praias artificiais ou no litoral, há risco de a criança abrir os braços ao ser atingida por uma onda e perdê-las. Se a escolha é mesmo esta, ensine a criança a cruzar os braços e nunca levantá-los na hora de enfrentar a água.

Outras recomendações do tenente:

* Crianças menores de 12 anos não podem entrar em um parque aquático sem a supervisão de um acompanhante.

* Toda piscina aberta ao público deve ter um salva-vidas devidamente formado e identificável.

* Locais devem ser projetados para não haver queda brusca na piscina, degraus submersos ou bordas.

* Cada tobogã deve contar com a presença de dois profissionais: um para coordenar a descida e um salva-vidas para auxiliar quem chega na água.

Em parques de diversões

“Todo parque de diversões, desde a fase do projeto, deve contar com um profissional na área de engenharia de segurança”, afirma Francisco Donatiello, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra). A associação já lançou dois manuais, para funcionários e proprietários, sobre os aspectos de operação e trabalho para assegurar uma diversão tranquila. Na quarta-feira desta semana, junto à ABNT, eles lançaram as Normas Brasileiras para Parques de Diversão. Mas a adesão dos parques ainda é voluntária.

De acordo com ele, a norma ratifica a regulamentação do CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) que obriga parques fixos a ter assinatura de um engenheiro semestralmente. “Ela também especifica quais são os documentos necessários para o parque funcionar e se o corpo de bombeiros avaliou todos os aspectos de segurança do local, entre outras questões”. Cabe aos pais avaliar alguns aspectos:

* Brinquedos devem ter informações claras e visíveis sobre altura, peso e risco a portadores de doenças ou limitações físicas.

* Estruturas devem estar firmes no chão, não apresentar rachaduras, ferrugem ou deterioração.

* Pistas de skate, patinação e kart devem oferecer equipamentos apropriados, como capacete e cintos de segurança, além de isolamento de proteção de pista e equipe com profissionais habilitados para casos de acidentes.

Em áreas de recreação

Não existem normas específicas para áreas de recreação em shoppings, lojas e outros espaços, embora o projeto deva contar com o laudo de um responsável técnico – geralmente o engenheiro que assina o projeto e responde pela segurança do local. Playgrounds feitos nestes espaços devem obedecer aos critérios da ABNT. Contudo, não há fiscalização, e a supervisão dos pais é a chave da segurança.

Muitas áreas do tipo reúnem diversos brinquedos, indicados para diferentes faixas etárias, em um mesmo espaço. Renata Fernandes, dona da empresa Fadas Madrinhas, especializada em recreação infantil para casamentos e eventos sociais, ressalta a importância do uso dos brinquedos de acordo com a idade adequada. “Crianças menores de seis anos não podem transitar sozinhas no local, especialmente quando há escadas no ambiente”.

Renata sugere observar o número de adultos em relação ao de crianças como forma de avaliar a segurança do local. A proporção de um adulto para cada seis crianças garante a atenção dos profissionais para evitar acidentes.

Alessandra Françoia, da ONG Criança Segura, é enfática ao dizer que o cuidado mais importante em qualquer ambiente voltado a crianças é a supervisão constante de um adulto. Fábio Namiki, da ABNT, concorda: “A responsabilidade é dividida entre o fabricante de um brinquedo, o dono do lugar ou responsável pelo espaço público e os pais, pois são eles que devem instruir o filho a brincar de forma apropriada”.

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