Você respeita a privacidade do seu filho?

Você respeita a privacidade do seu filho?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:34

Que mãe nunca pensou em ouvir uma conversa do filho adolescente pelo telefone ou fuçar no armário dele? A adolescência é um período bem confuso, tanto na vida dos jovens como na das mães. E, curiosas sobre o que anda acontecendo no mundo do filho que está crescendo, muitas passam do pensamento à ação. Mas qual o ponto que separa o monitoramento da invasão de privacidade?

Segundo Maria Cristina Capobianco, psicóloga especialista em comportamento infantil e adolescente, a privacidade é vital para o adolescente. Invadi-la ouvindo conversas e lendo diários sem o conhecimento dele pode produzir um efeito inesperado. “Vasculhar a privacidade deles não é a melhor maneira de se aproximar ou de acompanhá-los mais de perto”, diz.

O ideal, na verdade, é fazer parte da vida do filho de forma consistente desde a infância, ouvindo tudo o que ele tem a dizer e dando espaço para a comunicação. Se monitorá-lo – principalmente na adolescência – também é necessário, isto deve ser feito de forma saudável e respeitadora.

De acordo com a psicopedagoga Elizabeth Monteiro, autora do livro “Criando adolescentes em tempos difíceis” (Summus Editorial), o adolescente não quer que o adulto concorde e aceite tudo. “Ele quer mesmo é ter a garantia de que é ouvido e entendido”. E agir é sempre melhor do que apenas falar. “Os filhos precisam de bons modelos. Não adianta exigir respeito e bom comportamento se não tratá-lo desta forma”, afirma a especialista. Por isso, em vez de um longo sermão antes da balada ou telefonemas de cinco em cinco minutos para saber se ele está bem, o melhor é se oferecer para buscá-lo no fim da festa, em um horário pré-combinado. “Pais que confiam em seus filhos raramente são traídos, pois os filhos temem decepcioná-los”.

Mudanças de comportamento e diário dando sopa

Porém, nem sempre é possível seguir as regras de boa conduta e, se surgirem brechas para desvendar de vez o que acontece na vida do filho, que mãe seria capaz de se segurar? Não foi o caso da técnica em bioquímica Monica Teixeira Chaves Pereira, de 36 anos. Quando a filha Gabriela tinha 13 anos, Monica soube que ela tinha arrumado um namorado um ano mais velho. Ao mesmo tempo, vinha percebendo uma mudança de comportamento da filha: “Fiquei com uma pulga atrás da orelha”, conta. E não foi à toa.

Hoje Gabriela já está com 18 anos e a mãe não passa mais por esse tipo de problema, mas na época, enquanto ela chegava mais tarde da escola e não queria mais fazer as aulas de Educação Física por conta do novo namorado, Monica se preocupava. “Era coisa de adolescente, mas acabei descobrindo que o menino queria mandar nela, tinha senhas de blogs e redes sociais dela e interferia como bem entendesse, ao mesmo tempo em que ela andava mais quietinha comigo”, diz. Se a filha mal andava falando com a mãe, como Monica descobriu tudo isso? Pelo diário de Gabriela, que estava dando sopa em cima da cama da menina.

Monica não contou para a filha que tinha lido os registros do diário. Gabriela só veio a saber anos depois. “Eu disse para a Gabi que estava percebendo algumas coisas em relação ao menino e não estava gostando, que estive observando-a e vendo as páginas dela da internet e tivemos uma conversa bem legal, em que eu disse que ela não podia ser dominada por ele em hipótese alguma”. E deu certo. “Eu me senti muito culpada”, diz. “Mas também acho que, se ela deixou o diário à vista, queria que eu o visse”.

Curiosidade ou necessidade?

Embora os filhos esperem ser monitorados, é preciso ter bom senso para não cair no ridículo. Quando tiver alguma suspeita, o psicólogo Bruno Weinberg, orientador educacional do Colégio I. L. Peretz, de São Paulo, aconselha separar o “desejo de saber” da “necessidade de saber”. Saber se o seu filho está namorando é um desejo pessoal – você está apenas curiosa a respeito e quer contar para toda a família – ou uma necessidade – ele mudou de comportamento, parece mais aéreo e piorou no rendimento escolar? “Esta é uma regra básica e ajuda a mostrar até que ponto os pais podem entrar na vida dos filhos sem serem invasivos”.

Para Elizabeth, é melhor pecar pelo excesso de zelo do que pela falta. Mas o monitoramento não deve ultrapassar as barreiras naturais, a não ser em casos de extrema necessidade, como a suspeita de um envolvimento com drogas, por exemplo. E também é saudável os adolescentes manterem alguns segredos em relação aos pais. “Faz parte do tornar-se adulto, quando os pais não decidem e sabem mais tudo sobre os filhos”, pontua a psicóloga Maria Cristina.

É importante e necessário que os pais saibam como o filho está se saindo dentro dos diversos âmbitos da vida dele – rendimento escolar, mudanças de comportamento, se sai muito com um grupo específico de amigos, se fica muito em casa sozinho, entre outros aspectos. De acordo com o psicólogo Bruno Weinberg, alguns dados relevantes da vida dos filhos adolescentes são sinais: “Os filhos mandam recados de ajuda, de uma forma ou de outra, aos pais. E eles precisam ser sensíveis para conseguirem enxergar e estarem presentes, mas procurando sempre respeitar a autonomia e o desenvolvimento da responsabilidade do filho”.

fonte: Delas

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