“De surdos, para surdos”: Missionários compartilham Jesus na África em língua de sinais

Uma organização cristã está treinando surdos na África com o objetivo de formar evangelistas locais que pregarão Jesus por meio da linguagem de sinais a outros surdos no continente.

Pensando na necessidade do Evangelho entre os surdos africanos, a DOOR International está treinando missionários surdos e traduzindo as Escrituras para línguas de sinais. 

Como uma organização liderada por surdos, a DOOR promove o acesso à Palavra de Deus de surdos, para surdos.

“A DOOR tem cerca de 230 funcionários no mundo todo, e 85% deles são surdos”, disse Rob Myers, que faz parte da organização, ao Mission Network News.

Em vez de impor métodos que funcionam melhor para os ouvintes, os líderes surdos da DOOR International ensinam estratégias eficazes para que outros cristãos surdos possam evangelizar.

“Nós, ouvintes, acreditávamos que bastava oferecer uma Bíblia escrita. Mas muitas pessoas surdas não conseguem compreender plenamente um texto escrito. Elas precisam receber a mensagem em sua língua, de forma contextualizada, transmitida por alguém surdo e capacitado”, explicou Rob.

“Eles precisam de alguém surdo, treinado para compartilhar o Evangelho de uma forma que se adapte perfeitamente à sua língua, cultura e contexto”, acrescentou.

^{Surdos aprendendo o Evangelho. (Foto: Reprodução/DOOR International)}

Ele destacou que já existem materiais produzidos por líderes surdos para auxiliar na evangelização local:  “Caso você encontre uma pessoa surda, pode mostrar as Escrituras traduzidas em língua de sinais. Isso faz toda a diferença”.

A repressão à língua de sinais deixou marcas profundas

Conforme a organização, um relatório divulgado recentemente destacou o Congresso de Milão de 1880 e seu impacto negativo na educação de surdos. 

As decisões tomadas em Milão impediram o acesso à língua de sinais, o que comprometeu o aprendizado de gerações inteiras.

“Meus amigos surdos falaram sobre as experiências que tiveram em escolas para surdos, onde suas mãos eram amarradas nas costas e espancadas para que as crianças não pudessem fazer sinais na aula”, contou Rob.

E continuou: “Felizmente, isso mudou significativamente, mas a comunidade surda ainda está colhendo as repercussões de mais de 100 anos de acontecimentos assim em sua comunidade”.

Assim como no passado a educação foi comprometida. Rob destaca que, hoje, muitas comunidades surdas ainda permanecem afastadas do Evangelho por não terem acesso a ele na língua que melhor compreendem.

“Acesso à linguagem de sinais significa acesso à informação. É preciso ter acesso à informação para ter acesso ao Evangelho e entender quem é Jesus”, afirmou Rob.

Ele finalizou com um convite: “Os líderes surdos da DOOR gostariam que mais pessoas se unissem a eles nesse trabalho incrível e eficaz que eles estão realizando em mais de 30 países”.