A evangelista Heidi Baker, fundadora do Iris Global, falou recentemente sobre seu ministério na África. Ela mora num dos países mais pobres do mundo e também um dos mais perigosos.
A missionária americana de 61 anos, vive na província de Cabo Delgado, em Moçambique, desde 2017, onde militantes ligados ao Estado Islâmico mataram mais de 2.600 pessoas e provocaram o deslocamento de 700 mil em busca de estabelecer um califado.
“Essa é a melhor época para se estar vivo. Se você acredita em Jesus, você é um dos primeiros na lista dos terroristas”, ela disse ao CBN News durante uma entrevista recente.
Ataques terroristas
“Um grupo conhecido como Al Shabab é responsável por dezenas de ataques terroristas por aqui. Igrejas foram queimadas e qualquer um que não esteja de acordo com eles, independente de sua fé, sua casa será queimada também”, disse.
Em 24 de março de 2021, o Al Shabab conduziu um dos piores ataques terroristas islâmicos em todo o sul da África, quando centenas de combatentes invadiram a cidade de Palma, ao norte da casa de Baker, fazendo milhares correrem para salvar suas vidas.
“Eu estava trabalhando em uma empresa quando o ataque aconteceu. Consegui escapar e corri para a floresta a fim de me esconder", disse Allue, um morador desabrigado de Palma.
Dezenas de civis, incluindo 12 estrangeiros, foram mortos e alguns decapitados nas praias de Palma. “Eles estavam nos matando, queimando casas e levando nossos filhos”, disse Nina Diadara, outra moradora de Palma que conseguiu escapar.
As forças do governo recapturaram a cidade dos islâmicos após um cerco de 10 dias. Dois meses depois, dezenas de milhares de residentes de Palma ainda não voltaram.
“Quero continuar a pregar o Evangelho”
Segundo Baker, os militantes islâmicos lançaram vários outros ataques nas últimas semanas. “Al Shabab é um grupo assustador. Não vou mentir, tenho medo de ser atacada por eles, não quero ser sequestrada, o que eu quero é continuar a pregar esse evangelho glorioso por muitas décadas”, compartilhou.
A missionária vive em Moçambique há mais de 25 anos, e convive diretamente com a devastação e a dor. Mesmo assim, ela diz que o Senhor está se movendo poderosamente por todo o país.
"Estou dizendo a você que no meio da tragédia, Deus está fazendo as coisas mais incríveis e belas. E Ele está enxugando as lágrimas", reconheceu.
Histórias de sobreviventes
Ao longo de todos esses anos, Baker ouviu inúmeras histórias de sobreviventes que escaparam das garras dos jihadistas. Amina teve o marido assassinado por muçulmanos radicais porque se recusou a negar a Cristo.
“Ele foi morto na frente dela e os vizinhos revelaram que todos os membros da família tiveram que se banhar no sangue dele ou então seriam torturados”, contou Baker.
Ela também lembrou de Feli Zardo, que considera um verdadeiro milagre. Ele foi crucificado, depois incendiado e ainda sobreviveu à tortura. "Eles pensaram que ele estava morto e o tiraram da cruz. Feli ficou muito ferido e fisicamente todo marcado, mas agora ele lidera a logística de nossa equipe.
Pessoas certas, no lugar certo
Baker já pregou o Evangelho em grande parte de Cabo Delgado e nas províncias vizinhas, com centenas de milhares de pessoas aceitando a Cristo. Ela diz firmemente que o Senhor a levou para Moçambique para viver toda essa situação.
“Eu não sabia que Deus estava nos preparando para ser as pessoas certas, no lugar certo e na hora certa para compartilhar o amor radical do lindo Salvador Jesus. Ele apenas pede que sejamos seus pés e suas mãos nesta terra”, disse.
Mais de um ano após a derrota do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, o grupo terrorista agora está voltando sua atenção para a África, especialmente para países dominados por cristãos como Moçambique.
"Sempre olhamos para o Estado Islâmico e o Al Qaeda como partes do Afeganistão, Síria e Iraque, mas o que você está vendo agora é o aumento do terrorismo islâmico radical na África”, disse o deputado americano [Texas], Michael McCaul, em entrevista.
McCaul é o principal republicano no Comitê de Relações Exteriores da Câmara. Ele diz que a falta de segurança em grande parte da África é um fator principal no fomento do movimento jihadista.
"Onde quer que você tenha um estado falido ou uma governança fraca, isso lhes dará um refúgio seguro para que as atividades terroristas comecem a ‘caçar’ os jovens também. Eles ficam mais do que felizes em lhes dar sua bandeira [do Estado Islâmico] para que esses jovens lutem contra seu próprio governo”, explicou.
Situação de Moçambique
Agora Moçambique está entre um punhado de países africanos que testemunham o surpreendente aumento dos ataques terroristas. Segundo a CBN News, as Forças Especiais dos EUA estão empenhadas nessa luta e já enviou tropas para Moçambique, no mês passado, a fim de ajudar o governo a combater a insurgência islâmica.
A União Europeia e 16 países africanos também se preparam para enviar tropas. Enquanto isso, Baker continua com seu trabalho humanitário, além de ministrar aos milhares que fugiram de Palma.
“Aumentamos nossos esforços, então agora estamos alimentando 34 mil pessoas por dia e, principalmente, consolando as vítimas, segurando-as em nossos braços e orando com elas", compartilhou a missionária.
Ela diz que quando as ameaças de perigo aumentam, costuma dizer à sua equipe para que todos sejam sábios, tomem as precauções necessárias e “não tenham medo, mas fixem seus olhos em Jesus, Ele tira o medo e coloca uma coragem implacável em você”, concluiu.
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