Relembre os casos de cristãos que enfrentaram a perseguição pelo mundo em 2015

Desde o crescente caos no Oriente Médio até a repressão às igrejas da China, 2015 foi considerado aterrorizante para algumas das minorias mais perseguidas do mundo.

Fonte: Guiame, com informações de Christian TodayAtualizado: terça-feira, 29 de dezembro de 2015 às 17:42
Membro da comunidade cristã paquistanesa segura uma cruz durante um protesto para condenar ataques contra igrejas. (Foto: Reuters/Mohsin Raza)
Membro da comunidade cristã paquistanesa segura uma cruz durante um protesto para condenar ataques contra igrejas. (Foto: Reuters/Mohsin Raza)
A perseguição aos cristãos tem preenchido as páginas dos noticiários durante todo o ano. Desde o crescente caos no Oriente Médio até a repressão às igrejas da China, 2015 foi considerado aterrorizante para algumas das minorias mais perseguidas do mundo.
 
"A perseguição global está em níveis horripilantes", aponta a Dra. Katrina Lantos Swett, membro da Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional nos Estados Unidos. "Francamente, me espanta ver que não existe mais clamor internacional entre líderes políticos, formadores de opinião e mais importante, por parte dos cristãos comuns."
 
De acordo com Swett, os governos repressivos e os grupos ideológicos se sentem ameaçados diante das novas crenças e convicções.
 
"As pessoas de fé representam um grande desafio para os regimes autoritários, porque elas proclamam livremente que têm alianças mais importantes do que as estabelecidas com o Estado, e estão, muitas vezes, dispostas a sofrerem as consequências da fidelidade à sua fé. Essa é a coisa mais aterrorizante para esses regimes repressivos."
 
Diante deste cenário, veja quais foram os casos de perseguição religiosa que mais se destacaram em 2015:
 
Coréia do Norte

A Coréia do Norte tem sido classificada como o pior país do mundo para ser um cristão. Sob administração do ditador Kim Jong-un, o governo mantém controle absoluto sobre os cidadãos através da repressão sistemática. 
 
Segundo relatório da Ajuda à Igreja que Sofre, dentre os 400 a 500 mil cristãos que existem na Coréia do Norte, pelo menos 50 mil estão trabalhando forçadamente em campos de concentração, enquanto outros milhares foram desertados para países como Coréia do Sul, China, Mongólia e Rússia.
 
Surgiram especulações de que a Coréia do Norte estava se tornando mais flexível depois que algumas autoridades religiosas da Coréia do Sul foram autorizadas a atravessar a fronteira do país em visitas oficiais.
 
No entanto, no início deste mês, o pastor canadense Hyeon Soo Lim, de 60 anos, foi condenado à prisão perpétua e trabalhos forçados após ser acusado de "crimes contra o Estado" por um tribunal norte-coreano. 
 

Hyeon Soo Lim durante seu julgamento na Coreia do Norte. (Foto: Jon Chol Jin/AP)
 
Lim estava no país em uma missão humanitária para auxiliar um lar de idosos e um orfanato, até ser preso em fevereiro. Sua família disse que suas viagens à Coréia do Norte não foram politicamente motivadas. No entanto, o governo não tolera qualquer atividade missionária, pois são consideradas ameaça à supremacia do Estado.
 
A situação de Lim é "emblemática do que acontece na Coréia do Norte há muito tempo", disse Swett. "Precisamos reconhecer que a Coréia do Norte é um dos piores buracos negros do mundo quando se trata de direitos humanos."
 
A Coréia do Norte já havia condenado o missionário coreano-americano Kenneth Bae. Ele foi julgado a 15 anos de trabalhos forçados, mas foi liberado no início de 2014. Jeffrey Fowle, um cidadão americano, também foi preso e acusado de deixar uma Bíblia em um clube no norte da cidade de Chongjin. Ele foi liberto em outubro do ano passado.
 
China

A China tem sido acusada de uma severa repressão sobre as igrejas, principalmente na província de Zhejiang, onde cerca de 1.700 igrejas foram demolidas ou tiveram suas cruzes removidas.
 
Ações como esta têm se intensificado ao longo do ano. Ativistas culpam o presidente Xi Jinping pela introdução de políticas de linha dura aplicadas em várias áreas da sociedade civil, particularmente a religião.
 

Autoridades removem cruzes das igrejas da província de Zhejiang, na China. (Foto: The Telegraph)
 
No ano passado, o governo chinês anunciou planos para introduzir sua própria marca de teologia nacional e, em maio de 2015, Xi convocou o país para uma contenção de influências externas. 
 
Este ano, um dos alvos de repressão do governo chinês que mais se destacou foram os advogados de direitos humanos. Aumentaram os casos de prisão destes profissionais, que em muitas situações, trabalham em nome das igrejas visadas ​​pela campanha de demolição.

Pelo menos 10 advogados estão detidos em Zhejiang, nas chamadas "cadeias negras" — locais que não têm um estatuto legal e a tortura é comum. Entre eles está o advogado cristão Zhang Kai, que está desaparecido desde a sua detenção em agosto. Ele havia representado mais de 100 igrejas que lutam para anular a ordem de retirada das cruzes.
 
Médio Oriente

Com a atuação terrorista cada vez mais intensa do Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, mais casos brutais de perseguição surgiram em 2015. 
 
Em fevereiro, mais de 200 cristãos assírios de aldeias localizadas no norte da Síria foram sequestrados por militantes do EI. Dentre eles, mais de 135 já foram libertados.
 
No entanto, um vídeo com a execução de três dos reféns foi divulgado em outubro, junto a ameaça de matar todos os prisioneiros restantes caso milhões de dólares não fossem pagos ao grupo.
 

Em vídeo, o grupo terrorista ameaça os países responsáveis pelos ataques aéreos contra a Síria. (Foto: Reuters) 

Diversas organizações como a norte-americana Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional apelaram para que as ações do Estado Islâmico contra os cristãos fossem classificadas como genocídio. 
 
No dia 7 de dezembro, um relatório apontou que os grupos perseguidos pelo EI incluindo cristãos, yazidis, xiitas, turcomanos e shabaks devem ser reconhecidos como vítimas de genocídio.

O Estado Islâmico tem se envolvido nos atos mais horríveis e bárbaros dirigidos contra comunidades cristãs: assassinatos, estupros, torturas, escravidão e conversão forçada sob ameaça de morte. 

Indonésia

Cerca de mil igrejas foram fechadas na região de Aceh desde 2006, como parte de uma ofensiva do governo mais ampla sobre as crenças minoritárias. A lei foi implementada há nove anos, com o suposto objetivo de promover a "harmonia religiosa".
 
Na prática, para uma igreja funcionar na Indonésia, é necessário que pelo menos 60 pessoas não-muçulmanas, de uma fé diferente, assinem um documento de acordo. É necessária também a permissão da autoridade local antes que eles possam construir um local de adoração.
 

Policial em frente a uma igreja na Indonésia. (Foto: Associated Press)

Em outubro, o Reuters informou que várias igrejas haviam sido destruídas depois que os moradores muçulmanos, incluindo membros do grupo radical islâmico "Defenders Front", haviam exigido seu fechamento. 
 
De acordo com um relatório do Instituto Pedral, centenas de muçulmanos incendiaram igrejas sob a lei da Sharia aplicada em Aceh. Cerca de 8 mil cristãos foram deslocados pela violência na região.
 
México

O corpo do 11ª padre assassinado no México foi encontrado em novembro, em meio a um crescente e preocupante cenário de discriminação religiosa no país desde 2013.
 
Erasmo era um padre na cidade de Cuyuaco, Puebla, no sudeste do México. Seu corpo foi encontrado em uma estrada isolada, vários dias depois de ser dado como desaparecido, com marcas de queimaduras e ferimentos na cabeça.
 
No início do ano, a ONG Christian Solidarity Worldwide (CSW) acusou o governo de não respeitar as liberdades constitucionais e negligenciar a punição aos atores da violência contra grupos religiosos. 
 
Mais padres e líderes católicos foram mortos no México em 2014 do que qualquer outro país do mundo. Segundo a CSW, esta violência está tendo um "efeito inibidor da liberdade religiosa".
 

Mais padres e líderes católicos foram mortos no México em 2014 do que qualquer outro país do mundo. (Foto: Reuters)

Houve um aumento significativo do número de grupos criminosos em muitas partes do México — e um número de sacerdotes católicos se manifestaram contra eles. 
 
De acordo com a CSW, esses grupos sequestram e matam os clérigos porque "consideram as igrejas um alvo atraente para a extorsão e lavagem de dinheiro, e acreditam que os líderes da igreja constituem uma ameaça para a sua influência e seus objetivos".

O Centro Católico de Multimídia (CCM), que documenta ataques contra sacerdotes no México desde 2010, afirmou desde o início deste ano, 520 padres enfrentaram a extorsão ou tinha receberam ameaças de morte de grupos criminosos.

 

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