Um jornalista cristão na Nigéria foi preso, no início deste mês, por reportar ataques de militantes Fulani contra cristãos no país. Luka Binniyat, repórter do Epoch Times, foi falsamente acusado de cyberstalking, uma acusação frequentemente usada pelo governo negeriano para silenciar a imprensa.
Pai e católico, o jornalista foi denunciado ao Tribunal de Magistrados de Barnawa, no estado de Kaduna, na última terça-feira (9). No dia 4 de novembro, Luka informou ao editor do Epoch Times, Doug Burton, que havia sido preso e pediu que ele "constatasse todas as pessoas relevantes”.
O editor afirmou que a causa da prisão do jornalista foi uma de suas matérias, intitulada “Na Nigéria, a polícia considera os massacres ‘perversos’, mas não faz nenhuma prisão”, publicada em 29 de outubro. A reportagem faz parte da cobertura do jornal sobre os ataques de extremistas fulanis a comunidades rurais cristãs no país africano.
Na matéria, o jornalista Luka criticou a caracterização, feita pelo comissário de Segurança Interna e Assuntos Internos de Kaduna, Samuel Aruwan, de um ataque a fazendeiros cristãos como apenas um “confronto rural”.
O governo nigeriano tem refutado as denúncias de organizações de direitos humanos de que um genocídio religioso tem acontecido nos estados do Cinturão Médio da Nigéria, onde pastores fulanis tem invadido e atacado comunidades cristãs. Segundo as autoridades, a perseguição violenta é parte do conflito de décadas entre agricultores e pastores.
Tentativa de calar o jornalista
“O que ele [Binniyat] fez foi mostrar que o comissário estava projetando uma narrativa falsa”, explicou Burton. “Por esse motivo, acho que as autoridades, embora soubessem que teriam resistência por processar um jornalista dissidente, decidiram que deveriam fazê-lo porque querem calar a voz dele”.
O editor explicou que como o cyberstalking é um crime federal, o caso de Luka será transferido para um tribunal federal. Porém, o jornalista não poderá obter fiança enquanto isso, porque o magistrado estadual não tem autoridade para libertá-lo, uma vez que ele não possui autoridade legal sobre este crime.
Segundo fontes que Burton conversou, a ação foi proposital com o objetivo de manter o jornalista preso. “A promotoria sabia que a fiança não poderia ser concedida, e essa é a ideia”, avaliou o editor.
Doug Burton também relatou que Luka lhe enviou uma mensagem, na segunda-feira passada (8), dizendo que sentia que sua vida corria perigo. O repórter ainda contou que foi mantido em uma cela muito suja e apertada durante cinco dias e que não havia dormido muito.
Baseado em outros casos de pessoas que foram detidas por cyberstalking na Nigéria, Burton estima que o jornalista Luka pode permanecer na prisão por até cinco meses. O editor está preocupado com a saúde de seu repórter, porque doenças como hepatite e malária são comuns no ambiente insalubre das penitenciárias nigerianas.
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