Cristão de 72 anos é solto após comprovação de acusação falsa: “Confiei no Senhor”

Younis Bhatti foi preso no Paquistão acusado falsamente de blasfêmia.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024 às 15:21
Younis Bhatti. (Foto: Reprodução/Morning Star News)
Younis Bhatti. (Foto: Reprodução/Morning Star News)

Por meio de uma ação rara, a polícia no Paquistão libertou o cristão de 72 anos que foi acusado de blasfêmia depois que a reclamante admitiu que o acusou falsamente.

No último sábado (10), Younis Bhatti, conhecido como Bhagat, foi preso e acusado de profanar o Alcorão depois que Sosan Fatima o acusou de forçar a entrada em sua casa enquanto ela estava lendo o Alcorão.

Na denúncia, ela alegou que Bhatti a agrediu e rasgou as escrituras islâmicas por se opor à conversão da família ao Islã.

O cristão forneceu moradia gratuita a Fatima em suas terras. No entanto, depois que o proprietário informou que gostaria de dividir o local para abrigar outra família cristã, Fatima não concordou.

Bhatti contou que depois que as autoridades ouviram seu depoimento, os policiais levaram Fatima e seu marido à delegacia na noite seguinte e os interrogaram na presença dele. A polícia também registrou declarações de outros cristãos da área.

“Depois de algum tempo, Fatima desabou e confessou que havia me acusado falsamente. Ela disse que seu marido e dois outros cristãos traçaram este plano há 10 dias para me impedir de dividir a propriedade”, disse o cristão ao Morning Star News.

Ele informou que a polícia retiraria seu nome do Primeiro Relatório de Informações (FIR), porém, não poderia libertá-lo imediatamente devido à ameaça à sua vida. 

Depois que a acusação de blasfêmia se espalhou nas mesquitas da região, mais de 500 muçulmanos protestaram, fazendo com que muitos cristãos fugissem de suas casas.

“Não posso agradecer o suficiente a Deus por me resgatar dessa acusação perigosa”, disse Bhatti. 

E continuou: “Aqueles que tentaram me implicar no caso falso foram autuados sob as mesmas acusações. É assim que Deus trabalha quando você coloca sua fé Nele plenamente”.

Desdobramento do caso

Bhatti afirmou que a sua fé em Cristo lhe deu coragem para enfrentar com ousadia a falsa acusação.

“A acusação de Fatima era completamente infundada. Embora seja verdade que eu tinha ido aos aposentos dela naquele dia para discutir a questão da divisão da propriedade, não entrei nas instalações”, disse ele. 

“O marido dela não estava em casa naquele momento e os vizinhos me aconselharam a não discutir com a mulher na ausência do marido”, acrescentou.

Então, ele foi encontrar um amigo em um local próximo a região: “Tomei conhecimento do assunto algumas horas mais tarde, quando alguém me informou por telefone que Fatima tinha tinha me acusado de profanar o Alcorão depois da minha partida”, contou Bhatti.

Na ligação, o cristão também foi informado de que todos os crentes que moravam na vizinhança fugiram de suas casas depois que muçulmanos se reuniram para protestar contra a falsa alegação.

“Sempre confiei no Senhor de todo o coração e sabia que Ele não me abandonaria. Esta fé me encorajou a voltar à minha aldeia em vez de fugir da situação. Quando cheguei lá, vi que cerca de 500 a 600 muçulmanos gritavam palavras de ordem contra mim”, relatou ele.

E continuou: “Eu me escondi em um lugar onde pudesse observar discretamente a situação e esperei a intervenção de Deus. Eu estava orando continuamente em meu coração todo esse tempo. Assim que vi a polícia chegar, deixei meu disfarce e corri em direção a eles. Eu disse a eles meu nome e disse que queria me render”.

Segundo ele, a polícia o escoltou para fora da área em meio à multidão enfurecida: “Eu disse a eles que era inocente e que havia testemunhas oculares que contariam que tal incidente não havia ocorrido”.

'Milagre'

Asher Sarfaraz, chefe do grupo que forneceu assistência jurídica a Bhatti, “Christians True Spirit” (CTS), informou que a libertação de Bhatti em dois dias foi “um milagre”.

“É muito raro alguém conseguir a liberdade desta acusação tão rapidamente. Elogiamos a polícia por investigar o assunto de forma justa e garantir justiça para o cristão inocente”, disse Asher. 

Ele contou que Bhatti se reuniu com sua família, mas ainda não é seguro para eles voltarem para casa.

De acordo com o Morning Star News, os suspeitos de blasfémia no Paquistão são geralmente mantidos sob custódia até que o julgamento e os recursos se esgotem. Além disso, a blasfémia contra Maomé, o profeta do Islã, é punível com a morte e a condenação normalmente ocorre com poucas evidências legais.

Com isso, as leis de blasfêmia são frequentemente utilizadas como vingança para acertar contas pessoais ou para resolver disputas sobre dinheiro, propriedade ou negócios. No país, uma única alegação é suficiente para provocar uma multidão que se revolta e lincha os acusados.

O Paquistão ficou em sétimo lugar na lista mundial de observação da missão Portas Abertas de 2024 dos lugares mais difíceis para ser cristão.

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