Pastor da Igreja Ação Evangélica compartilha uma mensagem de esperança e fé

Pastor alerta sobre a importância do engajamento social

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:13

John Medcraft é pastor e presidente da Igreja Ação Evangélica, com atuação principalmente na Paraíba, em texto publicado no site da Ultimato ele compartilha alguns exemplos de fé e esperança.

Leia o artigo na íntegra:

 

Nós, evangélicos, somos muitas vezes rápidos no gatilho na hora de reclamar porque somos discriminados e escanteados nos sertões do nordeste, mas o que nós temos feito para mudar esta realidade? Vou contar umas experiências vividas nesses meus 40 anos em Patos, na Paraíba, como pastor cristão, protestante, evangélico ortodoxo! Eu uso esta definição da minha pessoa para tentar dizer que sou normal. Pelo menos acho que sou.
Vinte anos atrás, formamos um grupo composto por pessoas da sociedade patoense, chamado GIAASP (Grupo Independente de análise e ação social e política de Patos). Eu fui um dos sócios fundadores e todos os outros sócios eram católicos. Concordamos que seria uma entidade suprapartidária e suprareligiosa que lutasse pelo bem comum da população, dando sugestões às autoridades municipais ou estaduais nas áreas onde percebêssemos a necessidade de atenção. O nosso lema sempre foi “Críticas sem propostas não constroem”.
Ao longo de mais de duas décadas, o nosso grupo tem lutado em diversas áreas, tais como: limpeza pública, urbanização, trânsito, abastecimento de água, saneamento básico, saúde pública, segurança pública, educação e cultura, emprego e renda, ação social e ética na política. Tem sido uma longa caminhada, e ainda está sendo. Inicialmente, alguns irmãos olhavam para mim como um pastor suspeito. “Ele se reúne com os católicos!”. Ainda tem gente que pensa assim, mas bem menos, porque sabemos que pelo fruto se conhece a árvore e o fruto tem sido produzido para a glória de Deus e para o bem comum da população. Pois é importante que a igreja evangélica seja vista como uma igreja que se importa com o sofrimento e dificuldades do povo e que está disposta a tomar posição porque tem fome e sede de justiça. Isto é a missão integral da igreja.
Vou dar dois exemplos da atuação do nosso grupo nas áreas de limpeza pública e segurança de água, áreas nas quais houve um impacto significativo. Nada foi resolvido instantaneamente, mas com persistência e educação, estamos alcançando os nossos objetivos.


Dia da consciência limpa
Patos era uma cidade imunda. O lixo urbano era intolerável, era prejudicial à saúde, facilitava a proliferação do mosquito da dengue e fez o visual da cidade ficar parecido com o de um filme de terror. Assim, depois de anos de reuniões públicas com as autoridades e até uma marcha estudantil pelo centro da cidade no “Dia da Consciência Limpa” (criado por nós), partimos para uma tática nova. Com a aproximação das eleições municipais de 2004, sempre mantendo uma posição suprapartidária, conseguimos que os dois candidatos a prefeito declarassem, no seu plano de governo, guerra contra o lixo e a construção eventual de um aterro sanitário. O plano deu certo e nos primeiros dias de 2005, Patos se transformou numa cidade tão limpa que era difícil de acreditar.
O aterro sanitário tem demorado muito mais para virar realidade, mas ficamos insistindo em reuniões e visitas ao prefeito. Inicialmente, a prefeitura comprou um terreno para este fim e agora, no dia 1 de fevereiro de 2012, foi aberta uma licitação para a construção do aterro sanitário. Será uma vitória e tanto para a sociedade civil!


Dia da lata seca
O segundo exemplo da nossa atuação é referente à segurança de água. Patos está situada no alto sertão paraibano, bem no meio do polígono da seca. Anos atrás, nas épocas das secas, chegamos a ter água apenas de cinco em cinco dias. Esta realidade era péssima para a população e impossibilitava o crescimento da cidade. Pois, qual empresa iria estabelecer uma fábrica numa cidade sem água?

Realizamos reuniões públicas e numa delas apresentamos ao governador do Estado a proposta de uma adutora para Patos, ligada ao gigante açude de Coremas, 60 quilômetros ao oeste da cidade. Ele nos ridicularizou dizendo que era inviável e que nós não sabíamos o que estávamos propondo. Entretanto, não desistimos. Afinal, quem morreria de sede: o prefeito ou nós? Organizamos, portanto, o “Dia da Lata Seca”. Conseguimos reunir cinco mil pessoas no centro de Patos batendo latas secas com pedaços de pau. Os políticos desprezaram o dia até que viram a quantidade de pessoas na marcha. Aí eles saíram das suas tocas e tomaram a frente da marcha. A TV chegou, então improvisamos um palanque onde tivemos cuidado para dividir as falas entre os representantes de cada partido político, porque agora todos estavam a favor da adutora! Colocamos propaganda na TV, com dinheiro dos nossos bolsos, reforçando a nossa campanha. O governador acabou cedendo às pressões e hoje temos a adutora, a população tem água garantida e a cidade cresce como nunca!

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