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Israel

Após três eleições, Israel terá governo de união entre Netanyahu e Gantz

O acordo entre Benjamin Netanyahu e seu ex-opositor, Benny Gantz, encerra a mais longa crise política da história moderna de Israel.

Fonte: Guiame, com informações da AFPAtualizado: sexta-feira, 8 de maio de 2020 às 11:48
Presidente israelense Reuven Rivlin (centro) em reunião com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e seu ex-opositor, Benny Gantz. (Foto: Haim Zach/GPO)
Presidente israelense Reuven Rivlin (centro) em reunião com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e seu ex-opositor, Benny Gantz. (Foto: Haim Zach/GPO)

O Parlamento de Israel aprovou nesta quinta-feira (7) um governo de união entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-opositor, Benny Gantz, encerrando a mais longa crise política da história moderna do país, marcada por três eleições em menos de um ano.  

Seguindo um acordo de três anos, Netanyahu atuará como primeiro-ministro por 18 meses, tendo Gantz como seu vice, uma nova posição no governo israelense. Ambos apresentarão o novo governo em 13 de maio, no qual os ministérios serão igualmente divididos entre os dois campos.  

Eles trocarão de papéis no meio do acordo, com posições de gabinete divididas entre o partido Likud (direita) de Netanyahu e o Azul-Branco (centro) de Gantz, bem como seus respectivos aliados. 

A decisão foi tomada após intensos debates, que duraram até o final da quarta-feira. “A sessão plenária do Knesset [Parlamento israelense] aprovou as emendas [ao projeto de governo de união] em segunda e terceira leituras. 71 deputados votaram a favor, e 37, contra”, informou o Legislativo em um comunicado.  

Por que houve um impasse político?

Embora Netanyahu tenha ganhado a maioria dos votos populares, o resultado das urnas não define quem vai governar Israel. Para se formar um governo no país, é preciso conseguir a maioria dos 120 assentos no Knesset, o Parlamento israelense. Para isso, é preciso que partidos políticos se unam em uma coalizão — um processo que costuma levar cerca de um mês para se oficializar.

O impasse se tornou uma realidade no país porque Netanyahu não conseguiu, por duas vezes, formar uma ampla maioria no Knesset. Seu opositor, Benny Gantz, também foi convidado para tentar formar uma coalizão, mas não deu certo.

Na quarta-feira (6), a formação do governo foi aprovada pelo Supremo Tribunal de Israel. Netanyahu permanece, porém, acusado de suborno, fraude e quebra de confiança, e seu julgamento, adiado pela pandemia de coronavírus, deve começar ainda este mês.  

“Não encontramos nenhuma razão legal para impedir que o primeiro-ministro Netanyahu forme um governo”, disseram os juízes. 

Desafios futuros

Os próximos desafios do governo israelense serão administrar a saída do confinamento devido à pandemia do Covid-19 e a reativar a economia. O novo coronavírus contaminou cerca de 16.000 pessoas no país, com 239 mortes, e disparou o desemprego, que pulou de 3,4% para 27%.  

Netanyahu já anunciou a reabertura das escolas primárias, bem como a maioria dos comércios e empresas, que podem agora reunir até 50% de seus funcionários no mesmo local. Milhares de palestinos também retomaram seus trabalhos em Israel.  

O novo governo também irá lidar com os detalhes sobre o projeto de anexar partes da Cisjordânia, ocupada por Israel. O acordo entre Netanyahu e Gantz prevê anunciar, a partir de 1º de julho, um plano para lançar o projeto do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o Oriente Médio.  

Este plano prevê a anexação do vale do Jordão, um território estratégico, e de colônias judaicas na Cisjordânia, ocupada desde 1967 por Israel.  

A população judaica nas colônias da Cisjordânia aumentou 50% na última década sob o governo Netanyahu, que está no poder desde 2009. Hoje, mais de 450.000 pessoas vivem nelas, espalhadas por 100 colônias, onde milhares de palestinos trabalham.  

Movimentos palestinos, como Fatah e Hamas, opõem-se ao plano de Trump, que quer fazer de Jerusalém a capital indivisível do Estado judeu. Ambos classificaram o novo governo de união como “governo de anexação”.

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