Sou o primeiro pai a conseguir licença-maternidade.

Sou o primeiro pai a conseguir licença-maternidade.

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:46

Em 2004, após ver de perto uma campanha sobre adoção, fiquei com vontade de ter uma criança na minha vida. Tomei todas as providências quanto à documentação e comecei a esperar. Sabia que o processo era demorado, mas estava disposto a fazer a minha parte. Se não desse certo, não era pra ser. Só dois anos depois é que o juiz autorizou o meu cadastro.

Ela me conquistou na hora Há quatro meses, me ligaram pra dizer que havia uma menininha de 4 meses. "Quer conhecê-la?" Fui. Ela me recebeu rindo. Na hora que a peguei no colo, ela fechou os olhinhos. Me apaixonei. Só pra ter certeza, no dia seguinte voltei lá com a minha mãe.  

Assim que ela viu a mamãe, esticou a mãozinha e fez carinho nela. Não havia mais dúvida. O único problema é que queriam que eu fosse buscá-la no dia seguinte. Imagine, eu não tinha nada de bebê em casa! Começou, então, o mutirão dos meus amigos. Um emprestou o carrinho, outro o berço, e eu fui buscá-la após dois dias.  

Assim que eu trouxe minha filha pra casa, fiz um requerimento no Tribunal, pedindo o direito à licença-adotante, ou seja, 90 dias pra quem adota um bebê de até 1 ano? benefício que até então só era concedido a mães. Era uma questão de princípio, não só porque sou solteiro e sozinho. Mesmo que eu tivesse esposa, o pai tem esse direito!

Como eu tinha dois meses de férias acumuladas, fiquei esperando a resposta ao meu requerimento. Ela chegou dois meses depois: negativa. Só então eu liguei pra uma advogada pra saber se eu teria alguma chance, caso recorresse. E ela me deu esperança. Entrei com o recurso no dia 16 de maio deste ano. A decisão saiu no dia 15 de junho: por 16 votos a 4, obtive dessa vez uma resposta favorável. Minha mãe chorava de felicidade..   Com certeza eu abri um precedente ou, no mínimo, uma discussão. Por que no caso da licença-adotante só quem tem direito a ficar com o filho é a mãe, e não o pai. Essa lei é antiquada! Pense comigo: se eu não tivesse férias, essa adoção seria inviável... Afinal, de nada adiantaria eu tirar um neném de um abrigo pra deixar numa creche.  

Nesse primeiro momento em que a criança é trazida a um novo lar, precisa estar com o pai ou com a mãe. Eu, que trabalhei como assistente social, sei que aquelas pessoas que não tiveram os pais presentes se ressentem por isso. É preciso, no mínimo, discutir a respeito!  

Por exemplo, dizem que a licença da mãe biológica é de 120 dias porque ela precisa amamentar o filho. Mas há muitas mães que não amamentam porque o leite seca nos primeiros dias, assim como há aquela mulher que amamenta até os 2 anos do bebê? e essa mãe já voltou a trabalhar há muito tempo. Ou seja, o foco da discussão está errado. Deveria estar na necessidade da criança!  

No caso da adoção mais ainda, porque a criança adotada vem com feridas psicológicas e, às vezes, até físicas. Ela precisa de muito mais tempo e atenção do que apenas amamentação! As leis precisam ser atualizadas para nossa época. Vamos trazer esse assunto à tona?       Estabeleça uma rotina para o bebê: uma refeição a cada duas horas, por exemplo.  

· A melhor hora pra dar banho é à noite, antes da última mamadeira. Ela dorme melhor.  

· Minha filha tem direito a dois cochilos por dia, um de manhã e outro à tarde, até às 15h. Assim, ela deita às 20h e dorme até às 7h.  

· A criança deve ser estimulada. Eu brinco muito com ela. A gente também dança e ora juntos. É importante estimular todos os sentidos. Eu faço massagem, converso, canto... Às vezes eu chego bem perto do ouvidinho dela e sussurro: "Papai tem um segredo!". Ela arregala os olhinhos e eu cochicho: "Papai ama muito você". E ela ri pra mim.

Para Gilberto, ser pai é:

· Saber que não está preparado pra cuidar de uma criança com febre, que perderá a liberdade de viajar, que ela vai exigir muita dedicação e, ainda assim, ele terá coragem de assumir essa responsabilidade feliz da vida.  

· Ter muito trabalho, gastar energia e ser altamente recompensado por um sorriso gostoso.  

· Chorar de desespero quando não sabe mais o que fazer para a filha parar de chorar ou para dormir melhor. E respirar aliviado quando descobre que pra tudo se dá um jeitinho.  

· Ficar assustado por perceber que sua vida virou de cabeça pra baixo, mas em nenhum momento se arrepender da decisão tomada. Pelo contrário, agradecer a Deus por ter colocado a bebê mais fofa do mundo dentro da sua casa    

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