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Israel

‘Mídia internacional demoniza Israel e vitimiza o terrorismo’, diz editor judeu-brasileiro

Editor sênior da maior emissora evangélica dos EUA, Eli Simberg passou a cobrir os conflitos envolvendo o mundo islâmico e Israel.

Fonte: Guiame, Silas Anastácio e Adriana BernardoAtualizado: terça-feira, 23 de setembro de 2025 às 16:09
Bandeira de Israel em destaque no Muro das Lamentações. (Foto: Pexels)
Bandeira de Israel em destaque no Muro das Lamentações. (Foto: Pexels)

Eli Simberg é judeu messiânico e editor sênior da maior emissora evangélica dos EUA, função que o levou a cobrir os conflitos envolvendo o mundo islâmico, especialmente os ataques de grupos terroristas como Hamas, Hezbollah, Houthis e Jihad Islâmica contra o Estado de Israel.

Além de seu trabalho editorial, Simberg também se destaca como criador de conteúdo para o canal TBN Israel no YouTube, que já ultrapassou a impressionante marca de 360 milhões de visualizações, consolidando-se como uma referência global em conteúdo judaico.

Em entrevista exclusiva ao Guiame, ele compartilha detalhes marcantes sobre sua trajetória pessoal, atuação profissional e sua conexão especial com o Brasil.

 

Guiame: Conte um pouco sobre sua trajetória, formação e o que motivou sua atuação na área de comunicação voltada para Israel.

Eli Simberg: Sou casado, pai de dois filhos e moro em Israel há 20 anos. Migrei para Israel em 2005, através da Agência Judaica de São Paulo e do saudoso rabino Yehuda Buskila.

Em Israel eu trabalhei em alguns setores importantes da indústria israelense, incluindo o turismo. Durante a pandemia do COVID-19 eu migrei para a área de comunicação e desde então trabalhei em muitos projetos e documentários acompanhando grandes nomes da arqueologia e história em Israel e no mundo.

Atualmente sou editor sênior da TBNiL e, desde o dia 7 de outubro de 2023, mergulhei no mundo das notícias e passei a cobrir os conflitos envolvendo o mundo islâmico. Tenho acompanhado de perto a atuação de grupos terroristas como Hamas, Hezbollah, Houthis e Jihad Islâmica contra o Estado soberano de Israel – ações que são, em grande parte, patrocinadas por países como Catar e Irã.

Também acumulei uma grande bagagem de informações sobre o mundo islâmico no Oriente Médio e sobre as causas ideológicas que fazem da região uma “panela de pressão”.

A causa dos problemas no Oriente Médio é fácil de entender, mas o “politicamente correto midiático” não é suficientemente honesto para tratar do assunto e informar a verdade.

 

G.: Você considera os jornais brasileiros confiáveis na cobertura sobre Israel, especialmente após sua experiência com informações exclusivas sobre a guerra de 7 de Outubro?

Bom, eu considero o meu trabalho na TBNiL muito gratificante, porque não estamos sujeitos a viés políticos ou religiosos. Eu tenho autorização do exército de Israel para fazer o meu trabalho de edição e recebo informações diárias, credíveis das operações da IDF e dos órgãos humanitários que trabalham em Gaza, Síria, Líbano, Iêmen, Irã etc.

Eu e meus amigos do programa “Boots on The Ground” estamos focados na notícia como ela deve ser.

Meus amigos que apresentam o programa são jornalistas, mas também há soldados que entraram em Gaza, no Líbano e na Síria, afim de combater o terrorismo islâmico. Eles não são meros jornalistas manipulados ou desconhecedores das causas, que simplesmente repetem os textos escritos por editores da Reuters, da AP ou da Al-Jazeera.

Agora, quando se trata de Israel, geralmente as mídias brasileiras e internacionais noticiam primeiramente as consequências do problema e depois as causas. As notícias sobre Israel, na maioria dos casos, são tendenciosas que demonizam Israel, a verdadeira vítima, e vitimizam o terrorismo islâmico perpetrado a mais de 70 anos pelas diversas facções palestinas em Gaza, no Hebron, na Samaria e Judeia.

Note que não importa o que o Hamas faz, mas quem sempre estará nas manchetes será Israel. Então, para tentar decifrar as notícias tendenciosas publicadas nos principais jornais brasileiros e internacionais, é preciso ler a notícia de baixo para cima para entender primeiramente a causa do problema enfrentado por Israel e a consequência das medidas tomadas pelos órgãos de segurança israelenses contra seus agressores, que sempre aparecem no início das notícias como vítimas.

 

O editor sênior da TBNiL, Eli Simberg. (Foto: Instagram)

G.: Você tem amplo conhecimento sobre conflitos e sobre o mundo islâmico. Como você enxerga o fato de o Brasil, seu país de origem, demonstrar apoio aberto ao Hamas?

E.S.: Na realidade o povo brasileiro intelectualmente honesto e esclarecido não apoia o terrorismo islâmico do Hamas e das outras facções turco-árabe na região.

Agora, o grande problema no Brasil, a meu ver, é a facilidade de certos partidos políticos de se envolverem com governos problemáticos que estão trabalhando incansavelmente para destruir aqueles que eles consideram religiosamente ou ideologicamente como inimigos. Por exemplo, não seria errado o atual governo brasileiro ter uma boa relação com o Irã se a liderança iraniana não pregasse abertamente, e sem nenhum medo de ser contestada, a destruição do Estado soberano e democrático de Israel. A única democracia no Oriente Médio.

É contraditório o atual governo brasileiro defender as minorias e a democracia ao mesmo tempo que defende a ditadura islâmica iraniana que, se pudesse, aniquilaria agora mesmo o Estado de Israel enquanto oprime o próprio povo iraniano. Considere que os judeus são minoria diante dos muçulmanos!

Israel é um país minúsculo enquanto diversos países estão sendo transformados em nações islâmicas, a Turquia e o Irã são grandes exemplos de países não árabes que se tornaram islâmicos e inimigos de Israel por causa do islamismo.

A militância no Brasil que condena Israel é a mesma militância venezuelana que está sendo patrocinada, armada e islamizada pelo Irã. Infelizmente, o islamismo está se apoderando de muitas nações laicas, usando como estratégia a Democracia e a Liberdade de Culto.

Estes dois elementos se tornaram o atual “Cavalo de Troia” para o islamismo.

 

G.: A cultura brasileira tem suas peculiaridades. Em momentos decisivos, é comum vermos líderes — especialmente evangélicos — adotando uma postura neutra para preservar o status quo e evitar confrontos. No entanto, esse modelo parece estar contribuindo para um colapso social. Como o Sr. avalia a atuação dos líderes evangélicos e da igreja brasileira nesse contexto?

E.S.: Para ser sincero, muitos líderes evangélicos precisam entender mais de contexto bíblico do que de teologia. Até porque as teologias são apenas conceitos denominacionais que em muitos casos contradizem o contexto bíblico e até mesmo a história.

Tanto é que se o contexto bíblico fosse realmente conhecido e considerado, automaticamente não haveria tantas divergências e contradições doutrinárias. Isso é apenas uma questão de lógica!

Talvez este seja o motivo da “neutralidade" de muitos líderes, a falta de conhecimento contextual bíblico, a falta de coragem e compromisso para com a verdade ou a desonestidade intelectual.

Nenhum personagem bíblico era neutro diante de assuntos importantes, então está na hora de muitos na liderança evangélica se posicionarem conforme os personagens bíblicos, os quais servem de ponto de referência em seus sermões.

 

G.: Por que você decidiu se mudar para Israel? Quais foram os fatores que motivaram essa mudança e como ela impactou sua vida pessoal e profissional?

E.S.: A decisão de retornar a Israel foi familiar, meus avós maternos e paternos são judeus.

Meus avós paternos eram sobreviventes do Holocausto que obtiveram permissão para viver no Brasil.

Não foi uma causa financeira que nos motivou a voltar para Israel, sempre tivemos uma vida abençoada no Brasil. Talvez o motivo de nosso retorno tenha sido o CHAMADO e prontamente dissemos HINENI, eis me aqui!

Quando ouvimos e atendemos o CHAMADO do Criador, não importa para onde você vai, porque as bênçãos e a proteção do TODO PODEROSO (Bendito Seja) te acompanhará.

Os leões não destruíram Daniel, o fogo não devorou Sadraque, Mesaque e Abed-Nego e um exército poderoso fugiu de alguns leprosos.

Profissionalmente estou feliz e fazendo o que mais gosto, ao mostrar a verdade diariamente aos milhares de seguidores e espectadores da TBNiL no mundo.

 

G.: Como foi sua experiência vivendo no Brasil? Você enfrentou episódios de antissemitismo ou algum tipo de discriminação religiosa?

E.S.: Bem, nas mídias sociais nós judeus geralmente somos atacados por qualquer simpatizante das causas terroristas islâmicas, mas também fui chamado de anticristo por cristãos que tem dificuldades para entender que um judeu pode crer que Jesus (Yeshua) seja o Messias, sem que o judeu seja necessariamente cristão.

Jesus é judeu, israelita e da descendência da tribo de Judá e ele não era cristão, até porque o cristianismo foi criado e constituído oficialmente após o Concilio Romano de Nicéia no ano 325 DC.

Não falo isso para desmerecer os cristãos, até porque milhões de cristãos no mundo são amigos de Israel e dos judeus. Inclusive muitos deles nos ajudaram durante o período sombrio do Holocausto.

Aqui em Jerusalém temos um Museu que costumo indicar para todos os turistas, que é o Museu Friends of Zion. Não tem como não se emocionar ao visitá-lo e ver o cumprimento profético em 3D, e a grandiosa ajuda de muitos cristãos verdadeiros que entenderam o contexto bíblico e o chamado HINENI.

 

G.: Ainda há muitos evangélicos no Brasil e nos EUA que alegorizam os textos bíblicos. Eles defendem a ideia de que a Igreja substituiu Israel, mesmo diante das transformações históricas que estamos presenciando. Que conselho você daria a esses líderes e fiéis?

E.S.: Bem, como eu disse anteriormente, estudem mais o contexto bíblico e menos teologia.

Na teologia textos são tirados do contexto, são “espiritualizados" de acordo com os interesses e ideologias de quem os manipula.

Então, meu conselho é que os cristãos sejam como os judeus bereanos, aqueles que foram considerados pelo Apóstolo Paulo como excelentes, porque não acreditavam em tudo o que Paulo falava, antes confirmavam no contexto bíblico se a mensagem de Paulo tinha fundamento contextual.

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