Fazendo discípulos

Fazendo discípulos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:35

Fazer proselitismo ou divulgar a própria crença é atitude tão antiga quanto as religiões. De acordo com a tradição, Sidarta Gautama, que teria vivido por volta do século 6 a.C., tinha 29 anos de idade quando abandonou sua vida de fausto em busca de uma experiência existencial. Após seis anos de meditação, alcançou o estágio de Buda (“o iluminado”) e começou a proferir sermões na região de Sarnath, no nordeste da Índia. Ali, reuniu um grupo de discípulos, a quem ensinou as disciplinas necessárias, segundo ele, para atingir o supremo estágio de libertação.

De acordo com o religioso erudito Richard Foltz, o budismo lançou o primeiro esforço missionário em larga escala na história do mundo das religiões, por volta do século 3 a.C. Depois de sua conversão, o imperador indiano Ashoka enviou missionários para pregar a mensagem de Buda e fazer seguidores no sul da Ásia e além, atingindo regiões muito distantes como a Grécia, Irã e China. A fé budista ganhou espaço no Brasil nos últimos cem anos, a partir da maciça imigração de japoneses e outros povos orientais. Antes restrito a grupos étnicos, o budismo tem um apelo exótico que atrai o interesse de muita gente. Todavia, segundo os últimos dados demográficos, os praticantes da crença não chegam a 300 mil no país.

Fazer convertidos é uma das práticas centrais no Islã, conhecida como dawah, ou “convite”. Para um muçulmano, não se deve fazer segredo da própria fé – o livro sagrado Corão admoesta o fiel de que é impossível crer no Islã e não convidar outros a seguir o mesmo caminho. Logo após a fundação do islamismo por Maomé, no início do século 7, seus seguidores começaram a expansão da nova fé. O notável avanço da crença muçulmana nos séculos seguintes, quando chegou a uma imensa região compreendida entre a Europa ocidental e o Oriente, foi obtida graças a fulminantes ações militares.

No Brasil, a fé islâmica chegou no período da escravidão, através de escravos oriundos de povos muçulmanos da África. Contudo, foi a partir da imigração de povos árabes, intensificada no século 20, que grandes comunidades muçulmanas se formaram, sobretudo na região metropolitana de São Paulo e no Paraná, onde libaneses, sírios e seus desencentes fixaram-se como comerciantes. Hoje, estima-se que cerca de 2 milhões de muçulmanos vivam no país.

  GLOBALIZAÇÃO DA FÉ O cristianismo, é claro, foi um movimento missionário desde o início. O próprio Jesus, em um discurso final a seus seguidores, ordenou-lhes a “ir e fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, conforme Mateus 28.19. No primeiro século, Paulo encarregou-se de espalhar a nova fé por boa parte das regiões costeiras do Mediterrâneo. Certa vez, o apóstolo disse: “Ai de mim se não pregar o Evangelho”. A partir dos anos 1800, foi a vez de missionários europeus e norte-americanos consolidarem a expansão do cristianismo por todo o mundo, tornando-a de fato um credo global, com presença marcante nos cinco continentes.

Embora não seja tradicionalmente considerado uma religião missionária, o hinduísmo tem quase 1 bilhão de seguidores, concentrados, em sua maioria, no subcontinente indiano. Recentemente, vertentes das crenças hindus, como os movimentos Hare Krishna e Osho, têm crescido no Ocidente por defender um conjunto de práticas que incluem a meditação, a alimentação natural e o politeísmo.

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