Jesus, o vencedor das crises - Rev. Isaar Soares de Carvalho (JEAME)

Jesus, o vencedor das crises - Rev. Isaar Soares de Carvalho (JEAME)

Fonte: Atualizado: terça-feira, 1 de abril de 2014 às 03:49

A palavra crise é derivada do Sânscrito "kri", que significa limpar, purificar. Daí vêm os termos crisol e acrisolar, que dão a idéia de purificação. O termo grego "krisis" e o latino "crisis" significam julgar, separar, discernir, definir. Os chineses representam o termo crise com dois ideogramas, um significa risco ou perigo, o outro oportunidade.

Em nossa época, não podemos negar a existência de diversas formas de crise. Crise ou depressão econômica, pobreza, fome, miséria, medo, stress, culpa, descrença, ansiedade, crises existenciais, conjugais, crises de saúde, dores, traumas, desequilíbrio ecológico ou ambiental... Tudo isso faz parte da história do homem e da natureza.

Mas isso não era estranho ao povo de Deus, aos seus profetas e principalmente ao Salvador, que passou por crises desde sua própria gestação e nascimento. Comecemos por Maria. Há mais de 2000 anos, ela viajou da Galiléia à Judéia, isto é, do norte ao sul de Israel, carregando no ventre o Salvador. Foi uma gestante que superou os perigos da arriscada viagem e, depois de nascido o bebê, "enfaixou-o e o deitou numa manjedoura porque não havia lugar para eles na hospedaria" (Lc 2:7). Nessas condições tão críticas, porém, ela não se enfraqueceu na fé, antes, engrandeceu e exaltou ao Senhor.

Eis agora o Salvador: foi um homem de luta desde o seu nascimento, tendo sido rejeitado e perseguido quando ainda era um bebê. Diante da fúria assassina de Herodes, seus pais fugiram para o Egito. Esse bebê, porém, cresceu, tornou-se um menino, fortaleceu-se e encheu-se de sabedoria, e a graça de Deus estava sobre ele (Lc 2:40). E em seu desenvolvimento estavam presentes as experiências de sofrimento de seus pais.  José fugiu com a mulher e o bebezinho Salvador às costas, pois sabia do chamado do Encarnado e contribuiu para o seu cumprimento. José foi carpinteiro no Egito, viveu como estrangeiro. Não era essa uma situação de crise? Mas ele a superou, pois nele se cumpria a palavra que dizia: "Do Egito chamei o meu Filho" (Mt 2:15).

Depois, ao iniciar seu ministério, Jesus tomou sobre si nossos pecados, sendo batizado no Jordão. O próprio João Batista recusava-se a batizá-lo, mas Jesus assumiu um compromisso de entrega por nós, confirmando no batismo seu sofrimento indevido. Não era esta uma situação de crise, assumir os pecados dos outros e por eles se entregar? E após o batismo, "logo o Espírito o impeliu para o deserto, onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam" (Mc 1:12-13). Não era uma situação de crise? Sim, mas era também uma situação de alento de Deus e de grande conquista. Ali se cumpria o Salmo 91: "Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra". E a pedra que Satanás tentou colocar ali foi a da desistência de Jesus e de nossa conseqüente perdição. Mas Jesus venceu essa crise, e tempos depois disse: "Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações". (Lc 22: 28-29).

Depois, no Getsêmani, mostrando sua humanidade, pediu ao Pai: "Se possível, passe de mim este cálice. Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres". (Mt 26: 39). E ele se entregou pacificamente, o grão de trigo morreu e nos deu a vida eterna. "Foi obediente até à morte, e morte de cruz", o que na época significava a maior ignomínia, mas Deus o exaltou sobremaneira, e lhe deu o Nome que está acima de todo "nome". (Fp 2: 9). Foi nessa certeza que os primeiros cristãos enfrentaram as crises das perseguições, honrando o Nome que estava acima das autoridades de sua época, enfrentando a espada e as feras, mas sabendo que a sua vida estava "oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Cl 3:3), e não nas mãos de um déspota como Nero ou outro qualquer.

Seguindo esses exemplos de superação, em nosso contexto social e existencial, "corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz." (Hb 12:2). Devemos olhar "atentamente aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo", para que não nos fatiguemos, desmaiando em nossas almas (v.3).

As crises fazem parte da existência humana, mas "o verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1: 14), e "naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hb 2:18). Paulo aprendeu a viver contente na fartura, na fome, na abundância e na escassez, por isso disse convictamente: "tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4:13). E era Cristo quem o fortalecia. Portanto, não nos orientemos jamais por nossos temores, mas sim pela fé no maior vencedor de crises da História, nosso Senhor e Salvador, que venceu a própria morte.

Escrito por: Rev. Isaar Soares de Carvalho - graduado em Teologia e Filosofia, Mestre e Doutorando em Filosofia pela UNICAMP. Igreja Presbiteriana Independente de Vila Dom Pedro, São Paulo - Capital

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