Coluna - José Guido - Diaconia, instância eclesiástica de efetivação da Ação Social

Coluna - José Guido - Diaconia, instância eclesiástica de efetivação da Ação Social

Fonte: Atualizado: terça-feira, 1 de abril de 2014 às 3:49

O verbo grego "diakonein" tem originalmente o significado de servir à mesa. Entendo a Diaconia como sendo o serviço que socorre as pessoas em suas necessidades concretas, visando seu bem estar físico e social. Que tem como combustível o amor ao próximo.

O conceito de Diaconia só faz sentido para as igrejas, evangélicos e pessoas em geral que entendem o ser humano em toda a sua plenitude. Que compreendem que Deus vê o ser humano de maneira integral. Que conseguem entender que nós, seres humanos, somos dotados de corpo, alma e espírito e devemos, portanto, ser entendidos em toda essa nossa inteireza.

Entretanto, constato com tristeza que existe, ainda hoje no meio evangélico, larga concepção de que as necessidades humanas residem apenas, e tão somente, no terreno espiritual. Tal compreensão evidencia um lamentável reducionismo no entendimento do ser humano. Muitas vezes, na abordagem de um necessitado, inflaciona-se os cuidados "espirituais" ao mesmo tempo em que negligencia-se solenemente os físicos e os emocionais. Essa compreensão não tem o menor respaldo bíblico. Em carta aos Tessalonicenses, o apóstolo Paulo deixou claro que tanto o espírito, quanto a alma e o corpo deveriam estar totalmente conservados quando da ocorrência da parousia: " ... e todo vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (I Ts. 5:23).

A ação diaconal pode ser notada em toda a Bíblia. Na ordem social do Antigo Testamento, ainda no Pentatêuco, há registros de ações originárias do próprio Deus no sentido de atender as necessidades de grupos de pessoas menos favorecidas. São exemplos dessas ações o Ano Jubileu, a Lei dos Respigos ou da Rebusca e o Ano Sabático. Aliás, não é rara a menção cuidadosa a viúvas, órfãos e estrangeiros. Jesus reforçou esse rico e indispensável ensinamento. Além do magnífico e valioso ensino expresso na Parábola do Bom Samaritano, colocou-se como o Diácono por excelência quando afirmou que "não veio para ser servido e sim para servir...". Foi também categórico e taxativo quando ensinou que todos aqueles que atendem aos necessitados, atendem diretamente a ele (Mt. 25:40).

Enquanto Ministério, foi instituída no início da igreja apostólica. Não por iniciativa dos apóstolos, mas em função de uma necessidade. As razões foram as reclamações dos gregos contra os hebreus, em virtude da negligência na distribuição de esmolas que vinham dos judeus helenistas convertidos. Os apóstolos acolheram a "demanda" e escolheram, dentre eles, sete homens de confiança, cheios do Espírito Santo e de sabedoria para a operacionalização daquele "tão importante negócio".

A atuação diaconal se ocupa de exercer o trabalho deliberado, planificado, militante e contínuo que vá ao encontro do ser humano em estado de necessidade seja ela qual for. Diaconia é portanto trabalho caritativo, social, de misericórdia. É a própria personificação de Deus. Foi o instrumento encontrado por Ele para manifestar-se aos pobres, despossuídos, carentes e miseráveis, tanto que sem fé é impossível agradar-Lhe, uma vez que sem as obras, a fé é morta em si mesma.

Nos artigos seguintes vamos demonstrar bíblica e teologicamente que a ação em favor do necessitado não está circunscrita ao âmbito de atuação apenas dos diáconos e diaconisas, mas estende-se a todos que se dispõem a servir a Deus com obediência, honestidade e sinceridade.

José Guido dos Santos é Diácono evangélico e profissional de Relações Públicas com pós-graduação em Marketing Institucional. Especialista em Planejamento e Organização de Eventos e atua como Mestre de Cerimônias. Interessado em questões do terceiro setor, já presidiu entidades sociais, é Consultor em Assistência Social e atualmente é Conselheiro da AACD. Também atua como secretário parlamentar da Câmara Federal.

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