O missionário tcheco Petr Jasek enfrentou torturas frequentes durante os 14 meses de prisão no Sudão, ao norte da África. No entanto, ele teve a oportunidade de levar seus companheiros de cela e guardas para Cristo.
Jasek estava em uma viagem missionária no Sudão quando foi acusado de espionagem e traição pelo governo em dezembro de 2015. Ele planejava estar no país por apenas quatro dias, mas acabou sendo preso por 445 dias até ser solto em fevereiro de 2017. Durante esse tempo, Jasek foi colocado em cinco prisões diferentes.
Nos dois primeiros meses de prisão, ele dividiu a cela com membros do Estado Islâmico (EI). “Eles descobriram que eu era cristão e começaram a me provocar. Eu me tornei tipo um escravo deles. Eu lavava suas roupas, os pratos e limpava o banheiro com minhas próprias mãos”, disse ele durante uma conferência da organização Voice of the Martyrs.
Os extremistas passaram a torturar o missionário dentro da cela. “Eles decidiram fazer ‘afogamento simulado’ comigo. É um tipo de tortura onde uma pessoa se deita de costas, tem a boca coberta e a água é derramada, dando a sensação de que você está se afogando”, relata.
Depois de ser torturado, Jasek foi consolado por Deus. “Eu estava de joelhos e o Senhor me lembrou que Ele também foi ridicularizado, cuspido e espancado. O Senhor me deu forças para passar por tudo isso com uma paz sobrenatural”, afirma.
Na cela com os extremistas, Jasek não tinha acesso à sua Bíblia. Como seu estado de saúde estava se agravando, ele mal conseguia lembrar as passagens bíblicas.
“Eu pedia ao Senhor para manter minha lucidez e para eu não perder a cabeça com a situação”, disse Jasek. “O Espírito Santo continuou me lembrando de alguns dos versículos que eu havia memorizado. Isso foi o suficiente para me dar força todos os dias para orar”.
Jasek foi poupado das torturas com a ajuda de um guarda que não temia os terroristas — pois a grande maioria dos oficiais tinham medo de receberem retaliações do EI. O missionário reconhece que ele foi usado por Deus para tirá-lo da cela.
“Mais tarde, eu disse ao guarda que ele salvou minha vida e nos tornamos amigos íntimos. Eu dei o meu e-mail e comecei a compartilhar o Evangelho com ele. Ele era muito impetuoso. Eu disse que se fosse para a Europa, ele poderia ficar na minha casa e nós cuidaremos dele”.
Evangelho na prisão
Jasek acabou sendo transferido para outro presídio onde as condições eram ainda piores. “Fomos espremidos em uma cela pequena que às vezes tinha 40 pessoas. Essa era a situação e eu consegui levar 40 refugiados eritreus a Cristo”, ele celebra. “Foi como uma nova revelação para mim. Comecei a ser corajoso e compartilhei o Evangelho abertamente com outros companheiros de prisão”.
Por causa disso, Jasek foi colocado em um confinamento solitário. Nesse período, ele recebeu uma Bíblia de funcionários consulares tchecos. “Eu não tinha mais nada para fazer além de ler a Bíblia. Eu só não lia o dia inteiro porque eu só conseguia ler quando havia luz, que era das 8 da manhã às 4:30 da tarde. Eu estava com muita fome da Palavra. Eu li de Gênesis a Apocalipse dentro de três semanas”.
Jasek acabou sendo transferido para uma prisão maior, que abrigava mais de 100 pessoas em uma única cela. Neste presídio, os guardas permitiram que ele e dois pastores sudaneses que estavam presos realizassem cultos na capela. “Eu pregava uma vez por semana, às vezes duas vezes por semana”, ele conta. “Claro, eles estavam nos monitorando e relatando o que estávamos ensinando”.
Muitos homens que dividiram a cela com Jasek tiveram a vida transformada. “Eles eram verdadeiros criminosos — assassinos, estupradores, ladrões, traficantes de drogas. Eles responderam ao nosso ensino. Foi maravilhoso ver a transformação daqueles que entregaram suas vidas a Cristo”, observa.
Lição de vida
Graças às negociações entre o governo sudanês e as autoridades da Tchecoslováquia, Jasek foi libertado em fevereiro de 2017 . “Quando pensamos em todas as dificuldades e vemos o que o Senhor fez através de nós, percebemos que os caminhos do Senhor são melhores do que os nossos”.
Jasek afirma que quem entrega sua vida a Cristo, deve estar preparado para tudo. “Sabemos pelas palavras do apóstolo Paulo que todo aquele que quiser viver uma vida piedosa em Cristo Jesus será perseguido”, disse o missionário. “Eu fui ameaçado de ser condenado e executado. Mais tarde, prisão perpétua. Então, eu disse ao Senhor: ‘Minha vida não me pertence mais. Pertence ao Senhor’”.
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