Após o assassinato de uma família pastoral, a Confederação Evangélica da Colômbia (CEDECOL) denunciou a perseguição que pastores e líderes religiosos sofrem no país.
A polícia da Colômbia ainda não informou o motivo do assassinato do pastor Marlon Lora, sua esposa, Yorley Rincon, e sua filha de 24 anos, Angela Lora Rincón, e seu filho de 21 anos, Santiago Lora Rincón.
O caso ocorreu no dia 29 de dezembro, enquanto a família estava do lado de fora de um restaurante na cidade de Aguachica, quando um atirador em uma moto disparou contra eles.
Apesar de ainda não detalhar o motivo do crime, as autoridades acreditam que uma possível causa é a extorsão porque, segundo um parente, a família assassinada vinha recebendo ameaças.
A outra causa é que uma mulher, companheira de um suposto traficante, pode ter sido o verdadeiro alvo do massacre. No entanto, essas são teorias que ainda estão sob investigação.
Enquanto isso, a CEDECOL afirmou a possível relação do ataque com a fé evangélica dos falecidos, destacando que “este trágico episódio se soma aos muitos casos de perseguição e ameaças enfrentados por líderes religiosos em muitas partes da Colômbia, especialmente em regiões como Cauca, Pasto, Sur de Bolívar e outras”.
“A falta de medidas de proteção por parte da Unidade Nacional de Proteção revela uma lacuna na segurança daqueles que dedicam suas vidas ao serviço espiritual e social de suas comunidades”, diz o documento que a entidade endereçou ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
Por isso, o CEDECOL faz um apelo ao governo nacional, às diversas instituições públicas do país e ao Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), solicitando que adotem ações imediatas e reavaliem as medidas de proteção aos líderes religiosos, que atuam como defensores da paz e dos valores éticos.
O pastor Giovanni Bermúdez, que supervisionava o trabalho de Marlon e sua esposa, relatou que o líder assassinado já havia se preocupado com ameaças feitas contra outro pastor.
"Marlon era como muitos de nós, pastores – ficamos calados sobre muitas coisas para que tudo corra bem, mesmo quando carregamos fardos pesados dentro de si", disse Bermúdez.
A Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização que apoia cristãos perseguidos, apelou ao governo colombiano que garanta a segurança de líderes cristãos no país, em meio a violência de grupos criminosos.
“Líderes religiosos permanecem em risco de violência e intimidação por causa de seu papel como pacificadores em suas comunidades", lembrou Anna Lee Stangl, diretora de defesa da CSW.
"À medida que o governo continua suas negociações pós-conflito com os grupos armados, incluindo o Exército de Libertação Nacional (ELN), que é conhecido por atacar líderes religiosos em áreas onde opera – como a região de Aguachica – instamos o governo a reconhecer as vítimas do setor religioso no âmbito dos acordos de paz individuais", acrescentou.
Relembre o caso
Em 29 de dezembro, a família almoçava em um restaurante no centro de Aguachica após um culto religioso, quando foram mortos a tiros.
O casal e a filha morreram no local, enquanto o outro filho foi levado em estado grave para um hospital, onde morreu mais tarde.
Os assassinos chegaram e saíram em uma motocicleta, que segundo as autoridades, foi posteriormente encontrada, obtendo impressões digitais que permitiram a identificação dos suspeitos.
Segundo o jornal El País, o governo da Colômbia anunciou uma recompensa de até 11.000 dólares para informações sobre o assassinato da família.
Marlon Lora e Yurlay Rincón lideram a igreja evangélica Prince of Peace Villaparaguay Church, parte da denominação Missionaries Biblical Churches (IBM), e supervisionavam outras 35 congregações na área.
A filha, Ángela Natalia, era jornalista, e o filho, Santiago, cinegrafista, que havia trabalhado recentemente na campanha política da atual prefeita, Greisy Roqueme.
Aumento das ameaças
Em outubro do ano passado, a Defensoria do Povo da Colômbia relatou o aumento de 31% nas violações dos direitos de liberdade religiosa no país, entre 2023 e 2024, incluindo "tratamento discriminatório contra igrejas e denominações religiosas, bem como ameaças de morte contra líderes e autoridades religiosas".
As ameaças de morte aumentaram 50%, segundo a Defensoria. De acordo com a CSW,o assassinato do pastor Marlon e sua família é resultado da onda de violência contra cristãos na Colômbia, nos últimos meses.
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