China obriga professores a negar sua fé e promover o ateísmo em sala de aula

Professores do ensino fundamental de uma província chinesa estão sendo obrigados a assinar um documento, no qual negam sua fé e se comprometem a promover o ateísmo.

Fonte: Guiame, com informações da China AidAtualizado: quinta-feira, 10 de dezembro de 2020 às 12:08
Presidente chinês Xi Jinping visita sala de aula e é recebido por professora, em escola da China. (Foto: News.cn)
Presidente chinês Xi Jinping visita sala de aula e é recebido por professora, em escola da China. (Foto: News.cn)

Oficiais do Partido Comunista Chinês estão ordenando que os professores do ensino fundamental assinem um formulário exigindo que eles ensinem uma visão marxista sobre a religião, fortaleçam a educação do ateísmo e promovam ativamente o socialismo, de acordo com um grupo de vigilância sobre perseguição.

A organização sem fins lucrativos ‘China Aid’, com sede nos EUA e que monitora a perseguição religiosa na China, relatou que os oficiais do Partido Comunista Chinês distribuíram recentemente um formulário intitulado "Promessa do professor de não acreditar em nenhuma fé" para a Escola do distrito de Longwan em Wenzhou, na província chinesa de Zhejiang.

O formulário requer a assinatura de cada professor, incluindo diretivas em quatro "compromissos anunciados publicamente". Os professores são obrigados a: Estabelecer firmemente uma visão religiosa marxista; fortalecer a educação do ateísmo e não acreditar em qualquer religião ou participar de qualquer atividade religiosa.

Os professores também estão proibidos de ensinar sobre qualquer religião, divulgar informações religiosas ou se envolver em tais atividades. Mas eles são obrigados a promover ativamente o socialismo e a nova civilização.

As escolas na China são controladas e financiadas pelo governo e, portanto, comunistas em sua ideologia.

A organização ‘International Christian Concern’ também relatou que os professores foram obrigados a receber e assinar três cópias da “Promessa do Membro do Partido Comunista de Não Acreditar em Nenhuma Fé”. Uma cópia era para autocontenção e duas cópias para serem entregues após a reunião. A data de preenchimento de todos os formulários foi previamente preenchida em 30 de novembro.

Professores do ensino fundamental da província de Zhejiang foram obrigados a assinar um documeno (acima), declarando que negam sua fé e prometendo que irão promover o ateísmo. (Foto: China Aid)

Contexto

Conhecida como "Jerusalém da China", devido à sua grande população cristã, Zhejiang tem visto um aumento na perseguição religiosa nos últimos anos. As igrejas da província têm sido alvo de uma remoção de suas cruzes em grande escala, fechamento forçado de suas portas e detenção de seus pastores e líderes.

Em 2017, o PCCh reforçou as restrições às classes religiosas na província de Zhejiang, alertando contra as chamadas “ideias ocidentais" da religião. Os governos provinciais subsequentemente proibiram os menores de comparecer a quaisquer atividades religiosas ou locais de culto.

Em 2018, mais de 300 crianças cristãs em duas escolas da região tiveram de preencher um formulário, declarando que não seguiam qualquer religião.

As crianças que não cumprissem a ordem teriam o acesso negado a oportunidades na escola, como ser eleitas como representantes de classe em eventos especiais.

Em outra região, uma professora suspeita de compartilhar sua fé com crianças em idade escolar foi acusada de “operar um negócio ilegal” e condenada a dois anos de prisão.

O pastor Bob Fu, presidente da ‘China Aid’, enfatizou anteriormente que a China lançou uma “guerra” contra a fé das crianças.

“Pela primeira vez, desde a Revolução Cultural do presidente Mao na década de 1960, as crianças chinesas são forçadas pelo Partido Comunista Chinês a renunciar a sua fé em público”, disse Fu.

De acordo com as estimativas, existem 3,5 milhões de crianças e adolescentes cristãos na China, disse ele, mas eles estão “proibidos” de praticar sua fé.

Fu enfatizou que a contínua repressão da China à liberdade de pensamento, consciência e religião viola o Artigo 18 da Declaração de Direitos Humanos da ONU e outros convênios internacionais.

“A comunidade internacional deve enfrentar isso”, disse ele. “Esta é uma violação direta”.

No dia 7 de dezembro, a Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional designou a China como um "País de Preocupação Particular" sob a Lei de Liberdade Religiosa Internacional de 1998, por se envolver em ou tolerar "violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa".

“Os Estados Unidos continuarão a trabalhar incansavelmente para acabar com os abusos e perseguições por motivos religiosos em todo o mundo, e para ajudar a garantir que cada pessoa, em todos os lugares, em todos os momentos, tenha o direito de viver de acordo com sua consciência”, disse o Secretário de Estado Mike Pompeo em um comunicado na última segunda-feira.

A China também está classificada na Lista Mundial de Vigilância da Portas Abertas (EUA) como o 23º dos 50 países onde é mais difícil ser cristão.

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