“A maioria das igrejas na Argélia foram fechadas”, diz pastor preso por “culto ilegal”

Youssef Ourahmane contou que o governo islâmico está tentando impedir o crescimento da Igreja e conversões de muçulmanos no país.

Fonte: Guiame, com informações de ADF InternationalAtualizado: segunda-feira, 21 de outubro de 2024 às 13:03
Youssef Ourahmane. (Foto: ADF International).
Youssef Ourahmane. (Foto: ADF International).

Um pastor perseguido da Argélia denunciou que a maioria das igrejas no país foram fechadas pelo governo islâmico, nos últimos anos.

Youssef Ourahmane, líder da Igreja Protestante da Argélia (EPA), relatou como o cristianismo tem sido reprimido com prisão de líderes e fechamentos de igrejas, durante um evento em Washington, Estados Unidos, na semana passada.

O encontro foi organizado pela ADF International, que defende judicialmente a liberdade religiosa.

"Tivemos muita oposição. Em 2019, a maioria das igrejas evangélicas em nosso país havia sido fechada. Quando as igrejas foram fechadas, muitos cristãos sentiram que algo havia desaparecido em sua fé cristã porque o prédio fazia parte de sua identidade”, disse ele.

Youssef, que deixou o Islã e se converteu a Jesus na juventude, foi condenado a 2 anos de prisão e multado em 100.000 dinares argelinos (cerca de 4 mil reais), em julho de 2023. O líder foi acusado de liderar um “culto ilegal”, sem provas de ter cometido algum crime.

Em novembro daquele ano, sua sentença de prisão foi reduzida de 2 anos para 1 ano. Youssef entrou com vários recursos, entretanto, o Tribunal de Apelação de Tizi Ouzou, na Argélia, confirmou sua condenação por "culto ilegal", em maio deste ano.

Ourahmane, que tem enfrentado injustos processos criminais por suas atividades em sua igreja desde 2008, comentou como tem enfrentado a perseguição.

"Deus sabe o número de cabelos da minha cabeça, e nenhum cai sem a sua vontade. Temos que aceitar a vontade e a soberania de Deus. Tento, por sua graça, ser um bom testemunho para os outros”, declarou ele.

Impedidos de adorar juntos

Em discurso no evento, Kelsey Zorzi, Diretora de Advocacia para a Liberdade Religiosa Global da ADF International, afirmou: 

"A Argélia tem trabalhado sistematicamente para impedir que a comunidade evangélica possa simplesmente adorar junto. O caso do pastor Youssef é um dos cerca de 50 casos espúrios contra cristãos nos últimos anos. Sua defesa ao longo dos anos em nome de toda a igreja evangélica na Argélia, mesmo diante de uma possível prisão, é uma inspiração".

E acrescentou: "Estamos com os cristãos perseguidos em todo o mundo, e especialmente aqueles que estão sob uma ameaça tão terrível como a comunidade evangélica na Argélia. Os Estados Unidos e a comunidade internacional devem tomar uma posição forte contra o fechamento ilegal de igrejas e as prisões injustificadas de pastores".

O pastor Youssef Ourahmane lidera congregações na Argélia há mais de 30 anos e é um dos principais líderes da Igreja Protestante da Argélia

Desde 2019, o governo fechou 43 igrejas da denominação, deixando apenas um templo com as portas abertas hoje.

Nos últimos cinco anos, a polícia, sob ordens do Ministério do Interior, alegou que os prédios da denominação violavam códigos de "saúde e segurança". As autoridades colocaram de fechaduras nas portas das congregações e determinaram que o culto dentro dos prédios era ilegal.

Em um dos casos, a polícia espancou um pastor, em frente ao seu filho pequeno, por protestar pacificamente contra o fechamento de sua igreja.

Acusados de “abalar a fé dos muçulmanos”

Além do pastor Youssef, outros 50 cristãos já foram condenados no país, acusados falsamente de "abalar a fé" dos muçulmanos, culto ilegal ou desvio de doações de dízimo.

Conforme o líder, o governo está tentando frear o avanço do cristianismo na Argélia. "Na década de 1970, o governo concedeu licenças para igrejas que estavam em grande parte cheias de expatriados. Hoje, o governo está preocupado com o fato de nossas igrejas estarem quase inteiramente cheias de um grande número de convertidos argelinos", explicou.

A Argélia ocupa o 19º lugar da Lista Mundial de Perseguição da Missão Portas Abertas. Os cristãos no país sofrem discriminação e assédio da família, amigos e do governo.

A maioria da população argelina é muçulmana, e os cristãos representam apenas 1%. O islamismo é a religião oficial do Estado, mas a constituição da Argélia reconhece o direito de seguir outras crenças.

O governo limita a liberdade religiosa através de leis, incluindo a proibição de evangelizar e “blasfêmia”.

O Departamento de Estado dos EUA colocou a Argélia em sua "Lista de Observação Especial" desde 2021, devido a graves violações da liberdade religiosa, e a Comissão de Liberdade Religiosa dos EUA aconselhou que o país fosse mais uma vez incluído na Lista em 2024.

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