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Israel

Poloneses gritam “morte aos judeus” enquanto queimam livro antissemita

As manifestações aconteceram durante um comício em comemoração à Independência Nacional do país.

Fonte: Guiame, com informações de Jerusalém PostAtualizado: quarta-feira, 17 de novembro de 2021 às 18:03
Comício e manifestação antissemita na Polônia. (Foto: Captura de tela/Twitter)
Comício e manifestação antissemita na Polônia. (Foto: Captura de tela/Twitter)

O ódio pelos judeus é uma realidade inegável em várias partes do mundo. De acordo com o The Jerusalem Post, na última quinta-feira (11), nacionalistas poloneses gritavam morte aos judeus” enquanto queimavam um livro que representa um pacto histórico de proteção dos direitos dos judeus poloneses.

A ação aconteceu durante um comício em Kalisz, uma cidade que fica no centro da Polônia. O dia 11 de novembro é conhecido como “Dia da Independência Nacional”, quando o país comemora sua soberania, desde 1918.

Vídeos e relatos de testemunhas oculares nas redes sociais mostram que Wojciech Olszański, um ativista de extrema direita, incendiou um livro de capa vermelha que deveria simbolizar o Estatuto de Kalisz. 

Sobre o Estatuto de Kalisz

O documento emitido em 1264 pelo príncipe Boleslaw, conhecido como “O Piedoso”, regulamentou o status legal dos judeus que viviam na Polônia e proporcionou alguma proteção através da penalização de ataques contra eles. 

O estatuto serviu como base legal para as relações entre não judeus e judeus na Polônia durante séculos depois. Olszański derramou um líquido inflamável no livro que havia sido espetado em um objeto de metal pontiagudo e o incendiou enquanto a multidão gritava: "Morte aos judeus". 

Alguns também gritavam: “Não para Polin, sim para a Polônia”. “Polin” é o nome em hebraico para a Polônia e o nome do principal museu judaico de Varsóvia.

 

Przyjechać do Kalisza, by na Głównym Rynku, wśród nienawistnych okrzyków spalić "Statut Kaliski" - świadectwo wielowiekowej tradycji tolerancji i otwartości, to jak napluć w twarz wszystkim kaliszanom. Gdzie były władze miasta? pic.twitter.com/uV4dsE7jX3

“Assustador e inédito”

“Este é um evento assustador e simbolicamente importante”, disse Rafal Pankowski, líder de um grupo que compara a manifestação à queima de livros na Alemanha nazista.

“Tendo monitorado o antissemitismo por mais de 25 anos, nunca vi nada parecido”, disse Pankowski à Agência Telegráfica Judaica. A polícia está estudando as imagens, informou a agência de notícias PAP.

“Essas fotos causam arrepios na espinha”, escreveu no Twitter Katharina Von Schnurbein, coordenadora da União Europeia para o combate ao antissemitismo.

Outros grandes eventos nacionalistas ocorreram nas principais cidades polonesas nos últimos dias. Um dos principais temas das marchas dizia respeito à atual crise nas relações entre a Bielo-Rússia e a Polônia. 

Recentemente, o ditador da Bielo-Rússia, Alexander Lukashenko, tem incentivado imigrantes a cruzar seu país para a Polônia e a União Europeia, supostamente para punir a Polônia e outros países por abrigar dissidentes bielorrussos.

O governo de direita da Polônia se recusa a permitir a entrada de imigrantes, entre eles os que buscam asilo afegão.

“O ódio que existe no mundo”

“O terrível incidente antissemita na Polônia lembra a cada judeu da força do ódio que existe no mundo”, disse o ministro israelense das Relações Exteriores, Yair Lapid.

Até agora a polícia polonesa prendeu três pessoas que estavam ligadas à manifestação: Wojciech Olszański e Marcin Osadowski, dois organizadores do comício em Kalisz e Piotr Rybak, um provocador de uma cidade diferente com um histórico de exibições antissemitas, relatou o diário Gazeta Wyborca.

O presidente polonês, Andrzej Duda, escreveu no Facebook: “Condeno veementemente todos os atos de antissemitismo. A barbárie de um grupo de hooligans [manifestantes violentos] em Kalisz está em contradição com os valores nos quais o Estado polonês se baseia”, finalizou. 

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