O que aprendi com René Padilla

O que aprendi com René Padilla

Fonte: Atualizado: terça-feira, 1 de abril de 2014 às 3:49

Óculos fundos tornam seu olhar menor. O sorriso econômico e quase permanente transmite uma sensação de harmonia, de quem já viveu 77 anos. Voz cadenciada, palavras simples, mas firmes. No coração da mensagem, está a inquietante pergunta: "qual a missão?".

Outras se seguem: Para que a igreja existe? Qual o rumo para quem se vê vivo num mundo tão confuso? Quanto de mim devo doar a serviço de Deus e das necessidades humanas?

René Padilla, equatoriano-argentino, é quem faz as perguntas. E também que as responde, com autoridade de quem lê a Bíblia do início ao fim, com atenção e humildade devidas.

A igreja existe para continuar a missão de Jesus Cristo. Nosso rumo é o serviço. Devo doar na profundidade da compaixão entranhada, enfrentando a realidade do sofrimento, no poder do Espírito e da ressurreição de Cristo.

Outras perguntas surgem no caminho e exigem novas respostas, nem sempre as que gostaríamos de ouvir. "Qual o nosso limite no cumprimento da missão integral?", pergunto. "Que o Senhor nos dê os limites! Que nosso propósito seja fazer a vontade de Deus", ele responde.

O contexto do ministério de Jesus é o encontro com um povo abandonado e desamparado por seus líderes, realidade presente também nos dias de hoje, denuncia Padilla. "Pastores que se preocupam consigo mesmos e despreocupam-se com a gente. Líderes guiados pelo enriquecimento material e um povo sem projeto histórico. A igreja deve prover líderes com consciência social, movidos pela compaixão, que ajudem as pessoas a construírem seus próprios projetos de vida."

Padilla não tem dúvida: o reino de Deus é a chave para explicar a verdadeira missão, aquela que é integral, que opera a redenção divina não somente para a alma, mas também para todas as dimensões humanas. O reino de justiça, de paz ("shalom"), que toca todas as nações, que não terá fim, cujo rei é pessoal e soberano. O reino especialmente (mas não exclusivamente) aberto aos pobres.

O que nos resta então? Que tal ler e reler as palavras de Jesus? "Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes" (João 13.17).

Mas quanto tempo ainda temos? Não confunda relógio com oportunidade. Enquanto aquele limita a vida, esta nos convida a vivê-la plena e integralmente.

René termina sua fala. Permanece o sorriso tranquilo. Em nós, ao contrário, surge o incômodo da incompletude, da mediocridade cotidiana de quem apenas ouve, sempre, sempre.

Que Deus nos encha com o verdadeiro poder: o de servi-lo neste mundo, sem perder a esperança.

Postado por: Felipe Pinheiro

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