Projeto brasileiro reconstroi bairro na África

Projeto brasileiro reconstroi bairro na África

Fonte: Atualizado: terça-feira, 1 de abril de 2014 às 03:49

Reerguer um bairro em situação de risco parece ser uma missão muito difícil, mas não impossível. Especialmente se houver uma ajuda tão apaixonante quanto a do esporte que, a 40 dias da Copa, ganha o centro do mundo. O "Futebol para Vida" é apenas um dos projetos liderados por brasileiros em Sunnyside, Pretória (uma das cidades-sede da Copa do Mundo). O bairro branco, na época do apartheid, é hoje a região mais internacional da África do Sul, com habitantes de vários países do continente africano. A rápida globalização acabou agravando os problemas como o consumo de drogas, prostituição e criminalidade. "Lançamos o 'I Love Sunnyside' desafiando a realidade local. Queremos dar a nossa contribuição a fim de que as profecias sobre o bairro não sejam cumpridas", contou ao Jornal do Brasil, o diretor do projeto Luiz Correa, da Igreja Pentecostal, destacando a previsão de que Sunnyside se transformaria em uma Hilbrow, (bairro de Johanesburgo, considerado um dos mais perigosos da África do Sul).

A intenção de transformar a realidade local reúne angolanos, moçambicanos, sul-africanos e camaroneses liderados por um brasileiro que almeja um upgrade social em Sunnyside. Um ponto importante desta grande ideia é o projeto Yangalala (que em kikongo - língua falada em Angola e outros países da África - significa "Eu vou me alegrar"), desenvolvido por jovens da Escola Batista Cristo e Vida, em Novo Hamburgo (RS). As 200 bonecas de pano distribuídas às meninas pobres de Sunnyside são motivo de orgulho para os estudantes brasileiros e de alegria para quem recebe o presente. "As bonecas são feitas por crianças que são educadas sobre a temática África. Ao concluir, elas escrevem uma pequena mensagem para as meninas daqui", explicou.

Bonecas para as meninas e futebol para os meninos - Foto: Luiz Correa

O entretenimento favorito das meninas parece estar garantido e o dos meninos de Sunnyside também! Os sábados no parque Jubilee, no centro do bairro, reúnem manifestações artísticas organizadas pelo JUAD (Ministério para Juvenis e Adolescentes) "É um projeto que visa ao resgate da criança e do adolescente, envolvendo-os em atividades de música, dança, esportes, religião e cultura", ressaltou o brasileiro que coordena há 17 anos projetos sociais ao redor África! Pela sua sensibilidade africana, as atividades dos sábados não representam apenas o país da Copa, mas outras culturas do continente. Afinal, o bairro é internacional, com moradores da Líbia, Tunísia, Marrocos.... Também por isso, o"I love Sunnyside" foi nomeado na língua universal para expressar a reintegração social.

Thiago Curan, técnico do time - Foto: Luiz Correa

A região que concentra o projeto tem uma ligação forte com o Brasil. Pretória, a 50 quilômetros de Johanesburgo, tem a cara mais brasileira de toda África do Sul, pelo fato de dar aos seus cerca de 2,5 milhões habitantes oxigênio que vem dos jacarandás, ou melhor, dos nossos pés de jacarandás! O primeiro exemplar foi levado há mais de 150 anos e os seguintes dão sombra às tardes de sábados com muita bola no pé."O futebol é um grande estímulo para o desenvolvimento da criança em sociedade e um agente transformador em áreas de risco. Por isso, estamos em Sunnyside", disse ao JB Thiago Curan, que participa do projeto ao lado de Luiz. O “Soccer for life” (Futebol para a vida) atende jovens entre 7 a 17 anos há um ano. O técnico acredita que o futebol, já tão popular entre os negros, vai se expandir após a Copa do Mundo. "É a grande oportunidade para promover projetos deste nível, pois a prática do esporte é uma oportunidade para as crianças se desviarem das drogas e dos problemas da região", afirmou o brasileiro.

Durante a Copa do Mundo, o futebol de Sunnyside, infelizmente, será interrompido. "Não nos autorizaram a usar o parque por questões de segurança. Então, usaremos o auditório do JUAD", disse Luiz, lembrando que a cidade onde ele vive não foi tão beneficiada com a Copa do Mundo. "Há certa frustração em relação à expectativa criada e o que de fato ocorreu", desabafou, mencionando que a maior parte dos investimentos ficou em Johanesburgo. "Espero que, a partir da expansão da paixão pelo futebol, o nosso projeto seja uma referência na área do resgate da criança e do adolescente, utilizando como instrumento este maravilhoso esporte".

Por: Nathalia Luz

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