Cristãos são proibidos de realizar cultos em casa, na Índia

Com a ajuda do governo local, um partido extremista hindu tem conseguido fechar diversas igrejas domésticas no sul da Índia.

Fonte: Guiame, com informações da International Christian ConcernAtualizado: sexta-feira, 17 de novembro de 2017 às 15:18
Cada vez mais igrejas domésticas têm sido fechadas na Índia. (Foto: AsiaNews)
Cada vez mais igrejas domésticas têm sido fechadas na Índia. (Foto: AsiaNews)

As igrejas domésticas do estado de Tamil Nadu (sul da Índia) agora se encontram diante de uma ameaça nova e perigosa. Com a ajuda do governo local, um agressivo grupo nacionalista hindu radical chamado Munnani hindu fechou várias dessas congregações, usando ameaças, ataques físicos e ordens inconstitucionais expedidas pelas próprias autoridades estaduais. Esses esforços levaram ao fechamento de pelo menos cinco igrejas domésticas no distrito de Coimbatore, Tamil Nadu, somente no mês de outubro deste ano (2017).

Em 27 de setembro de 2017, três igrejas domésticas receberam ordens do gerente de receita local da divisão Sulur no distrito de Coimbatore. Essas ordens alegaram que os cristãos não podiam liderar cultos em suas casas (onde funcionavam igrejas domésticas), a menos que tivessem permissão prévia da autoridade de receita do distrito. De acordo com os cristãos locais, essas ordens foram emitidas sob a forte influência dos líderes do grupo hindu Munnani e apareceram como se os fanáticos hindus estivessem trabalhando com o oficial de renda local.

"Os cristãos ficaram decepcionados ao saberem que não podem mais frequentar os cultos de adoração", disse o Pastor Suresh Kumar, cuja igreja doméstica foi fechada, à International Christian Concern (ICC).

O pastor Kumar explicou ainda que ele e sua igreja ficaram surpresos com a ordem de fechamento da congregação, pois realizou regularmente cultos de adoração no local durante os últimos 13 anos.

"Os membros da minha igreja foram obrigados deixar de se reunir para os cultos", relatou o Pastor Kumar. "Para essas pessoas, ir à igreja e orar a Deus é a coisa mais importante para o enriquecimento espiritual de suas vidas. Como alguém pode interferir na vida devocional de outra pessoa dessa forma?".

Recordando a sequência de eventos, incluindo ataques em sua igreja por radicais hindus, que levaram ao fechamento de sua igreja, o Pastor Kumar disse: "Começou em um domingo, 7 de maio. Ficamos aterrorizados quando encontramos uma bomba de gasolina nas instalações da igreja. Agradecemos a Deus por percebermos que ela estava ali antes que pudesse explodir e causar um dano enorme, porque aquele era um dia de culto".

"Nós ainda não sabemos quem plantou a bomba", continuou o pastor Kumar. "Mas nós sabemos que, antes dela ter sido plantada em nossa igreja, houve um ataque brutal em uma Igreja das Assembléias de Deus, realizado por membros do partido hindu Munnani, no mesmo subúrbio de Arasur. Agora, descobrimos que a Igreja das Assembléias de Deus também recebeu do oficial de receita, uma ordem de fechamento".

Após a tentativa de bombardeio em sua igreja, o pastor Kumar e sua congregação tentaram seguir em frente. "Oramos pela segurança de nossos irmãos", disse o pastor Kumar. Infelizmente, após meses de oração, a perseguição que enfrenta a igreja se intensificou.

"De repente, no dia 3 de setembro, um oficial do departamento de receita veio e nos disse que o escritório de receita recebeu uma queixa feita pelo Sr. Murgeshan (um líder do Hindi Munnani) em relação à nossa igreja", disse o Pastor Kumar à ICC. "Ele disse que eu tinha que parar de realizar cultos e fechar a igreja".

"Apesar disso, continuamos a realizar os cultos, pois não recebemos nada por escrito do oficial em questão", continuou o pastor Kumar. "No dia 27 de setembro, o inspetor de receita chegou à igreja e me entregou a carta que dizia que eu não poderia mais liderar uma igreja, a menos que eu tivesse permissão da autoridade distrital".

"Para minha surpresa, mais de 50 policiais foram enviados para a igreja durante três domingos, após eu receber a carta", disse o pastor Kumar. "Os membros da minha igreja não podem me visitar na minha casa, pois a polícia não permitiu que mais ninguém entrasse. Quando perguntei ao inspetor por que as pessoas não podem ir à minha casa, ele ameaçou que eu seria preso se isso acontecesse".

"Eles tinham câmeras de vídeo com eles para captar imagens, se alguém viesse à minha casa", continuou o pastor Kumar. "Até mesmo alguns policiais me seguiram para se certificarem que eu não estava indo a outro lugar para me reunir com os irmãos e orar".

Com a ajuda da liderança cristã local, o Pastor Kumar solicitou e recebeu uma liminar da Suprema Corte que garantia o funcionamento da igreja, mas infelizmente, a liminar que recebeu é válida apenas por quatro semanas. Ainda assim, o pastor Kumar está animado com esta pequena vitória.

"Louvado seja Deus, porque eu posso retomar a adoração na minha igreja novamente", disse o pastor Kumar. "Mas, ainda estou preocupado, porque só posso realizar os cultos por mais duas semanas, já que a liminar expira em breve".

O Pastor Kumar gastou 15 mil Rúpias (aproximadamente US$ 240,00) para obter a liminar de quatro semanas. Para uma congregação tão pequena de 60 crentes, é impossível pagar repetidamente pela solicitação de novas ordens judiciais. A única esperança para o Pastor Kumar e sua igreja é que o Tribunal Superior invalide as ordens do oficial de receita com base no argumento que elas violam os direitos de liberdade religiosa, que lhes são dadas pelo artigo 25 da Constituição da Índia.

Como o pastor Kumar e sua igreja, outras igrejas domésticas do distrito de Coimbatore estão ameaçadas. Os pastores que falaram com a ICC estão preocupados quando será a sua vez enfrentar o partido hindu Munnani e as ordens do oficial de receita.

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