Desde as décadas de 1930 e 40, quando missionários estrangeiros passaram a adentrar na Amazônia para resgatar idiomas indígenas, a mensagem de Jesus Cristo tem sido enraizada nas tribos da floresta, segundo um levantamento publicado pelo jornal O Globo.
Das 340 etnias indígenas presentes na região, 182 (53,5%) têm presença de missionários evangélicos. Em 132 delas, os próprios índios participam da pregação, segundo um relatório de 2010 da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB).
Órgãos oficiais, como a Fundação Nacional do Índio (Funai), não têm estimativas sobre a quantidade de missionários atuantes nas tribos.
Junio Esllei Martins de Oliveira, coordenador geral da ONG Instituto Kabu, que representa 12 aldeias caiapós no Pará, estima que, entre os 1.700 caiapós que habitam as aldeias, 30% foram convertidos ao cristianismo.
Esllei foi destacado pela reportagem como um dos críticos à entrada de missionários nas tribos. “É uma ocupação desordenada”, classificou. “Às vezes as missões condenam aspectos de nossa cultura, como o canto, a dança e a figura do pajé”.
Em nota publicada após a veiculação da reportagem, a AMTB esclareceu que seu trabalho, formado por 78 agências missionárias ligadas a igrejas evangélicas, não é impositivo.
“Respeitamos, apreciamos e valorizamos as culturas, histórias e tradições dos grupos minoritários brasileiros, reconhecendo que nossa preciosa nação é resultado da influência desses e de outros povos, o que faz do Brasil um país único no teor de multiculturalidade e na esperança de uma convivência harmoniosamente exemplar”, destacou.
A associação ainda destaca a defesa da autodeterminação dos povos indígenas e reconhece “o direito de servir ao próximo e compartilhar livremente nossa fé e crença de forma voluntária, respeitosa e dialogal, submetendo-nos, como sempre foi, aos parâmetros jurídicos vigentes”.
Liberdade de crença
A porcentagem de indígenas que se declaram evangélicos saltou de 14% em 1991 para 25% em 2010, acima dos brasileiros em geral, segundo o IBGE. Em 2018, pesquisa Datafolha apontou uma proporção de 32%.
As missões levam às aldeias serviços de educação e saúde , além de ajudar a preservar a língua e a cultura desses povos, muitas vezes já prejudicadas pelo contato com as cidades.
“Eu sempre fui e continuo sendo índio, vivendo da mesma forma”, disse o pastor Jonas Reginaldo, que lidera há 34 anos a igreja da aldeia Limão Verde (a 2h30 de Campo Grande). “Apresentar o Evangelho é um risco para a sociedade indígena, mas ter uma antena parabólica, não?”, questiona o pastor Edimar.
“Na cultura indígena, o Evangelho vem para valorizar a pessoa, tirar coisas que entraram de fora como o álcool e as drogas e reforçar a cultura inicial, que é de uma família bem estabelecida”, esclareceu o pastor Juliano Modolo.
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