Crianças cristãs são assassinadas por se recusar a servir guerrilha na Colômbia

Forças armadas ilegais recrutam as crianças, e as famílias cristãs costumam ser o principal alvo.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: terça-feira, 18 de fevereiro de 2025 às 12:41
Imagem Ilustrativa. (Foto: Portas Abertas)
Imagem Ilustrativa. (Foto: Portas Abertas)

Atualmente na Colômbia, famílias cristãs estão denunciando o recrutamento forçado de crianças, que ocorre por parte de grupos armados ilegais.

Esses extremistas recrutam e exploram sistematicamente os menores, usando-os como combatentes, informantes, colhedores de coca ou recrutadores de outras crianças. 

Segundo a missão Portas Abertas, somente em 2024, a Defensoria Pública registrou 282 casos de recrutamento forçado de crianças.  

“As comunidades indígenas são desproporcionalmente afetadas, compreendendo pelo menos 50% das vítimas”, informou a Defensoria Pública. 

Pedro, um pai cristão, relembrou o dia em que um grupo levou seu filho: “Eles já o haviam sentenciado. Não denunciamos porque eles avisaram a comunidade para não falar sobre isso com ninguém”. 

Em 24 de dezembro de 2024, um caso chocou a nação quando as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) assassinaram um menino de 15 anos em El Plateado, após ele se recusar a se juntar ao grupo. 

“O menino foi levado de sua casa para ser recrutado. Ele escapou, mas foi brutalmente morto com quatro tiros”, relatou Federico Mejía, comandante da Terceira Divisão do Exército Nacional. 

‘Eles vendem sonhos’

Conforme a Portas Abertas, as estratégias que os grupos armados usam para recrutar as crianças evoluíram. 

Devido a pobreza e a poucas oportunidades de educação ou emprego em determinadas regiões, eles atraem os menores com falsas promessas de melhores condições de vida.

O pastor Salomón*, que serve no Pacífico colombiano, uma região profundamente afetada pela crise, relatou: 

“Os grupos vendem sonhos. Eles prometem a emoção de dirigir barcos ou motocicletas e oferecem dinheiro. Quando os jovens querem sair, é tarde demais”. 

Juana*, uma cristã local que trabalha em uma escola cristã em uma zona de conflito, contou:

“Os meninos são forçados a treinar com madeiras como se fossem armas, e as meninas são ensinadas a cozinhar em grande quantidade. Aqueles que se recusam a participar são forçados a deixar suas comunidades”. 

Até mesmo crianças de 5 a 10 anos são doutrinadas em escolas onde os professores estão ligados a esses grupos armados. 

Os cristãos são um alvo

Embora o recrutamento forçado afete tanto cristãos quanto não cristãos, pastores e líderes evangélicos alertaram que crianças de famílias cristãs são mais vulneráveis. 

“Recrutar jovens das igrejas não só fornece mão de obra para esses grupos, mas também intimida a comunidade cristã”, afirmou o pastor. 

As congregações locais muitas vezes representam uma ameaça direta aos grupos ilegais, cujas atividades incluem tráfico de drogas, contrabando de armas e prostituição. 

Esses grupos costumam censurar as igrejas para garantir que seus ensinamentos não interfiram em suas operações. 

Igrejas que denunciam o recrutamento forçado ou oferecem programas para apoiar jovens em risco — como aqueles que combatem o vício ou a prostituição — frequentemente se tornam alvos de violência. 

Para as meninas, o perigo é ainda maior. Além do recrutamento forçado, elas correm riscos de sofrerem abusos sexuais. 

“Às vezes, eles se apaixonam pelas meninas nas igrejas, e por causa da crença de que elas são mais puras ou inocentes, eles querem ir atrás delas”, disse Salomón. 

Apesar desta realidade sombria, a Portas Abertas está trabalhando para trazer esperança às famílias cristãs sob ameaça. 

No país, a missão fornece ajuda humanitária, apoio emocional e espiritual e cuidado pastoral para ajudar as comunidades a enfrentar esses desafios e reconstruir suas vidas. 

Além disso, eles documentam casos de recrutamento forçado e advogam junto às autoridades para fortalecer as medidas de proteção e prevenção para crianças em zonas de conflito. 

*Nomes alterados por segurança

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