Rússia proíbe publicação de versão do Novo Testamento por considerá-la “extremista”

O governo da Rússia proibiu a publicação de uma versão do Novo Testamento por considerá-la “extremista”.

No início de março, a mídia russa informou que o Tribunal da Cidade de Moscou proibiu o "Novo Testamento: A Tradução da Restauração", distribuído pela Local Church, fundada pelo pregador chinês Witness Lee.

O tribunal declarou que a versão da igreja é uma "tradução não canônica do Novo Testamento" com sinais de "exclusivismo" – um termo usado pelo governo russo para grupos não autorizados e considerados “terroristas”.

A Justiça acusou a interpretação bíblica de Witness Lee de tentar se estabelecer como superior a outras, incluindo a da Igreja Ortodoxa Russa (ROC), controlada pelo regime de Putin.

A ação do Tribunal de Moscou ainda afirmou que a tradução inclui "sinais linguísticos especiais de propaganda e humilhação" contra outras religiões, incluindo a ROC.

“Especialistas anti-seita” também avaliaram que a versão do Novo Testamento incluía mensagens ocultas ou subliminares para persuadir os leitores a enviar doações para a Local Church.

Denominação perseguida

A denominação tem sofrido perseguição de regimes socialistas desde seu início. A Local Church nasceu de um movimento cristão evangélico internacional, fundado pelo pastor e autor Watchman Nee, na China, durante a década de 1920.

Nee escreveu livros sobre sua teologia e plantou igrejas em todo território chinês. Ele pregava contra a divisão e disputas entre denominações.

Quando o regime comunista de Mao Tse-tung tomou o poder no país, Watchman Nee foi vigiado e investigado por seu trabalho ministerial. 

Em 1948, o pastor enviou o líder chinês Witness Lee para continuar a missão em Taiwan. A igreja de Lee se expandiu para países vizinhos, incluindo a Rússia.

Em 1952, Watchman Nee foi preso e passou seus últimos 20 anos na cadeia até falecer.

Segundo a Bitter Winter, que denuncia casos de perseguição religiosa, proibir a publicação do Novo Testamento da Local Church sob a acusação de “extremismo” abre caminho para proibir todas as atividades religiosas da denominação na Rússia.