Um médico argentino decidiu aceitar o chamado e atravessar o Oceano Atlântico para viver entre povos não alcançados pelo Evangelho na África. Desde então, ele tem usado sua profissão como instrumento para o campo missionário.
“O maior desafio para um médico missionário, sem dúvida, é ir e pregar o Evangelho a toda criatura. Se as pessoas não recebem Jesus em seu coração, elas marcham saudáveis em direção ao inferno”, disse o Dr. Abel Vallejos, 62 anos, em entrevista exclusiva ao Guiame.
Vallejos foi criado em um lar missionário. Seus pais atuavam entre os mapuches, um povo indígena no sul da Argentina, e ele sempre foi ensinado sobre a missão de levar o Evangelho aos perdidos.
“Logo na minha adolescência, minha mãe me deu o livro Paixão pela Almas, que marcou muito a minha visão do cristianismo. No livro, o autor Oswald Smith dizia: ‘Por que alguém deve ouvir o Evangelho cinquenta vezes e recusá-lo, quando há tantos que nunca ouviram uma única vez?’ Isso despertou em mim uma visão missionária para ir aos não alcançados”, afirma Vallejos.
Assista a entrevista completa:
Depois de se formar em medicina em seu país, Vallejos colocou sua profissão a serviço da obra missionária. Em 1989, aos 29 anos, ele partiu para Guiné Equatorial junto com sua esposa, Patricia.
Vallejos foi atraído a Guiné Equatorial pela facilidade do idioma, já que foi o único país colonizado por espanhóis na África. “Não falávamos outra língua na época”, ele lembra. “Fomos para lá por causa do idioma, mas descobrimos que só 1% da população falava espanhol. Então tivemos que aprender as línguas nativas.”
Mais tarde, Vallejos teve a oportunidade de atuar como médico das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Bissau, que foi colonizada por Portugal. Foi onde ele aprendeu a falar português e conseguiu cumprir o “ide”.
“Nessa época, a Guiné-Bissau era um país fechado para os missionários. O Senhor nos permitiu entrar lá como um Cavalo de Troia — entramos disfarçados de médicos da ONU. E depois de cumprir fielmente o meu contrato, eu consegui ficar no país como médico missionário”, afirma.
Dr. Abel Vallejos foi médico das Nações Unidas em Guiné-Bissau. (Foto: Abel Vallejos)
Missões entre os Fulani
Como médico, o Dr. Abel teve contato com diversos tipos de pessoas. Por causa da situação econômica e social precária, muitos doentes chegam a recorrer a feiticeiros locais em busca de cura, conta o médico.
“Muitas vezes, os doentes chegavam a mim depois de terem passado por tratamentos de feitiçaria. Às vezes, o tratamento era pior do que a doença”, lamentou.
Vallejos também atuou em aldeias habitadas pelos Fulani, um grupo étnico espalhado por diversas partes da África.
Grande parte dos fulanis são pastores de animais e a maioria segue o Islã como religião. Por causa do extremismo religioso, nos últimos anos, os fulanis têm sido responsáveis por ataques a muitas comunidades cristãs na África.
“Nas aldeias islâmicas, não é possível plantar uma igreja, distribuir folhetos, celebrar cultos ao ar livre, evangelizar por uma rádio ou fazer estudos bíblicos. Quando o Islã é maioria, não há liberdade de culto. O Islã não é democrático, é absoluto”, observa. “Na Argentina pescamos com rede, ali pescamos com anzol: um a um.”
Patricia e Abel Vallejos atuam juntos na África. (Foto: Abel Vallejos)
O fato de o Dr. Abel ser médico e sua esposa ser professora abria portas entre os líderes locais. “Colocamos postos de saúde e pequenas escolas primárias de alfabetização. E através disso, com professores cristãos sustentados por igrejas latinas — professores nativos, que não levantam suspeitas — buscamos incutir nas crianças e nos doentes os valores cristãos. Sempre é possível falar de Jesus, o Senhor abre as portas.”
Trabalho em Portugal, para sustento na África
O trabalho de médico na Guiné-Bissau é totalmente voluntário. Por isso, o Dr. Abel há cerca de sete anos, ele passa dois meses por ano nas Ilhas dos Açores, que pertencem a Portugal, para captar recursos.
Ele observa que, com pouco tempo de trabalho na Europa, ele consegue “ganhar o suficiente para viver o ano todo na África.”
“Na África, ninguém consegue me pagar um salário, então trabalho como missionário gratuitamente. Mas vou dois meses por ano a Portugal. Por seis ou sete anos trabalhei nas ilhas Açores, porque o salário era melhor. Agora no Continente [de Portugal] o salário está melhor, se calhar vou trabalhar lá no próximo ano”, conta.
Por que não há sustento por parte de igrejas? O Dr. Abel explica: “O movimento missionário argentino é jovem e temos muitas igrejas envolvidas. Cerca de 800 missionários argentinos estão atuando no estrangeiro, sendo sustentados por suas igrejas. Mas quando saímos, não havia ninguém, fomos um dos primeiros. Não havia igrejas que estivessem dispostas. Então tivemos que pensar como o apóstolo Paulo, na possibilidade do autossustento.”
Dr. Abel Vallejos ao lado do pastor Elias Caetano, da MME. (Foto: Abel Vallejos)
Por outro lado, apesar das dificuldades, o Dr. Abel é convicto de sua vocação e recompensa: “Quando você tem a certeza do chamado do Senhor, Ele providencia o pagamento do Reino dos céus: a alegria. A alegria é a moeda do Reino.”
E finaliza: “Às vezes, é mais fácil conseguir recursos materiais do que humanos. Pedimos a Deus por obreiros corajosos. É claro que viver na Europa não é a mesma coisa que viver na África, mas as dificuldades são supervalorizadas, e não se fala da alegria de viver no campo missionário. Então, por favor, ajudem-nos a encontrar obreiros para o trabalho missionário, para a glória do nosso Deus, para a salvação de muitos deles e para honra e coroa vossa.”
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