Após perder o marido em ataque terrorista, cristã reconstrói igreja de sua aldeia na Nigéria

Hanatu Solomon afirma que não pode desistir de sua aldeia e sua igreja, pois se fizesse isso, daria a vitória aos terroristas que atacaram sua família.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 4 de abril de 2018 às 14:50
A reconstrução de sua aldeia e da igreja não tem sido fácil, mas Hanatu Solomon tem perseverado. (Foto: Portas Abertas)
A reconstrução de sua aldeia e da igreja não tem sido fácil, mas Hanatu Solomon tem perseverado. (Foto: Portas Abertas)

Há quatro meses, Hanatu Solomon tornou-se uma jovem viúva, quando sua aldeia, Shaforon, no estado de Adamawa, no nordeste da Nigéria, foi atacada por militantes muçulmanos Fulani no ano passado, em 4 de dezembro.

Hanatu se lembra do dia em que as notícias do ataque iminente se espalharam pela sua pacata aldeia. Com base nos ataques anteriores nas aldeias vizinhas, ela e os outros aldeões sabiam que esses militantes destruiriam tudo e todos em seu caminho. Aldeias devastadas e a violência brutal se tornaram o cartão de visita dos extremistas.

Poucos dias antes da chegada dos militantes, o marido de Hanatu, Andu, disse à esposa que levasse seus cinco filhos para a vizinha Numan. Eles estariam a salvo lá, assegurou ele, cercado por outros que também haviam deixado suas casas.

Audu ficou na aldeia. Ele morreu, tentando defender a casa de sua família.

Quando os militantes atacaram, a Força Aérea da Nigéria lançou bombas em Shaforon e nas aldeias vizinhas de Lawaru, Dong, Nzoruwe, Pulum e Kodomon. Andu sofreu ferimentos de uma explosão e foi transportado para o hospital em Numan. Ele morreu três dias depois.

“Um homem bom foi morto desse jeito, sem ter feito nada feito a seus assassinos”, disse Hanatu sobre o marido e a injustiça que normalmente acompanha a violência Fulani.

Liderança pelo exemplo

Agora, Hanatu, é uma líder na Igreja Luterana de Cristo na Nigéria, está tomando medidas corajosas para reconstruir sua vida, sua aldeia e também sua congregação. Para a líder da igreja e viúva de 46 anos, a reconstrução significa retornar ao lar que uma vez foi dizimado.

"A liderança vem pelo exemplo", diz ela. "Voltei para que outras mulheres sejam incentivadas a fazer o mesmo. Não podemos abandonar nossos lares ancestrais, simplesmente porque fomos atacados - isso dará aos nossos inimigos a vitória sobre nós".

Hanatu é uma das muitas mulheres que perderam seus maridos em ataques Fulani. Ela é uma das poucas mulheres, e ainda menos homens, que retornaram à sua aldeia. Após o ataque de 4 de dezembro, todos os residentes que ficaram na vila fugiram para Numan e para a capital do estado de Yola. A aldeia de Shaforon está praticamente deserta.

“Quando a matança vai parar?” Hanatu se questionou. "Quando não são terroristas do Boko Haram, são os extremistas Fulani matando nosso povo, [que] é em sua maioria de cristãos", diz ela. “Muitas mulheres cristãs perderam seus maridos. Nossos filhos não podem ir para a escola novamente quando nossos maridos, os chefes de família, foram massacrados".

Limpeza étnica e religiosa na Nigéria

Agora viúva e com cinco filhos para criar, Hanatu diz que o governo parece não estar disposto a enfrentar os Fulani, apesar da brutalidade dos ataques.

"Quando eles atacam nossas aldeias, a maioria das mulheres cristãs é estuprada", explica ela. "Algumas dessas mulheres sentem que devem se esconder da desgraça; outras mulheres ficam grávidas dos agressores".

“Acredito que essas matanças horripilantes dos homens pelos extremistas são tentativas de eliminar gerações inteiras de cristãos. Se um homem não estiver vivo para engravidar uma mulher, sua linhagem não continuará", acrescentou.

Hanatu é o típico exemplo das muitas mulheres que perderam os maridos no ataque de 4 de dezembro a Shaforon, ou nos muitos outros ataques de militantes Fulani e insurgentes do Boko Haram na Nigéria. Nesta área, as viúvas regularmente enfrentam dor, tristeza e fome todos os dias. De fato, muitos foram forçados a abandonar seus lares, porque as casas e plantações - seus meios de subsistência - foram completamente destruídos.

Esses militantes Fulani são muçulmanos extremistas, que acreditam que tudo pertence primeiro ao deus deles, Alá. À medida que as mudanças climáticas e os fatores ambientais forçam esses militantes a migrarem para o sul, eles entram em conflito com os grandes grupos de cristãos que vivem no Cinturão do Meio da Nigéria.

 

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