Mais de 2 mil igrejas foram fechadas em três meses, em Angola

As igrejas começaram a ser fechadas após a aprovação de uma lei que prevê a extinção de organizações religiosas consideradas "ilegais".

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 às 11:25
Milhares de igrejas foram fechadas em Angola, após o governo sancionar uma lei que faz exigências abusivas às denominações. (Foto: Africa Feeds)
Milhares de igrejas foram fechadas em Angola, após o governo sancionar uma lei que faz exigências abusivas às denominações. (Foto: Africa Feeds)

A aprovação de uma nova lei que regulamenta a liberdade religiosa na Angola está gerando grande preocupação, considerando que em cerca de três meses, mais de 2 mil igrejas já foram fechadas e outras mil consideradas irregulares poderão ser fechadas neste mês de novembro.

A complexa lei foi sancionada no mês agosto, para regularizar a atividade religiosa com a criação, modificação e extinção de instituições religiosas no país.

Conforme o jornal 'The East African' publicou em outubro, dados mais recentes do Ministério da Cultura mostram que há 84 igrejas ilegais em Angola e que outras 1106 ainda estão esperando por reconhecimento do governo.

Após a sanção da lei, o governo deu um ultimato de 30 dias para as igrejas "ilegais" se regularizarem ou serão fechadas. Além disso, outras 2006 igrejas já foram fechadas desde que a lei passou a valer.

O diretor para assuntos religiosos de Angola, Francisco de Castro Maria, disse à imprensa local que o número de igrejas consideradas ilegais deu um salto considerável.

"O número de igrejas ilegais no país chegou a 4 mil. Todas as igrejas ilegais têm até o próximo mês para mudar seus status", afirmou.

Entenda a lei

O decreto Executivo Conjunto 01/2018 revoga a lei das plataformas ecumênicas, que haviam sido criadas para agrupar e ajudar no processo de reconhecimento das igrejas que atuavam à margem da lei.

De acordo com o texto do decreto, as denominações cujas atividades tenham resultado de desmembramento, cisão e que exerçam atividade religiosa que "vão contra a lei e os bons costumes", têm 30 para "suprimir as inconformidades".

O decreto determina que as igrejas que possuam requisitos mínimos para o seu reconhecimento, mas ainda não foram reconhecidas, devem submeter-se às medidas do Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), órgão do Ministério da Cultura.

Mas esta conformidade parece não ser tão fácil. Um dos requisitos que dificultam a legalização das igrejas está na Lei nº 2 /04 de 21 de Maio, que diz que a denominação religiosa “deve deve ter um hall de membros com no mínimo 100 mil fiéis, recolhendo as assinaturas destes para serem reconhecidas no notário”.

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