O Departamento de Estado dos EUA está pedindo que a Nigéria inicie uma investigação após um relatório da agência Reuters, que denunciou uma campanha secreta de abortos forçados por militares nigerianos, em sua luta contra grupos terroristas radicais.
Em uma reportagem investigativa publicada em 7 de dezembro, a Reuters informou que desde 2013, os militares nigerianos conduzem um programa de aborto secreto no nordeste do país, interrompendo pelo menos 10.000 gestações de mulheres e meninas.
Muitas foram sequestradas e estupradas por militantes islâmicos. As mulheres que reagiam com resistência eram espancadas, mantidas sob a mira de armas ou drogadas para obedecer, disseram testemunhas.
A investigação da Reuters foi baseada em entrevistas com 33 mulheres e meninas que dizem ter feito abortos enquanto estavam sob custódia do Exército da Nigéria.
A maioria dos abortos foi realizada sem o consentimento da gestante, de acordo com os relatos das testemunhas. A idade gestacional das mulheres e meninas variava entre semanas a oito meses de gravidez. Algumas das grávidas tinham apenas 12 anos de idade, segundo entrevistas e registros.
O Departamento de Estado dos EUA disse que está "profundamente preocupado" com a denúncia e que pediu ao governo da Nigéria que estabeleça uma investigação independente sobre as acusações.
“Levamos as acusações ao governo da Nigéria e continuamos buscando informações”, escreveu um porta-voz do departamento ao Christian Post na quarta-feira passada (14). “Não sabíamos dessa alegação antes da matéria da Reuters. Ainda estamos revisando o relatório e tomaremos decisões sobre os próximos passos depois disso.”
Acusações negadas pela Nigéria
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também pediu às autoridades nigerianas que investiguem as acusações, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
Em 12 de dezembro, no entanto, o governo nigeriano negou as acusações. “O Governo Federal afirma categoricamente que não há nenhum 'programa de aborto secreto, sistemático e ilegal' sendo executado por nossos militares no nordeste ou em qualquer lugar do país”, disse o ministro da Informação, Lai Mohammed, na abertura de um evento em Abuja.
Imagem ilustrativa de mulheres e seus bebês em Mogadíscio, Somália. (Foto: Au Un Ist Photo/Tobin Jones)
Nina Shea, diretora do Centro de Liberdade Religiosa do Instituto Hudson, acredita que os EUA têm a responsabilidade de avaliar minuciosamente as forças armadas da Nigéria, já que fornecem equipamento militar ao país africano.
“A investigação deve abranger este relatório com a atrocidade contra crianças e as atrocidades relatadas pelas igrejas no norte do país, onde as forças de segurança são acusadas de ficar de braços cruzados enquanto jihadistas realizam massacres de homens, mulheres e crianças e tomam suas aldeias e fazendas”, disse Shea.
De acordo com a Sociedade Internacional para Liberdades Civis e Estado de Direito, que tem base no estado nigeriano de Anambra, pastores Fulani mataram pelo menos 4.000 cristãos e sequestraram mais de 2.300 outros nos primeiros 10 meses de 2022.
Outros grupos terroristas, incluindo o Estado Islâmico na Província da África Ocidental, Boko Haram e Ansaru, foram responsáveis por 450 mortes de cristãos. Outros grupos dissidentes foram responsáveis por 370 mortes de cristãos.
Ainda assim, o Departamento de Estado dos EUA deixou a Nigéria fora de sua “lista negra” da liberdade religiosa em 2022, atraindo críticas da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA.
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