“"Uma mulher por inteiro ocupa vários lugares"”, diz psicóloga cristã

Em entrevista exclusiva ao Portal Guiame, a psicóloga especializada em terapia familiar e escritora, Leonora Ciribelli comentou os dilemas, vividos pela mulher moderna e saiu do clichê de deixá-la apenas como vítima da situação, mostrando que uma mãe, esposa ou profissional tem muito mais potencial do que se imagina.

Fonte: Guiame, com inAtualizado: terça-feira, 8 de março de 2016 às 17:54
Leonora Ciribelli (ao centro) é psicóloga, escritora e casada com o Pastor Fábio Ciribelli, com o qual lidera o Ministério Oásis, cuidando de líderes ministeriais cristãos. (Foto: Levi Facó / Guiame)

No dia internacional da mulher – 8 de março – uma reflexão nos vem à mente: qual o papel que a a mulher tem exercido atualmente? Seja em sua família, no mercado de trabalho ou até mesmo em sua igreja, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço, credibilidade e têm mostrado espírito de liderança cada vez mais forte.
 
Em entrevista exclusiva ao Portal Guiame, a psicóloga especializada em terapia familiar e escritora (autora do livro “Antes de Casar – 9 Passos para Um Casamento Feliz”, que foi lançado em abril de 2013, pela editora Ultimato e já em seu terceiro lote de impressões) e integrante do corpo docente da Eirene do Brasil, Leonora Ciribelli comentou os dilemas vividos pela mulher moderna e saiu do clichê de deixa-la apenas como vítima da situação, mostrando que uma mãe, esposa ou profissional tem muito mais potencial do que se imagina.
 
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
 
Portal Guiame: Na sociedade atual, não somente a mulher cristã, mas as mulheres de forma geral vivem diversos dilemas que refletem em seu cotidiano. Amor X Realização Profissional é um deles. É possível encontrar um equilíbrio entre esses dois pontos?
 
Leonora Ciribelli: Sim é verdade! Este dilema é devido a paradigmas (gerados pela cultura ou religião) de que a mulher tem que dar conta de tudo, ou seja...  se ela optar em trabalhar ela ainda tem que dar conta de tudo e de todos. Isto é quase impossível... aí vem o dilema... se ela não dá conta ela não esta amando.
 
Um dia destes eu estava em uma palestra para casais e ouvi um relato fantástico! Perguntaram a um dos maridos se ele ajudava a esposa devido ela trabalhar fora ele disse “NÃO!”. Depois da resposta incisiva ele disse: “Não ajudo! Eu faço a minha parte”. Percebe a diferença?! O paradigma é que atribui o papel da mulher como responsável pela casa, e desta forma a maioria dos membros se sentem amados se ela der conta desta família e casa. Não é o dito: "A DONA DE CASA"?. Se esta mulher e os demais membros desta família se conscientizarem de que todos são responsáveis e que cada um de acordo com sua idade e capacidade precisa fazer a sua parte neste sistema familiar, ela encontrará equilíbrio para ambos os pontos.
 
Vê que para muitos o “papel” da mulher fica resumido a trabalho e não a sua missão de forma integral?
 
Exemplo disto é o marido que ainda tem a ideia de que ele é o provedor, que o trabalho dele é mais cansativo e por isso não coopera em casa. Também do filhos que chegam em casa e está tudo sempre pronto e, se não estiver, ainda reclamam por não estar do jeito que gostariam. É como se eles esperassem que tudo se resolvesse em um toque de mágica e não pelo esforço de alguém, que investiu tempo e energia naquela organização. O renomado educador e escritor Içami Tiba já diz: “Atrás de um sobrecarregado, há um folgado”.
 
Você já percebeu que muitas mulheres se dirigem aos maridos e filhos, pedindo: “Você pode me ajudar?!”. Isto soa como se eles estivessem fazendo um favor a ela, e não em uma visão de que o fazendo, estarão beneficiando a todos, inclusive a eles próprios. Todos devem ter privilégios e responsabilidades neste sistema familiar.
 
Com esta sobrecarga, a mulher sente-se culpada, cansada, cobrada e frustrada...  não se sente suficientemente realizada – seja dentro ou fora de casa – por achar que ela tem que dar conta de tudo sozinha. Se sente dividida, angustiada.
 
Em contrapartida há aquelas mulheres, trabalham fora e se dizem exaustas, cansadas por terem dupla jornada de trabalho, mas não aceitam trabalhar em equipe. Embora reclamem que têm que dar conta de tudo, são mulheres perfeccionistas, que assumem a liderança de forma arbitrária. Se os membros da familia não atendem a um pedido seu do jeito que ela acha que é certo, então eles estão “errados” e aí elas acabam se sobrecarregando (mais uma vez)... Numa fala contraditória, elas dizem que estão cansadas, mas não permitem que cada um aprenda a fazer a sua parte... ou poupa os membros da familia, achando que por ama-los, ela tem que dar conta de tudo...
 
Estes dois extremos geram conflitos, pois desgastam as relações, o amor fica reduzido ao trabalho, comprometido ora por culpa, ora por uma exigência exacerbada, que parte dela própria ou dos membros da familia.
 
Guiame: Apesar das constantes lutas por parte das mulheres para conquistar espaço no mercado de trabalho, ainda há aquelas que se realizam, dedicando-se a atividades do lar (família). Em sua opinião, por que a realização pessoal se ligou tanto à profissional (mercado de trabalho)?
 
Leonora: Conheço mulheres que não sentem necessidade de um trabalho também fora de casa e se dizem realizadas por apenas trabalharem em seus lares.
 
Por outro lado, pode-se dizer que muitas vezes, as próprias mulheres acabam se tornando “machistas” e se acostumam com a ideia de que “trabalhos de casa não valem como um trabalho de verdade”. Para muitas trabalhar em casa é obrigação, não há reconhecimento – algo que só encontrariam e no mercado de trabalho.
 
Acredito que esta ligação se dê porque  muitas mulheres relatam que elas se sentem muito mais valorizadas no mercado de trabalho do que em casa. Infelizmente isto é uma realidade para muitas mulheres.
 
Há duas questões importantes que eu vejo neste ponto: Primeira é que se a mulher não descobrir o seu valor pessoal, singular ela não estará realizada em nenhum contexto... portanto ela precisa descobrir o valor que ela tem, reconhecendo seus próprios dons e talentos. Segunda é da importância dos membros da familia aprenderem a valorizar uns aos outros inclusive esta mulher: esposa e mãe.
 
Infelizmente, muitos relatos que escuto no consultório psicológico de mulheres que se envolveram com chefes e colegas de trabalho se deram devido ao fato de serem valorizadas neste ambiente, de conquistarem juntos um projeto, um objetivo. Emocionalmente isto vai nutrindo um sentimento de que seu trabalho é mais respeitado e validado por aqueles que estão fora do seu círculo familiar.
 
Guiame: “Por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher”. Esta frase ganhou força nas últimas décadas. Em sua opinião, até onde pode ir a influência de uma mulher na vida de um homem (falando como família também)?
 
Leonora: Concordo em parte com esta frase, mas creio que ela não ilustra o contexto como um todo. Uma mulher que ora se coloca por trás de seu marido sabe ser discreta, não teme o privado e sabe elevar seu marido. Mas acredito que uma mulher por inteiro ocupa vários lugares, não só o de ficar por trás, mas ora ao lado de seu esposo – ela compreende que ambos são iguais diante de Deus, imagem e semelhança dEle da mesma forma – onde ela entra em cena juntamente com seu marido, como companheira, auxiliadora (Gênesis 2:18). Santo Agostinho já dizia que a mulher não foi feita a partir da cabeça do homem para governa-lo, nem de um pedaço do seu calcanhar para ser sua escrava, mas sim de sua costela porque está ao seu lado. Outras vezes ela pode precisar estar à frente, o ajudando, protegendo-o, quando este se sente cansado, sobrecarregado. Na Bíblia, podemos ver em 1 Samuel, capítulo 25, o relato de que Abigail atendeu a um pedido do então futuro rei Davi e foi à frente de Nabal para evitar um conflito entre ele e seu marido.
 
É preciso sabedoria para discernir o melhor momento e a forma de se ocupar estes lugares.
 
A influência de uma mulher na vida de seu marido e filhos é fantástica!
 
A Bíblia diz: “Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor”. (Provérbios 18:22) e “A mulher sábia edifica sua casa, mas a tola a derruba com as próprias mãos” (Provérbios) 14:1
 
Alguém ainda tem dúvidas da influência da mulher no contexto familiar e na sociedade?

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