Saiba mais sobre a Síria

Saiba mais sobre a Síria

Fonte: Atualizado: terça-feira, 1 de abril de 2014 às 3:49

Situada no Oriente Médio entre o continente europeu e Israel, a Síria possui um grande território que se estende do Mediterrâneo em direção ao leste e que inclui montanhas, grandes áreas desérticas e a bacia do rio Eufrates. Sua faixa litorânea é separada da região oriental por duas estreitas cadeias de montanhas. No extremo sudoeste do país, encontram-se as Colinas de Golan, área que ainda é disputada com Israel.

A maior parte dos 17 milhões da sírios, divididos eqüitativamente entre as áreas urbana e rural, habita as regiões próximas ao Mediterrâneo. Dezenas de milhares de refugiados palestinos fazem parte da população do país e 40% dos habitantes têm idade inferior a 15 anos.

Os muçulmanos conquistaram a região no ano 636 d.C e a cidade de Damasco foi a capital do Império Árabe entre 660 e 750 d.C. Egípcios, mongóis e turco-otomanos também dominaram a região.

A maioria dos sírios dedica-se à atividade rural. Apesar do crescimento econômico ter sido contido pelo declínio mundial dos preços do petróleo, a situação da economia síria permite uma condição de classe média baixa à população. A maioria dos homens é alfabetizada, mas o analfabetismo atinge aproximadamente metade da população feminina.

O atual governo sírio é uma república parlamentarista baseada na constituição promulgada em 1973. Embora o governo teoricamente esteja dividido entre as esferas legislativa, executiva e judiciária, o presidente da república detém uma grande parcela do poder. Apesar de representar uma pequena parcela da população, a minoria alavita constitui o bloco mais poderoso do país. No que se refere à política externa, o conflito árabe-israelense é a principal preocupação do governo. 

Quase 90% dos sírios professam o islamismo. A maioria segue a tradição sunita, mas cerca de 13% dos habitantes são alavitas e, portanto, praticam a tradição xiita. Dois por cento dos sírios afirmam não seguir nenhuma religião, enquanto os cristãos respondem por 7% da população.

Restrições e liberdades

Igrejas devem se registrar junto ao Governo, que monitora coletas de fundos e exige que se peça permissão para todos os encontros, exceto cultos.

É normal que as cerimônias religiosas sejam anunciadas pelo toque dos sinos. É permitido o uso de alto falantes a fim de que os cultos sejam ouvidos nas ruas. Lojas cristãs podem fechar aos domingos.

Igrejas reconhecidas recebem serviços públicos gratuitos e estão isentas de impostos imobiliários. As Igrejas na Síria são livres para construir, reformar e estender suas edificações.

Todas as escolas oficialmente são governamentais e não sectárias, embora algumas escolas sejam na prática administradas por minorias cristãs e judias. Há instrução religiosa obrigatória nas escolas, com professores e programa de estudos aprovados pelo governo. Os cursos de religião são divididos em classes para estudantes muçulmanos e cristãos.

Tanto a Páscoa ocidental como a Ortodoxa são reconhecidas como feriados nacionais. Os cristãos estão sujeitos à suas próprias leis religiosas sobre casamento, divorcio, custódia das crianças e herança.

Embora a lei não proíba o proselitismo, o governo desencoraja tal atividade na prática, particularmente quando é considerada uma ameaça às relações entre os grupos religiosos.

Igrejas - como qualquer outro grupo, religioso ou não - estão sujeitas à vigilância e monitoramento pelos órgãos de segurança do governo. Pastores têm de relatar à policia sobre suas atividades e por vezes têm de entregar resumos de seus sermões. Em outros casos sabe-se que a polícia secreta questiona membros da igreja sobre o conteúdo dos cultos, ou ainda assistem ao culto de domingo pessoalmente.

Convertidos vindos do islamismo são vistos como uma ameaça à estabilidade religiosa e política. Estas convenções sociais fazem com que a conversão de um muçulmano ao cristianismo seja muito rara. Em muitos casos, a pressão social força aos que se comprometeram em tais conversões a se mudarem para o interior ou a deixarem o país a fim de praticar sua nova religião abertamente.

Cristãos podem ser encontrados em todos os níveis sociais, até mesmo no governo. As igrejas tradicionais estão se destacando no ensino, distribuição da Sagrada Escritura, etc.

Cristãos evangélicos têm pouquíssima ou nenhuma influência.

A Igreja

Há indícios de que existiam cristãos na Síria antes mesmo da conversão do apóstolo Paulo, já que ele estava a caminho de Damasco para capturar possíveis cristãos quando se converteu (Atos 9:1-19). A Igreja Ortodoxa Grega afirma que sua história na região remonta à época da queda de Jerusalém, quando o centro do cristianismo no oriente passou a ser a cidade de Antioquia, que, embora estivesse localizada no atual território da Turquia, exercia influência sobre a Síria devido à sua proximidade geográfica. Católicos e protestantes, no entanto, só se estabeleceram na Síria a partir do século XVIII. A influência do cristianismo ocidental sobre o país tornou-se forte a partir de 1890, principalmente devido à influência das escolas cristãs sobre os governantes sírios.

História da Igreja

Século 1 - Cristianismo rapidamente se espalha pela região.

Século 4 - Imperador Romano Teodosio destrói o templo a Júpiter em Damasco e constrói uma catedral em homenagem a João Batista.

325 - Realiza-se o Concílio de Nicea. A Síria delega vinte bispos.

431 - Surge a Igreja Assíria do Oriente. Esta igreja ainda está presente na Síria.

625 - Damasco rende-se ao general muçulmano Khalid ibn al-Walid.

661-750 - Damasco torna-se capital imperial do muçulmano Umayyad. Um símbolo deste império é a mesquita Umayyad em Damasco, que foi reconstruída por Walid I (705-715) a partir da catedral de São João. A Lei Civil para os cristãos é a lei do seu próprio grupo religioso e são ministrados pelos seus próprios líderes religiosos. Cristãos encontram emprego nas cortes dos califas. Somente no fim do período de Umayyad, a dominação árabe se torna mais religiosa.

750-1250 - A Síria torna-se província do império de abássida. Apesar dos períodos de perseguição, os cristãos mantêm-se como o maior setor da população até por volta do ano 900. O domínio abássida sobre a Síria é regularmente desafiado por príncipes muçulmanos independentes.

966-1021 - Domínio do califa Ali Mansur Al-Hakim, da dinastia Fatimid xiíta. Ele destrói igrejas e causa a fuga de cristãos para as montanhas. Quando ele proclama sua divindade, sua mãe o assassina. Seus seguidores buscam tribais sírios para adotarem a sua religião. Estes convertidos são os ancestrais dos Drusos da Síria atual.

1097-1144 - Os cruzados estabelecem principados em Edessa e Antioquia. A seus olhos, os cristãos do oriente são hereges, que falam o mesmo idioma dos muçulmanos. Portanto, eles freqüentemente confundem alguns dos cristãos locais com muçulmanos e os assassinam nos campos à sua aparição. Entretanto, durante as Cruzadas, alguns convertidos das igrejas orientais aceitam o domínio do Papa e ingressam na comunhão da Igreja Católica Romana.

1250-1516 - Domínio dos mamelucos sobre a Síria. Tem lugar grande conversão do cristianismo para o islamismo.

1516-1916 - A Síria torna-se uma província do Império Otomano. Diversas denominações cristãs possuem suas próprias lavouras. A Síria continua a atrair mercadores europeus. Com os mercadores do Ocidente vêm missionários, professores, cientistas e turistas cujos governos reclamam certos direitos. A França reclama o direito de proteger os cristãos, e em 1535 o Sultão Suleiman I concede à França várias capitulações (direitos extraterritoriais que mais tarde progridem para uma política semi-autônoma não somente para os franceses, mas também para os cristãos protegidos por eles). Os britânicos adquirem direitos similares em 1580 e ao fim do século dezoito os russos reclamam direitos de proteção sobre a comunidade Grega Ortodoxa. Reformas em 1839 e 1856 concedem paridade legal aos membros de todas as religiões. Ao fim do Império Otomano, os cristãos somam dez por cento da população da Síria.

Fim do Século 19 - Renascença econômica e literária, que é conhecida como al-Nahdah (o despertar) tem grande impacto na comunidade cristã. O principal catalisador para a al-Nahdah é a atividade de missionários cristãos estrangeiros na imprensa.

1860 - 5.500 cristãos são mortos em massacres em Damasco.

1920-1944 - Período do mandato francês. A Síria é dividida em cinco setores semi-autônomos, servindo para acentuar as diferenças religiosas. Muitos cristãos, particularmente os Ortodoxos ocidentais, se engajam no movimento nacionalista árabe.

1925-1945 - Maior imigração de armênios, fugindo da perseguição na Turquia.

1933 - Cristãos assírios, que são atacados no Iraque, fixam-se na Síria.

1963 - Junta militar, formada pelo partido socialista Baath, toma o poder.

1971 - Hafez al-Assad se torna presidente. Ele pertence a uma minoria muçulmana chamada os Alewites, que é considerada muito liberal, quase herética pela maioria dos outros grupos muçulmanos.

1982 - O governo esmaga a revolta islâmica em Hama.

2000 - Hafez al-Assad morre em 10 de junho. É sucedido pelo seu filho Bashar al-Asad.

A Perseguição

O regime imposto na Síria pelo presidente Hafiz Al-Assad procurou dissociar o Estado de qualquer comprometimento religioso. Esta tendência rumo à secularização tem resultado em distúrbios instigados pelas alas conservadoras. Como resultado dessa política, as igrejas cristãs são legalmente reconhecidas e o islamismo não é a religião oficial do país, o que não impede que ele detenha uma importante posição na sociedade. Até certo grau, há liberdade religiosa. Procissões são permitidas e não há restrições para a construção de edifícios religiosos.

A lei síria ainda permite que crianças mudem de religião, o que não é comum em países islâmicos. Os cristãos também podem evangelizar, desde que não perturbem a harmonia da comunidade. Apesar de toda essa liberdade, as atividades cristãs são freqüentemente vigiadas e muitos consideram a evangelização uma tarefa de difícil execução no país.

Em março de 2001 três homens sírios da etnia drusa que haviam se convertido ao cristianismo foram presos pelos oficiais da Inteligência síria no Líbano, possivelmente suspeitos de pertencerem às Testemunhas de Jeová. Eles foram transferidos para a prisão na Síria, mantidos prisioneiros por dois meses e libertados depois de assinarem papéis declarando que cessariam de assistir à sua igreja e deixariam de contatar seu pastor.

O Futuro

Por volta de 2050, a igreja na Síria poderá ultrapassar o dobro de seu tamanho atual e alcançar quatro milhões de membros. Tal crescimento, no entanto, não chega a acompanhar o crescimento demográfico do país, condenando a fatia cristã da população síria a um lento declínio. A emigração agrava ainda mais esta situação.

Existe repressão na Síria e isto afeta os cristãos, mas o fato se deve mais a razões políticas. As igrejas gozam de todos os privilégios e os cristãos são parcialmente favorecidos pois necessitam deles como apoio face à maioria sunita. Os cristãos da Síria têm consistentemente seguido a política de se posicionar ao lado do governo em conflitos que o governo tenha com grupos de oposição. Eles vêem o regime autoritário como um escudo protetor contra influências islâmicas. Se o regime atual vier a ser substituído, isto poderá afetar a igreja na Síria negativamente.

De acordo com a lei síria, todo cidadão está sujeito aos regulamentos de sua própria religião. O resultado é que as comunidades religiosas exercem uma enorme influência nas vidas de seus membros, com a conseqüência que nenhuma mudança na comunidade é desejada ou necessitada. Portanto, há uma visão estreita sobre evangelismo e missões. Isto, paralelo ao alto número de cristãos que emigram para os países ocidentais, não faz o futuro do cristianismo na Síria parecer muito brilhante.

Damasco, a Pérola do Oriente

Damasco, carinhosamente chamada a pérola do Oriente, é uma das mais antigas cidades do mundo. De acordo com a tradição foi fundada por Uz, neto de Sem. Na Bíblia ela é mencionada pela primeira vez em Gênesis 14, 15. A cidade foi conquistada por Davi, mas sob Salomão se tornou a capital de um reino independente. Desde esta época Damasco esteve freqüentemente em guerra com os reis de Israel, enquanto apoiava-se nos reis de Judá, os quais buscaram com sua ajuda enfraquecer seus rivais de Samaria.

No tempo dos gregos, Damasco tornou-se uma das mais importantes cidades da Síria e no tempo dos romanos, Damasco era o principal centro comercial para os nômades àrabes.

Quando Paulo veio a Damasco para perseguir os cristãos, havia por volta de 50.000 judeus na cidade e a maioria das mulheres judias nas classes sociais mais altas da sociedade havia abraçado o cristianismo. Ananias, que batizou Paulo após a sua conversão, é lembrado por ter sido presumivelmente o primeiro bispo de Damasco. Ao fim do quarto século, a maioria da população havia adotado o cristianismo.

No início de 635 Damasco foi capturada pelos árabes. Em 661 Damasco tornou-se a capital do império do muçulmano Umayyad. A esta altura, este império havia se estendido da Espanha no Ocidente para Samarkand e Cabul no Oriente. Desde então, Damasco tem tido seus bons e maus momentos. Um dos marcos mais baixos em sua história foi alcançado no ano de 1399, quando Timur-Leng levou à morte quase todos os seus habitantes, exceto os cuteleiros de espadas. Estes foram trazidos para Samarkand e Khorassan, aonde continuaram a fazer as renomadas lâminas damascenas.

No século 19 as relações entre os vários grupos religiosos na região se deterioraram. Por ordem do governador otomano Ibrahim, um exército cristão combateu os drusos, (um ramo dissidente do islamismo xiíta). As forças cristãs tiraram vantagem desta oportunidade para alargar o território sob seu controle. Em 1860 a sorte mudou. Ataques drusos às vilas cristãs no Monte Líbano transbordaram para os bairros de Damasco, onde vários milhares de cristãos foram massacrados.

Em maio de 2001 o Papa João Paulo II visitou o país e celebrou uma missa pública em Damasco, com o comparecimento de representantes de todas as denominações ortodoxas e católico-romanas.

Em outubro de 2001 uma grande feira de livros teve lugar em Damasco. A Sociedade Bíblica Libanesa esteve presente com um estande. No relatório anual, Lucien Accad, secretária geral da Sociedade Bíblica no Líbano, escreveu: ''Quando nós contatamos as autoridades para solicitar permissão para importar calendários bíblicos, para nossa grande surpresa e alegria eles simplesmente nos disseram ''tragam-nas''! (...) O ministro sírio da Cultura, Dr Maha Qanout, visitou o estande da Sociedade Bíblica no dia da abertura e comentou que a nossa tenda era uma das mais organizadas. Ela acrescentou que o diretor da feira havia lhe dito que a Sociedade tem sido um dos melhores participantes ao longo dos anos.

Viajando de Damasco aproximadamente uma hora no sentido norte-leste, está situada a vila de Maalula. A maioria dos residentes são gregos católicos, os quais ainda falam o dialeto aramaico no qual o livro de Daniel foi escrito e que mais provavelmente tenha sido o idioma que Jesus falou.

Situada no Oriente Médio entre o continente europeu e Israel, a Síria possui um grande território que se estende do Mediterrâneo em direção ao leste e que inclui montanhas, grandes áreas desérticas e a bacia do rio Eufrates. Sua faixa litorânea é separada da região oriental por duas estreitas cadeias de montanhas. No extremo sudoeste do país, encontram-se as Colinas de Golan, área que ainda é disputada com Israel.

A maior parte dos 17 milhões da sírios, divididos eqüitativamente entre as áreas urbana e rural, habita as regiões próximas ao Mediterrâneo. Dezenas de milhares de refugiados palestinos fazem parte da população do país e 40% dos habitantes têm idade inferior a 15 anos.

Os muçulmanos conquistaram a região no ano 636 d.C e a cidade de Damasco foi a capital do Império Árabe entre 660 e 750 d.C. Egípcios, mongóis e turco-otomanos também dominaram a região.

A maioria dos sírios dedica-se à atividade rural. Apesar do crescimento econômico ter sido contido pelo declínio mundial dos preços do petróleo, a situação da economia síria permite uma condição de classe média baixa à população. A maioria dos homens é alfabetizada, mas o analfabetismo atinge aproximadamente metade da população feminina.

O atual governo sírio é uma república parlamentarista baseada na constituição promulgada em 1973. Embora o governo teoricamente esteja dividido entre as esferas legislativa, executiva e judiciária, o presidente da república detém uma grande parcela do poder. Apesar de representar uma pequena parcela da população, a minoria alavita constitui o bloco mais poderoso do país. No que se refere à política externa, o conflito árabe-israelense é a principal preocupação do governo. 

Quase 90% dos sírios professam o islamismo. A maioria segue a tradição sunita, mas cerca de 13% dos habitantes são alavitas e, portanto, praticam a tradição xiita. Dois por cento dos sírios afirmam não seguir nenhuma religião, enquanto os cristãos respondem por 7% da população.

Restrições e liberdades

Igrejas devem se registrar junto ao Governo, que monitora coletas de fundos e exige que se peça permissão para todos os encontros, exceto cultos.

É normal que as cerimônias religiosas sejam anunciadas pelo toque dos sinos. É permitido o uso de alto falantes a fim de que os cultos sejam ouvidos nas ruas. Lojas cristãs podem fechar aos domingos.

Igrejas reconhecidas recebem serviços públicos gratuitos e estão isentas de impostos imobiliários. As Igrejas na Síria são livres para construir, reformar e estender suas edificações.

Todas as escolas oficialmente são governamentais e não sectárias, embora algumas escolas sejam na prática administradas por minorias cristãs e judias. Há instrução religiosa obrigatória nas escolas, com professores e programa de estudos aprovados pelo governo. Os cursos de religião são divididos em classes para estudantes muçulmanos e cristãos.

Tanto a Páscoa ocidental como a Ortodoxa são reconhecidas como feriados nacionais. Os cristãos estão sujeitos à suas próprias leis religiosas sobre casamento, divorcio, custódia das crianças e herança.

Embora a lei não proíba o proselitismo, o governo desencoraja tal atividade na prática, particularmente quando é considerada uma ameaça às relações entre os grupos religiosos.

Igrejas - como qualquer outro grupo, religioso ou não - estão sujeitas à vigilância e monitoramento pelos órgãos de segurança do governo. Pastores têm de relatar à policia sobre suas atividades e por vezes têm de entregar resumos de seus sermões. Em outros casos sabe-se que a polícia secreta questiona membros da igreja sobre o conteúdo dos cultos, ou ainda assistem ao culto de domingo pessoalmente.

Convertidos vindos do islamismo são vistos como uma ameaça à estabilidade religiosa e política. Estas convenções sociais fazem com que a conversão de um muçulmano ao cristianismo seja muito rara. Em muitos casos, a pressão social força aos que se comprometeram em tais conversões a se mudarem para o interior ou a deixarem o país a fim de praticar sua nova religião abertamente.

Cristãos podem ser encontrados em todos os níveis sociais, até mesmo no governo. As igrejas tradicionais estão se destacando no ensino, distribuição da Sagrada Escritura, etc.

Cristãos evangélicos têm pouquíssima ou nenhuma influência.

A Igreja

Há indícios de que existiam cristãos na Síria antes mesmo da conversão do apóstolo Paulo, já que ele estava a caminho de Damasco para capturar possíveis cristãos quando se converteu (Atos 9:1-19). A Igreja Ortodoxa Grega afirma que sua história na região remonta à época da queda de Jerusalém, quando o centro do cristianismo no oriente passou a ser a cidade de Antioquia, que, embora estivesse localizada no atual território da Turquia, exercia influência sobre a Síria devido à sua proximidade geográfica. Católicos e protestantes, no entanto, só se estabeleceram na Síria a partir do século XVIII. A influência do cristianismo ocidental sobre o país tornou-se forte a partir de 1890, principalmente devido à influência das escolas cristãs sobre os governantes sírios.

História da Igreja

Século 1 - Cristianismo rapidamente se espalha pela região.

Século 4 - Imperador Romano Teodosio destrói o templo a Júpiter em Damasco e constrói uma catedral em homenagem a João Batista.

325 - Realiza-se o Concílio de Nicea. A Síria delega vinte bispos.

431 - Surge a Igreja Assíria do Oriente. Esta igreja ainda está presente na Síria.

625 - Damasco rende-se ao general muçulmano Khalid ibn al-Walid.

661-750 - Damasco torna-se capital imperial do muçulmano Umayyad. Um símbolo deste império é a mesquita Umayyad em Damasco, que foi reconstruída por Walid I (705-715) a partir da catedral de São João. A Lei Civil para os cristãos é a lei do seu próprio grupo religioso e são ministrados pelos seus próprios líderes religiosos. Cristãos encontram emprego nas cortes dos califas. Somente no fim do período de Umayyad, a dominação árabe se torna mais religiosa.

750-1250 - A Síria torna-se província do império de abássida. Apesar dos períodos de perseguição, os cristãos mantêm-se como o maior setor da população até por volta do ano 900. O domínio abássida sobre a Síria é regularmente desafiado por príncipes muçulmanos independentes.

966-1021 - Domínio do califa Ali Mansur Al-Hakim, da dinastia Fatimid xiíta. Ele destrói igrejas e causa a fuga de cristãos para as montanhas. Quando ele proclama sua divindade, sua mãe o assassina. Seus seguidores buscam tribais sírios para adotarem a sua religião. Estes convertidos são os ancestrais dos Drusos da Síria atual.

1097-1144 - Os cruzados estabelecem principados em Edessa e Antioquia. A seus olhos, os cristãos do oriente são hereges, que falam o mesmo idioma dos muçulmanos. Portanto, eles freqüentemente confundem alguns dos cristãos locais com muçulmanos e os assassinam nos campos à sua aparição. Entretanto, durante as Cruzadas, alguns convertidos das igrejas orientais aceitam o domínio do Papa e ingressam na comunhão da Igreja Católica Romana.

1250-1516 - Domínio dos mamelucos sobre a Síria. Tem lugar grande conversão do cristianismo para o islamismo.

1516-1916 - A Síria torna-se uma província do Império Otomano. Diversas denominações cristãs possuem suas próprias lavouras. A Síria continua a atrair mercadores europeus. Com os mercadores do Ocidente vêm missionários, professores, cientistas e turistas cujos governos reclamam certos direitos. A França reclama o direito de proteger os cristãos, e em 1535 o Sultão Suleiman I concede à França várias capitulações (direitos extraterritoriais que mais tarde progridem para uma política semi-autônoma não somente para os franceses, mas também para os cristãos protegidos por eles). Os britânicos adquirem direitos similares em 1580 e ao fim do século dezoito os russos reclamam direitos de proteção sobre a comunidade Grega Ortodoxa. Reformas em 1839 e 1856 concedem paridade legal aos membros de todas as religiões. Ao fim do Império Otomano, os cristãos somam dez por cento da população da Síria.

Fim do Século 19 - Renascença econômica e literária, que é conhecida como al-Nahdah (o despertar) tem grande impacto na comunidade cristã. O principal catalisador para a al-Nahdah é a atividade de missionários cristãos estrangeiros na imprensa.

1860 - 5.500 cristãos são mortos em massacres em Damasco.

1920-1944 - Período do mandato francês. A Síria é dividida em cinco setores semi-autônomos, servindo para acentuar as diferenças religiosas. Muitos cristãos, particularmente os Ortodoxos ocidentais, se engajam no movimento nacionalista árabe.

1925-1945 - Maior imigração de armênios, fugindo da perseguição na Turquia.

1933 - Cristãos assírios, que são atacados no Iraque, fixam-se na Síria.

1963 - Junta militar, formada pelo partido socialista Baath, toma o poder.

1971 - Hafez al-Assad se torna presidente. Ele pertence a uma minoria muçulmana chamada os Alewites, que é considerada muito liberal, quase herética pela maioria dos outros grupos muçulmanos.

1982 - O governo esmaga a revolta islâmica em Hama.

2000 - Hafez al-Assad morre em 10 de junho. É sucedido pelo seu filho Bashar al-Asad.

A Perseguição

O regime imposto na Síria pelo presidente Hafiz Al-Assad procurou dissociar o Estado de qualquer comprometimento religioso. Esta tendência rumo à secularização tem resultado em distúrbios instigados pelas alas conservadoras. Como resultado dessa política, as igrejas cristãs são legalmente reconhecidas e o islamismo não é a religião oficial do país, o que não impede que ele detenha uma importante posição na sociedade. Até certo grau, há liberdade religiosa. Procissões são permitidas e não há restrições para a construção de edifícios religiosos.

A lei síria ainda permite que crianças mudem de religião, o que não é comum em países islâmicos. Os cristãos também podem evangelizar, desde que não perturbem a harmonia da comunidade. Apesar de toda essa liberdade, as atividades cristãs são freqüentemente vigiadas e muitos consideram a evangelização uma tarefa de difícil execução no país.

Em março de 2001 três homens sírios da etnia drusa que haviam se convertido ao cristianismo foram presos pelos oficiais da Inteligência síria no Líbano, possivelmente suspeitos de pertencerem às Testemunhas de Jeová. Eles foram transferidos para a prisão na Síria, mantidos prisioneiros por dois meses e libertados depois de assinarem papéis declarando que cessariam de assistir à sua igreja e deixariam de contatar seu pastor.

O Futuro

Por volta de 2050, a igreja na Síria poderá ultrapassar o dobro de seu tamanho atual e alcançar quatro milhões de membros. Tal crescimento, no entanto, não chega a acompanhar o crescimento demográfico do país, condenando a fatia cristã da população síria a um lento declínio. A emigração agrava ainda mais esta situação.

Existe repressão na Síria e isto afeta os cristãos, mas o fato se deve mais a razões políticas. As igrejas gozam de todos os privilégios e os cristãos são parcialmente favorecidos pois necessitam deles como apoio face à maioria sunita. Os cristãos da Síria têm consistentemente seguido a política de se posicionar ao lado do governo em conflitos que o governo tenha com grupos de oposição. Eles vêem o regime autoritário como um escudo protetor contra influências islâmicas. Se o regime atual vier a ser substituído, isto poderá afetar a igreja na Síria negativamente.

De acordo com a lei síria, todo cidadão está sujeito aos regulamentos de sua própria religião. O resultado é que as comunidades religiosas exercem uma enorme influência nas vidas de seus membros, com a conseqüência que nenhuma mudança na comunidade é desejada ou necessitada. Portanto, há uma visão estreita sobre evangelismo e missões. Isto, paralelo ao alto número de cristãos que emigram para os países ocidentais, não faz o futuro do cristianismo na Síria parecer muito brilhante.

Damasco, a Pérola do Oriente

Damasco, carinhosamente chamada a pérola do Oriente, é uma das mais antigas cidades do mundo. De acordo com a tradição foi fundada por Uz, neto de Sem. Na Bíblia ela é mencionada pela primeira vez em Gênesis 14, 15. A cidade foi conquistada por Davi, mas sob Salomão se tornou a capital de um reino independente. Desde esta época Damasco esteve freqüentemente em guerra com os reis de Israel, enquanto apoiava-se nos reis de Judá, os quais buscaram com sua ajuda enfraquecer seus rivais de Samaria.

No tempo dos gregos, Damasco tornou-se uma das mais importantes cidades da Síria e no tempo dos romanos, Damasco era o principal centro comercial para os nômades àrabes.

Quando Paulo veio a Damasco para perseguir os cristãos, havia por volta de 50.000 judeus na cidade e a maioria das mulheres judias nas classes sociais mais altas da sociedade havia abraçado o cristianismo. Ananias, que batizou Paulo após a sua conversão, é lembrado por ter sido presumivelmente o primeiro bispo de Damasco. Ao fim do quarto século, a maioria da população havia adotado o cristianismo.

No início de 635 Damasco foi capturada pelos árabes. Em 661 Damasco tornou-se a capital do império do muçulmano Umayyad. A esta altura, este império havia se estendido da Espanha no Ocidente para Samarkand e Cabul no Oriente. Desde então, Damasco tem tido seus bons e maus momentos. Um dos marcos mais baixos em sua história foi alcançado no ano de 1399, quando Timur-Leng levou à morte quase todos os seus habitantes, exceto os cuteleiros de espadas. Estes foram trazidos para Samarkand e Khorassan, aonde continuaram a fazer as renomadas lâminas damascenas.

No século 19 as relações entre os vários grupos religiosos na região se deterioraram. Por ordem do governador otomano Ibrahim, um exército cristão combateu os drusos, (um ramo dissidente do islamismo xiíta). As forças cristãs tiraram vantagem desta oportunidade para alargar o território sob seu controle. Em 1860 a sorte mudou. Ataques drusos às vilas cristãs no Monte Líbano transbordaram para os bairros de Damasco, onde vários milhares de cristãos foram massacrados.

Em maio de 2001 o Papa João Paulo II visitou o país e celebrou uma missa pública em Damasco, com o comparecimento de representantes de todas as denominações ortodoxas e católico-romanas.

Em outubro de 2001 uma grande feira de livros teve lugar em Damasco. A Sociedade Bíblica Libanesa esteve presente com um estande. No relatório anual, Lucien Accad, secretária geral da Sociedade Bíblica no Líbano, escreveu: ''Quando nós contatamos as autoridades para solicitar permissão para importar calendários bíblicos, para nossa grande surpresa e alegria eles simplesmente nos disseram ''tragam-nas''! (...) O ministro sírio da Cultura, Dr Maha Qanout, visitou o estande da Sociedade Bíblica no dia da abertura e comentou que a nossa tenda era uma das mais organizadas. Ela acrescentou que o diretor da feira havia lhe dito que a Sociedade tem sido um dos melhores participantes ao longo dos anos.

Viajando de Damasco aproximadamente uma hora no sentido norte-leste, está situada a vila de Maalula. A maioria dos residentes são gregos católicos, os quais ainda falam o dialeto aramaico no qual o livro de Daniel foi escrito e que mais provavelmente tenha sido o idioma que Jesus falou.

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