China restringe leitura da Bíblia e hinos em funerais de familiares

A leitura não poderá ser feita por mais de 10 parentes do falecido e os hinos devem ser entoados em baixo volume.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 29 de janeiro de 2020 às 14:39
Cristãos participam de cerimônia na China. (Foto: Getty Images/Kevin Frayer)
Cristãos participam de cerimônia na China. (Foto: Getty Images/Kevin Frayer)

Os cristãos de toda a China estão proibidos de realizar funerais religiosos para seus entes queridos falecidos, pois o Partido Comunista continua a apertar o cerco com a regulamentação da religião e das atividades religiosas.

A Bitter Winter, uma revista que documenta os direitos humanos e os abusos da liberdade religiosa na China, informou que as autoridades de todo o país estão aplicando políticas que proíbem costumes e rituais religiosos a serem usados ​​durante funerais.

Em dezembro, o governo do condado de Pingyang, na cidade de Wenzhou, na província oriental de Zhejiang, adotou o Regulamento sobre Arranjo Funeral Centralizado.

Sob as novas regras, “líderes religiosos não pode participar de funerais” e “não mais do que dez membros da família do falecido podem ler passagens da Bíblia ou de outros livros sagrados ou cantar hinos em (ainda que em voz baixa)”.

As novas regras visam "livrar-se de maus costumes funerários e estabelecer uma maneira científica, civilizada e econômica de se fazer funerais".

Da mesma forma, um funcionário da vila da província central de Henan disse à Bitter Winter que o governo local convocou uma reunião para assistentes de trabalho religioso em abril, informando que todos os funerais religiosos são restritos.

Logo depois, as autoridades emitiram um documento, ordenando que líderes religiosos deveriam ser "proibidos oportunamente de fazer uso da religião para intervir nos casamentos e funerais dos cidadãos ou em outras atividades em suas vidas".

Em Wuhan, a polícia invadiu o funeral de um membro cristão de uma igreja regulamentada pelo governo e prendeu sua filha, que estava orando por sua mãe na época. A filha só foi libertada depois que o falecido foi enterrado sem nenhuma cerimônia cristã, dois dias depois.

Em abril passado, as autoridades interromperam um funeral cristão de 11 pessoas na província de Henan. Os agentes comunistas acusaram as pessoas presentes na cerimônia de "esconder" suas ações no campo e os ameaçaram com a prisão. A polícia registrou as informações pessoais de contato dos participantes e disse que eles poderiam ser investigados a qualquer momento.

"Quando meu pai morreu, as autoridades da vila ameaçaram nos prender, se não realizássemos um funeral secular. Não ousamos ir contra eles”, disse um morador da cidade de Gucheng, na cidade de Yuzhou, no condado de Henan, ao Bitter Winter.

“Meu pai era crente há várias décadas. Somos perseguidos mesmo após a morte”, acrescentou.

As ações repressivas em funerais religiosos fazem parte da campanha do governo para "sinicizar" (adequar à ideologia) a religião ou uni-la à cultura chinesa comunista.

Nos últimos anos, a China destruiu igrejas, queimou cruzes, restringiu a expressão religiosa on-line e tentou reescrever a Bíblia e os hinos para que a mensagem refletisse a ideologia do Partido Comunista.

Em uma coletiva de imprensa no início deste mês, David Curry, CEO do grupo de vigilância de perseguição Portas Abertas (EUA), alertou que a "maior ameaça", em sua opinião, aos direitos humanos em todo o mundo é a China, que subiu da 27ª para 23ª posição do ranking no relatório para 2020.

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