Foi no metrô de São Paulo que Benjamin Serber, professor de hebraico e judeu nascido em Israel, foi convencido de que Jesus é o Messias profetizado pelas Escrituras. Em entrevista ao Guiame, Serber contou seu testemunho e falou sobre as diferenças teológicas que afastam judeus e cristãos.
Até os 13 anos de idade, Serber havia sido criado dentro da comunidade judaica, mas fora do contexto religioso. Foi depois do Bar Mitzvah que ele se tornou maduro e apto para iniciar os estudos rabínicos.
Apesar de crescer em São Paulo, que concentra a maior população judaica do Brasil, a família de Serber teve um passado difícil. “Eu sou neto de um sobrevivente do Holocausto. Minha família foi diretamente afetada por isso”, ele revela.
O avô materno de Serber perdeu toda a família na Europa, durante o massacre de judeus na Segunda Guerra Mundial. Na chamada diáspora, ele chegou no Brasil ainda adolescente, onde conheceu sua esposa, que já estava na nação brasileira quando o Holocausto aconteceu. “Mas os avós dela, que ficaram na Polônia, perderam muita gente”, conta.
O trauma causado pelo Holocausto teve consequências difíceis na família. “Para a minha mãe foi muito difícil. Ela praticamente não foi criada pelo pai dela; ele não tinha estrutura emocional para isso”, lembra Serber.
Em 1976, os pais de Serber resolveram fazer a aliá — termo que designa a imigração judaica para Israel — quase 30 anos depois da independência do Estado judeu. Foi lá que Benjamin nasceu, mas aos 3 anos de idade, voltou com sua família para o Brasil, em 1984.
Busca pela verdade
Na adolescência, Benjamin estudou o judaísmo, as leis judaicas e o Talmude de maneira mais profunda. Diante de tantas complexidades e contradições, ele até chegou a deixar os estudos rabínicos, mas percebeu que “a vida sem buscar o Criador também não era o que precisava”.
Serber passou por momentos altos e baixos em sua fé. “Eu tinha dificuldade de entender algumas coisas, como a relação da lei e pecado. Se não há um templo, como poderia ter meus pecados redimidos?”, ele questionava.
Na busca pela sua fé, ele se envolveu na comunidade judaica a ponto de morar em uma sinagoga em São Paulo, atuando como ajudante do rabino. “Nessa busca incessante, eu queria realmente encontrar o caminho para seguir o Eterno”, ele lembra.
Assista:
Em março de 2001, Serber estava na estação de metrô Ana Rosa, quando foi abordado por um homem. “Esse senhor chegou para mim e disse: ‘Eu não te conheço, mas o Senhor manda te dizer que você O busca há muito tempo e que ainda falta algo para completar sua vida’”, relata.
“E aí começou a falar do amor de Deus e das promessas Dele na minha vida. Essas palavras foram muito profundas e foram abrindo meu coração, até que ele falou do amor de Yeshua (Jesus em hebraico)”, acrescenta.
Ele conta que muitos já tentaram falar de Jesus antes, mas era algo imposto e “forçado”. Já esse homem, falou de forma diferente. “Esse senhor falou para mim com amor, que é o que faltava para eu escutar. Foi assim que meu coração se abriu para Yeshua, e o Espírito Santo me convenceu 100%”, afirma.
A partir disso, Serber recebeu um novo entendimento da Palavra de Deus: “O que faltava para eu entender toda a base do judaísmo era Yeshua, Aquele que é o sacrifício de Pessach, Aquele que redime os pecados, Aquele que veio não para confundir, mas para limpar toda a confusão”.
Jesus nas Escrituras
Serber diz que já tinha a fé em Jesus, mas queria confirmar o que as Escrituras diziam a respeito do Messias. Foi aí que começou uma nova jornada de descobertas, apesar da resistência de sua própria família.
“Eu queria confirmações na lei e nos profetas, naquilo que eu já tinha na minha vida, para que depois eu confirmasse por completo, de Gênesis a Apocalipse”, lembra. “Eu ainda não conhecia outros judeus que criam em Yeshua, mas eu conheci algumas igrejas. Mas eu tinha dificuldade porque elas falavam muito do Novo Testamento, e não falavam tanto da Antiga Aliança”.
Foi aí que Serber começou a se aprofundar nas profecias de Isaías, “porque muitos rabinos não estudam os profetas, mas focam apenas na lei”, explica. “Na lei eu comprovei que Jesus é o Messias, o Ungido e o próprio Emmanuel”, disse, citando textos como Isaías 7:14, Isaías 9:6 e Isaías 53.
Judeus x cristãos
O que impede judeus de se aproximarem de cristãos é a visão errônea de que Jesus era romano, segundo Serber.
“A base toda de Yeshua era judaica. Mas depois de 300 anos, com o império de Constantino e o Concílio de Niceia, a visão do Messias judeu foi quebrada e levaram para Roma uma visão diferenciada. Depois veio a Inquisição, forçando judeus a se converterem ao cristianismo”, avalia.
“Infelizmente, tudo isso acabou manchando o verdadeiro nome de Yeshua para os judeus. Hoje eles pensam que Jesus era romano, saiu do judaísmo e fundou uma outra religião”, explica Serber.
Ele também avalia o impacto da Reforma Prostante na visão sobre os judeus: “Martinho Lutero trouxe de volta o entendimento da salvação, mas a relação dos gentios com os judeus ainda ficou para se organizar. Hoje se vê muitas igrejas voltando para essa visão de Israel, entendendo e procurando se reconciliar”, disse.
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