Nunca foi tão alta a porcentagem de judeus europeus que afirma o aumento do antissemitismo em países do bloco. Quase nove em cada dez entrevistados sentem que se agravou o preconceito em seus respectivos países nos últimos cinco anos. Os números fazem parte de um relatório divulgado pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA).
De acordo com o documento, mais de um em cada três judeus que vivem em países como Alemanha, Dinamarca, Espanha, França, Holanda e Reino Unido consideram ter de deixá-los por esta razão. Nesse caso, o destino escolhido pela maioria é Israel.
Os números foram relatados com base em uma pesquisa online realizada em 12 estados membros em abril e maio, que incluiu mais de 16.000 entrevistados acima de 16 anos. O resultado está em um documento que faz parte de um estudo abrangente feito pela agência, que recolhe e analisa os dados dos países do bloco europeu sobre discriminação, racismo e xenofobia, proteção das vítimas e direito das crianças entre outros.
Números
Os casos relatados pelos entrevistados vão de xingamentos e gestos ofensivos a ataques físicos. Dois por cento afirmaram ter sido agredidos fisicamente e outros 2% disseram que suas propriedades foram deliberadamente depredadas no ano passado porque eram judias. Um em cada três entrevistados disse que evitou participar de eventos judaicos ou visitar locais de judeus por preocupação com sua segurança.
Um terço dos entrevistados disse ter sofrido alguma forma de assédio antissemita no ano passado. Quase 80% das pessoas que sofreram assédio antissemita disseram que não o denunciaram, o que mostra que este tipo de incidente está se normalizando na Europa.
“As descobertas da pesquisa sugerem que as pessoas enfrentam tanto abuso antissemita que alguns dos incidentes que vivenciam parecem triviais para elas", observou o relatório.
A pesquisa revelou que os judeus europeus experimentam antissemitismo principalmente na internet e nas mídias sociais. Mas muitos também disseram que identificaram o antissemitismo na rua, na grande mídia e na vida política. Cerca de 10% dos entrevistados disseram que, no ano passado, haviam sofrido discriminação no trabalho, na escola e nas instalações de saúde e moradia porque eram judeus.
Medo
Além de constrangimentos os entrevistados afirma ter medo real de sofrerem ataques de ódio. Mais da metade afirmaram sentir medo e disseram que nunca usam, carregam ou exibem itens que possam identificá-los como judeus, como quipás ou as mezuzás. O presidente da Agência Judaica, Isaac Herzog, disse que o relatório da UE "revela o quanto os judeus se sentem inseguros na UE". Ele pediu aos líderes europeus, formadores de opinião e professores que "unam forças para combater essa epidemia".
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