Cristãs lavam os pés de mulheres em prisão: ‘Elas sentaram à mesa’

Cristãs se uniram em uma prisão para lavar os pés de presidiárias, servirem a Ceia e pregar Jesus.

Fonte: GuiameAtualizado: quinta-feira, 24 de julho de 2025 às 19:06
O evangelismo no presídio. (Foto: Reprodução/Instagram/Shaila Manzoni)
O evangelismo no presídio. (Foto: Reprodução/Instagram/Shaila Manzoni)

Em um presídio feminino, cristãs levaram esperança a detentas por meio de Cristo. Além de ministrarem a Palavra de Deus, elas realizaram batismos, serviram a Santa Ceia e lavaram os pés das detentas, assim como Jesus fez com seus discípulos.

Em unidades prisionais femininas, a pastora Shaila Manzoni, da igreja IDE Brasília, tem promovido ações evangelísticas e testemunhado frutos do alcance do Evangelho no local.

Em um vídeo compartilhado no Instagram, Shaila e outras cristãs aparecem evangelizando em uma prisão feminina. Enquanto um homem louva a Deus, voluntárias se unem e oram pelas detentas atrás das grades.

Na ocasião, além da oração e pregação do Evangelho, as cristãs seguem o exemplo de Jesus descrito na passagem bíblica em João 3:1-17, onde Cristo lava os pés dos discípulos.

“Jesus nos convida a viver o Evangelho em gestos concretos. Com o gesto do lava-pés e ao deslocar-se para o lugar do servo, Jesus rompe a verticalidade e a relação senhor-escravo, os de cima e os de baixo, os de dentro e os de fora, inaugurando, assim, a nova ordem circular do Reino, onde ninguém é descartável. Mais do que um ato pontual, o lava-pés é um chamado”, declarou Shaila.

Em meio ao louvor, às presidiárias dançaram, cantaram e participaram da Ceia do Senhor.

A.M.E

Criada oficialmente em 4 de agosto de 2018, a ONG Ame Mulheres Esquecidas (A.M.E) oferece dignidade a mulheres em presídios e contribui com a reintegração delas à sociedade após o cumprimento da pena. 

Após um sonho, onde se via em um presídio feminino cuidando de mulheres esquecidas, Shaila fundou a instituição.

A primeira visita a um presídio aconteceu apenas em maio de 2020, quase dois anos após a fundação, mas foi o ponto de partida para o desenvolvimento de diversos projetos sociais.

Desde então, a A.M.E. passou a promover ações, visitas e campanhas de doação, além de atrair voluntários engajados com a causa. Em pouco tempo, a ONG deu início ao processo de legalização como associação sem fins lucrativos e lançou programas como o Recomeçar, voltado para a ressocialização das detentas.

“Entre idas aos presídios, ações, doações e muitos desafios, iniciamos o processo para nos tornarmos uma associação sem fins lucrativos”, informou o site da instituição. 

Em menos de 2 anos, eles se tornaram uma organização social: “Sabemos que não realizamos um trabalho considerado muito ‘bonito’ e também sabemos que esse não é o trabalho mais ‘aceito’, mas, certamente, é um dos mais necessários”.

E continuaram: “Estamos em lugares em que a maioria das pessoas não gostaria de estar, lidamos com pessoas que a sociedade insiste em ignorar, mas fazemos isso por elas, porque o Amor não pergunta quem merece, mas quem precisa. Elas precisam de nós! O que começou com uma ideia, hoje é uma realidade. O Amor está gerando muitos frutos, mas precisamos multiplicar”.

Nos últimos cinco anos, a ONG relatou que em um cenário nacional onde a taxa média de reincidência no sistema prisional feminino chega a 42%, é possível escrever uma nova história.

“Vivemos algo que não pode ser medido apenas por números, mas vamos tentar. Duzentos e duas mulheres foram batizadas, mais de 800 pés foram lavados e mais de 500 mulheres foram alcançadas pelas ações de capacitação da AME”, informou Shaila. 

Conforme a pastora, as mulheres participaram de cursos profissionalizantes e palestras, e algumas até chegaram à universidade.

“Garantir acesso à educação é garantir acesso a um futuro. Foram realizados 555 atendimentos jurídicos, porque o acesso à justiça é um direito, não um privilégio”, relatou ela.

Mais de 200 cartas foram enviadas por “madrinhas” — mulheres que acolhem detentas que não recebem visitas. E 2.160 kits contendo itens de higiene, produtos de limpeza e alimentação foram entregues a mulheres que foram abandonadas por suas famílias. 

“Elas sentaram à mesa não apenas para comer, mas para pertencer. Seus filhos também estão sendo cuidados, não estamos apenas confortando o presente, estamos mudando o futuro de uma geração”, informou Shaila. 

Por fim, a pastora refletiu: “E se a taxa de reincidência do mundo começasse aqui, agora, com a gente? Porque uma sociedade segura não é a que prende mais, é a que reintegra, reconstrói e decide não desistir das suas pessoas”. 

Segundo dados atualizados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), a taxa média de reincidência no Brasil, chega a 42%, mas entre 2020 e 2024, 850 mulheres conquistaram a sua liberdade após cumprirem pena na unidade prisional feminina de Luziânia, no estado de Goiás

“Dessas, apenas 3 retornaram ao sistema. 0,35% de reincidência, um número que não é apenas estatística é o reflexo de um caminho possível”, concluiu Shaila.

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