O líder cristão da maior igreja sancionada pelo governo na China, Pastor Gu Yuese - que levantou-se contra a repressão em curso sobre igrejas no país e foi preso por isso - escreveu recentemente uma carta, pedindo que a congregação "coopere com o partido comunista".
A 'China Aid' - uma organização cristã de Direitos Humanos, com sede em os EUA, disse, no entanto, que há fortes suspeitas de que o pastor poderia ter sido forçado pelas autoridades governamentais a escrever a carta.
Enquanto o Partido Comunista manteve o pastor preso e em fevereiro acusou o pastor pelo desvio perto de 1,6 milhões de dólares em fundos, grupos de vigilância de perseguição religiosa disseram que a prisão tem mais a ver o posicionamento de Gu contra a repressão do governo sobre as igrejas, incluindo a remoção forçada de cruzes dos telhados dos templos.
A carta enviada pelo pastor Gu à congregação de Chongyi, em Hangzhou, na forma de saudações do ano novo chinês, exorta os membros daquela igreja a apoiar o novo pastor sênior, nomeado pelo governo para substituí-lo, e também pede que os cristãos a orem, ao invés de coordenar o governo com protestos.
"Alguns disseram que eles acreditam que Gu foi forçado a escrever a carta", observou a China Aid.
A tradução da mensagem Gu, enviada aos seus ex-liderados diz:
"Irmãos e irmãs, por favor, apoiem o trabalho do Pastor Zhang Zhongcheng da mesma forma que me apoiaram. Eu creio que Deus pode abençoar o Pastor Zhang Zhong Cheng, na liderança da Igreja de Chongyi, que é a igreja do Senhor! Que Deus seja glorificado e que vocês prosperem!".
A carta acrescenta: "Eu estou indo bem por aqui, desfrutando da companhia de Deus e sendo inundado por suas bênçãos. Estou cansado, mas aqui tenho mais tempo para orar por vocês e pela orientação de Deus nos próximos anos".
O pastor preso também afirma que aparentemente, a investigação é para o seu "próprio benefício".
"Por favor, tenham fé em nosso governo e no departamento judicial. Eles vão fazer o seu trabalho de forma rigorosa, respeitando as leis e revelando a verdade com toda a imparcialidade, justiça e transparência pública", diz a carta.
"Eles vão corrigir eventuais erros, caso tenham ocorrido e nos proteger se nenhum deles foi cometido. Em vez de protestar e indagar, por favor orem!".
O aumento do número de cristãos na China, que agora superam os membros do Partido Comunista, levou o governo a tomar medidas mais drásticas como a remoção de cruzes dos templos e a repressão das igrejas, segundo informaou o fundador da 'China Aid', Bob Fu ao 'Christian Post'.
Fu também disse ao CP que o pastor pode ser indiciado. Ele ressaltou que Gu é o mais alto oficial da igreja sancionada pelo governo a ser preso desde a revolução cultural na década de 1960, tornando o caso altamente significativo.
"Isto vai abalar o espírito dos líderes de igrejas sancionadas pelo governo e das congregações em toda a China. Todos estes fatores irão ter um efeito cascata", alertou Fu.
Centenas de outros líderes de igrejas clandestinas, os fiéis e ativistas de direitos humanos foram presos pelo governo chinês ao longo de 2015, como parte da repressão.
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