Você tem medo de ser traída?

Você tem medo de ser traída?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

O medo de sofrer uma traição é muito comum. Associado ao ciúme, a insegurança em relação ao parceiro muitas vezes é motivo de brigas e separações. De acordo com o psicólogo Thiago de Almeida, o medo da perda leva o indivíduo a experiências de sofrimento, tanto para si como para o objeto de seu ciúme, e pode ser entendido como a expressão de baixa auto-estima, dependência e insegurança.

"Algumas pessoas confiam tão pouco nelas mesmas que impedem até mesmo os parceiros delas de viverem suas vidas porque imaginam que, ao explorarem o mundo, estes venham a se interessar por alguém e conseqüentemente abandoná-las", explica.

A questão da auto-estima é tão importante que o psicólogo ressalta que quanto mais baixa for a auto-estima, mais o indivíduo sofre, chegando a duvidar que merece respeito. Desta forma, para superar o problema, é necessário se valorizar para diminuir a insegurança. "Alguns mecanismos para obter essa melhora são religião, terapia, cursos, novas amizades, trabalho, lazer, etc.", enumera.

O especialista revela que, prevendo passar por situações de traições e abandono ? considerando o relacionamento amoroso de "alto risco" ?, muitos casais estão fazendo contratos pré-nupciais. "Estas e muitas outras ruminações mentais a respeito do amor e seus desdobramentos distorcem e afastam mais e mais as pessoas umas das outras ao invés de encaminhá-las para serem felizes juntas e unidas por um mesmo ideal", acredita.

O professor Thiago é incisivo ao afirmar que quem ama cuida, entretanto, para ele, não quer dizer que é preciso ter ciúmes. "Existem mecanismos que refletem o amor, cuidado e zelo pelos parceiros muito mais eficientes do que os proporcionados pelo ciúme para gerenciar os relacionamentos amorosos", explica.

É possível perdoar uma traição?

Para o professor Thiago, não há uma decisão certa ou errada de permanecer casado ou divorcia-se após uma experiência de infidelidade. Quando a traição acontece, é inevitável que um momento crítico no relacionamento ocorra.

"Contudo, toda crise pode ser transformada numa oportunidade de crescimento. Algumas pessoas acharão impossível conviver com aquela representação do relacionamento maculado pela infidelidade do(a) parceiro(a). Outros, a seu tempo, serão mais complacentes e recuperarão a confiança no parceiro, muitas vezes após provas sucessivas de sua fidelidade. Depois de findada tal crise, o casamento pode se tornar pior ou melhor", crê.

"Um relacionamento amoroso pode sobreviver a uma traição, desde que ambos estejam empenhados em compreender as razões da experiência vivida, cada qual a seu tempo. Nem sempre isso é possível, e talvez leve mais tempo para os traídos do que para os traidores fazê-lo, mas convém tentar quando de fato se acredita que há mais amor do que mentira neste relacionamento", completa.

Muitas mulheres temem que seus companheiros voltem a repetir o erro. Nesse caso, não é suficiente o parceiro traidor reconhecer o que aconteceu. É necessário que este reconheça sem falsos pudores o seu erro e admita a traição e conte com a ajuda da parceira para reconstruírem o relacionamento abalado. A pessoa traída não pode se responsabilizar do ato do parceiro.

Como evitar a infidelidade

Segundo o professor Thiago, não vale a pena ficar controlando o companheiro, com ligações periódicas e revistas permanentes em celulares, gavetas, etc., para se evitar a traição.

O especialista acredita que os parceiros para o qual o ciúme é dirigido sentem-se monitorados e tolhidos. Para ele, a atitude pode diminuir consideravelmente a qualidade do relacionamento amoroso vivenciado e ainda contribuir para encaminhar o parceiro para uma possível traição.

"Na vida real, é sabido que muitos dos nossos comportamentos são largamente influenciados e até mesmo governados por normas e/ou expectativas que encaminham para que uma pessoa se comporte de determinada maneira em certa situação. Dessa forma, o ciúme (sobretudo quando infundado) pode sim ser uma expectativa indutora de infidelidade."

Thiago de Almeida é professor, psicólogo e pesquisador do Instituto de Psicologia da USP (Departamento de Psicologia Clínica), especializado em relacionamentos amorosos. É autor do livro: "Ciúme e suas conseqüências para os relacionamentos amorosos" (Editora Certa - www.editoracerta.com.br/ciumes.asp )

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