Missionária na Vineyard em Recife conta sua experiência no Xingu

Missionária na Vineyard em Recife conta sua experiência no Xingu

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:57

Já passei por alguns lugares do Brasil, mas ainda não tinha ido à região Norte. Foi então que tive a oportunidade de realizar meu estágio do curso de Missão Integral, do Centro Evangélico de Missões (CEM) em Altamira no estado do Pará.

Ao chegar lá fiquei encantada com tanta beleza e diversidade na cultura. Encontrei pessoas de diversas regiões do Brasil e muitos dos naturais traziam em si os traços da cultura indígena. Mas algo que me chamou atenção foi a paixão do povo por sua terra, até ouvi de vários deles: “Quem toma banho no rio Xingu, sempre volta!” ou “Chegou no Pará, parou. Tomou açaí, ficou! De fato é apaixonante o lugar e o povo paraense”.

As viagens de barco, balsa, voadeira e catraia, são muito comuns na região. Viajar pelo rio Xingu é de fato encantador, um lugar onde a fauna e a flora se destacam com glamour. A Comida típica não poderia fugir às regras e com tanta riqueza natural o cardápio de peixes é bastante diversificado, as raízes e frutas se destacam na mesma intensidade, conheci o tucupi, o takaka, o açaí entre outras delicias que se destacam pelo sabor único e diferente.

Em meio a tantas coisas que vivi em meu estágio me surpreendi com o estilo de vida dos ribeirinhos, pois a criatividade deles se sobressai sem precisar dos artefatos urbanos. Eles mesmos constroem suas casas de palafitas, pequenas canoas de cascos de arvores, moedores de cana, lamparinas, suas casas de farinha e ainda cavam seus poços e fazem brinquedos para seus filhos. O que parecia escassez para mim, era o suficiente para eles viverem felizes. Não importava a falta de arroz, eles tinham a mandioca. Refrigerante pra quê? Diante da abundancia de açaí, cacau, caju, cupuaçu, manga… o modo de vida dos ribeirinhos é simples e cativante.

Não é fácil seguir seus passos e viver como eles, significa enfrentar alguns desafios, como a lama do rio com o perigo das arraias, a falta de iluminação que nos tornas presas fáceis para animais peçonhentos, as chuvas do inverno capazes de inundar suas casas, arrastar pequenas praias do lugar e naufragar alguns barcos, também a falta de água tratada, saneamento básico, atendimento médico quando necessário. Mas valeu a pena enfrentar tudo isso para estar alguns dias com eles.

Numa das visitas, o rio estava realmente seco e quase desisti de sair do barco quando vi que tinha que passar por toda aquela lama. O medo e a insegurança de pisar no desconhecido quase me paralisou, mas a alegria estampada nos olhos daqueles irmãos quando nos viram foi um bálsamo pra mim e percebi o quanto era importante nossa visita. Não tínhamos nada pra oferecer, a não ser o desejo de compartilharmos a fé, o amor e a amizade, mas era exatamente isso que eles esperavam de nós, nada mais.

Essas experiências me lembraram o apostolo Paulo quando narrou em II Cor 11:16-33 os desafios que enfrentou por amor ao evangelho. “[...] perigos de rios, perigos de salteadores, perigos entre os patrícios, perigos entre os gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no ma r[...]”. não me vi passando por tamanhos desafios, mas o simples fato de passar por essas experiências me deram uma pequena noção do que Paulo passou.

Agradeço a Deus ter conhecido irmãos comprometidos com o reino de Deus naquela região, homens e mulheres que vivem o amor e a compaixão do Pai com palavras e ações. Estar entre eles foi um privilegio realmente marcante. Tive a oportunidade de ver escolas que foram construídas por eles. Visitei algumas construções de Igrejas nas colônias e vi ribeirinhos testemunhando do poder transformador do Senhor em suas vidas.

Pessoas que mesmo vivendo sem políticas públicas adequadas não murmuram, mas levam uma vida de adoração a Deus. Não sei se esta é uma realidade de todas as colônias, mas pelos lugares que passei, vi a ausência do caos urbano e da ingratidão.

Visitei ainda mais três colônias e de todas tirei alguns ensinamentos que vou levar sempre comigo. Aprendi que amar a simplicidade é viver o belo, que me contentar em toda situação requer mudança de valores e que os perigos são parte da vida e não podem me paralisar, pois para anunciar as boas novas de salvação alguns sacrifícios são necessários. Por isso posso dizer como o apostolo Paulo em Filipenses 4:13 “Tudo posso naquele que me fortalece”.

Janaina Lima é pastora missionária na Igreja Vineyard em Recife e Ex-aluna do Paralelo 10 no CEM  

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