Godwin, um menino de Gana, na África, era inteligente, aluno nota 10 e estava feliz por poder estudar, graças a ajuda financeira de sua tia. Mas um dia tudo mudou quando foi traficado para a indústria pesqueira do país africano.
Uma mulher apareceu durante suas férias escolares, alegando ser sua parente e disse que o levaria para visitar seus pais e para comprar material escolar. E assim o menino foi enganado e foi vendido para um pescador do Lago Volta, o maior lago artificial do mundo, estendendo-se por centenas de quilômetros na floresta inundada.
O garoto foi forçado a se levantar de madrugada e trabalhar por longas horas em um calor escaldante, desembaraçando as redes de pesca que ficavam presas em árvores no fundo do lago. Ao mergulhar durante muitos minutos, o menino corria o risco de se afogar. Muitas crianças traficadas no Lago Volta acabam morrendo afogadas.
“Prender a respiração sem respirar por cinco minutos, três minutos, não é fácil. Não é fácil”, relatou Godwin.
Durante três anos, Godwin foi escravizado até que a polícia de Gana e a Missão de Justiça Internacional (IJM) — uma ONG cristã que combate o tráfico de mulheres e crianças no mundo — o resgatar.
Mas foi o próprio Godwin que se tornou o herói dessa história. Corajosamente, ele insistiu em voltar ao Lago para ajudar a polícia a identificar outras crianças, que também estavam escravizadas. Graças a atitude do garoto, a IJM e as autoridades conseguiram resgatar 29 vítimas do tráfico, incluindo o meio-irmão de Godwin.
De acordo com David Westlake, diretor executivo da IJM, o tráfico de crianças não é apenas um problema de Gana. Atualmente, cerca de 10 milhões de crianças estão presas a escravidão moderna em todo o mundo.
“O tráfico assume muitas formas diferentes: desde crianças forçadas a trabalhar em indústrias como agricultura e pesca, como o Godwin, até crianças abusadas sexualmente online para obter ganhos financeiros de seus traficantes”, disse David em artigo para o Christian Today.
A responsabilidade da Igreja no combate ao tráfico infantil
Para o diretor da Missão de Justiça Internacional, as igrejas têm um papel fundamental na prevenção do tráfico de crianças. (Foto: IJM).
O diretor alerta ainda que a pandemia tornou a situação ainda pior já que as crianças não estão indo a escolas, principal local onde os casos de tráfico infantil são identificados pelos professores. Além disso, muitas famílias em vulnerabilidade social devido à crise da Covid-19, estão mais vulneráveis ao engano dos traficantes, que se aproveitam da situação.
“Godwin escolheu usar sua liberdade para levar liberdade aos outros e a Missão de Justiça Internacional está exortando os cristãos a se juntarem a ele e aos parceiros globais da igreja para fazer o mesmo. Ele nos pediu para compartilhar sua história na esperança de que outras crianças fossem livres”, relatou David.
Para David Westlake as igrejas têm um papel fundamental na prevenção do tráfico humano e no apoio aos sobreviventes. “Como cristãos, somos chamados a proteger os vulneráveis e seguir o coração de Deus pela justiça. E isso ainda é verdade mesmo durante a pandemia”, declarou.
O diretor da ONG cristã, relatou que a Missão de Justiça Internacional continua lutando contra o tráfico durante a pandemia, em parceria com líderes e igrejas.
“A equipe do IJM conseguiu viajar para a ilha no Lago Volta — o lago onde Godwin foi mantido — oferecendo treinamento para capacitar pastores a falar com suas congregações sobre o tráfico de crianças, permitindo-lhes ajudar a pôr fim ao problema em suas comunidades. E nas Filipinas, nossa equipe viu igrejas se unirem para ajudar sobreviventes do tráfico a reconstruir suas vidas, oferecendo abrigo e apoio educacional”, disse David.
Hoje, Godwin está com sua família em segurança e voltou a estudar para um dia se tornar médico.
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