Mehran Shamloui, cristão iraniano convertido, fugiu de seu país no início do ano para escapar de uma sentença de mais de 10 anos de prisão por envolvimento com atividades religiosas.
Shamloui, de 37 anos, é um ex-muçulmano que se refugiou em Istambul, tentando seguir para a Europa sem documentos válidos.
As autoridades turcas detiveram Shamloui e o deportaram para Mashhad, no nordeste do Irã. Assim que desembarcou, ele foi imediatamente levado pelas forças de segurança iranianas, segundo a organização Middle East Concern, segundo o The Christian Post.
Igreja doméstica é "ameaça ao Estado"
Em 8 de março, Shamloui foi sentenciado por um Tribunal Revolucionário em Teerã a mais de dez anos de prisão e ao pagamento de uma multa superior a 250 milhões de tomans (aproximadamente R$ 15.750,00).
As acusações incluem “propaganda contra a lei islâmica” e “vínculo com grupo de oposição”. Além disso, ele recebeu uma pena adicional de onze anos de suspensão de direitos sociais, como acesso ao trabalho, à educação e à assistência médica.
A sentença está diretamente ligada à sua conversão ao cristianismo e à participação em reuniões de uma igreja doméstica cristã.
Em novembro de 2024, Shamloui foi detido ao lado de outros dois cristãos convertidos — Abbas Soori, de 48 anos, e Narges Nasri, de 37 — durante operações coordenadas de inteligência em residências cristãs em Teerã.
Segundo a organização de direitos humanos Artigo 18, as autoridades confiscaram Bíblias, cruzes e instrumentos musicais durante as incursões.
Interrogatórios
Os três cristãos convertidos foram detidos na Ala 209 da notória prisão de Evin, em Teerã, onde enfrentaram duros interrogatórios.
Em dezembro, obtiveram liberdade provisória mediante fiança superior a € 17.000 cada (a aproximadamente R$ 109.796,20), com julgamento agendado para fevereiro de 2025.
Narges Nasri, a única mulher entre os três detidos e grávida na época, recebeu a pena mais dura: 16 anos de prisão — sendo dez por atividades cristãs e cinco por envolvimento no movimento “Mulheres, Vida, Liberdade”.
Após sua libertação, ficará proibida de entrar ou sair de Teerã por dois anos, além de perder, por 15 anos, o direito ao trabalho e à educação.
Abbas Soori recebeu uma sentença de 15 anos de prisão, além de uma extensa suspensão de seus direitos à previdência social.
Tanto ele quanto Narges Nasri foram proibidos de integrar qualquer organização ou grupo, ampliando as restrições impostas após a condenação.
Fuga e Incerteza
Em 23 de abril, o Tribunal de Apelação de Teerã rejeitou o recurso apresentado pelos três cristãos. Contudo, segundo a Barnabas Aid, eles já haviam deixado o Irã antes dessa decisão.
O paradeiro de Mehran Shamloui permanece incerto quanto ao cumprimento da pena. A prisão de Evin, onde ele havia sido inicialmente detido, foi atingida por um bombardeio israelense em 23 de junho, o que levou à transferência dos presos para outras instalações.
Igreja cresce apesar da pressão
O Irã figura na 9ª posição da Lista Mundial de Perseguição da Portas Abertas, que identifica os países onde os cristãos enfrentam os níveis mais altos de hostilidade.
Apesar disso, o número de iranianos que se convertem ao cristianismo continua a crescer.
Para muitos, as igrejas domésticas representam o único espaço seguro para viver sua fé — realidade vista pelo governo como uma ameaça à ideologia do Estado Islâmico.
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