Terroristas amarram e 'empilham' cristãos para fuzilamento na República Centro-Africana

Este foi o maior massacre no país, desde que o governo e 14 grupos armados assinaram um acordo de paz no início deste ano, em fevereiro.

Fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas (EUA)Atualizado: segunda-feira, 10 de junho de 2019 às 13:53
Apesar de serem maioria na República Centro-Africana, cristãos estão sofrendo com a violência por parte de grupos terroristas formados por extremistas muçulmanos. (Foto: Portas Abertas - EUA)
Apesar de serem maioria na República Centro-Africana, cristãos estão sofrendo com a violência por parte de grupos terroristas formados por extremistas muçulmanos. (Foto: Portas Abertas - EUA)

Uma sequência de ataques terroristas no noroeste da República Centro-Africana (RCA) deixou mais de 50 moradores mortos e muitos outros feridos, sendo a maioria deles, cristãos. O massacre ocorreu em várias aldeias perto da cidade de Paoua, próximo à fronteira com o Chade.

Este foi o maior massacre no país, desde que o governo e 14 grupos armados assinaram um acordo de paz no início deste ano, em fevereiro.

Em toda a África Subsaariana, a igreja está sofrendo grande perseguição. Embora o impacto sobre os cristãos nesses ataques não seja tão divulgado, eles são a maioria no país. De uma população total de 4,7 milhões no país, os que professam sua fé em Jesus representam mais da metade (3,5 milhões).

Atualmente os cristãos estão enfrentando uma pressão crescente por parte dos extremistas muçulmanos no país. A República Centro-Africana ocupa a posição de nº 21 na Lista Mundial de perseguição religiosa atualizada anualmente pela Missão Portas Abertas.

"Chuva de balas"
Ao final de maio, o grupo terrorista 3R integrado por extremistas muçulmanos (sigla para Retorno, Reclamação e Reconciliação) atacou várias aldeias na região noroeste de Pahoua, em busca de vingança pela morte de um homem da etnia peul.

O grupo foi formado no fim de 2015 para "proteger" a população de Peul, que é principalmente formada por criadores de gado muçulmanos. O grupo é liderado por um homem chamado Sidiki Abass, que também é um dos três assessores militares especiais do Primeiro Ministro da CAR, Simplice Sarandji.

Em uma declaração publicada pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), os sobreviventes de uma vila de maioria cristã compartilharam detalhes do hediondo ataque.

"Homens armados vestindo uniformes militares e armados com rifles automáticos chegaram na minha aldeia e pediram para ver os líderes da comunidade organizarem uma reunião geral", diz Alphonse, um sobrevivente que foi ferido por tiros e tratado pelas equipes da MSF. "As pessoas então se reuniram sob uma mangueira".

"Então eles começaram a nos amarrar. Rasgaram minha camisa para amarrar meus braços e nos empilharam uns sobre os outros e começaram a atirar. Parecia que estava chovendo balas", acrescentou.

Maior violação do acordo de paz
O ataque viola o acordo de paz assinado em 5 de fevereiro pelo governo da República Centro-Africana com 14 grupos armados, que também teve o apoio da União Africana, da ONU e dos países da região.

O acordo foi criado para trazer estabilidade ao país, que vem sofrendo com intensa violência desde 2013, quando os rebeldes muçulmanos Selaka expulsaram o então presidente David Dacko, o que provocou retaliações de parte das milícias formadas por cristãos.

Nos últimos seis anos, repetidos ataques e outros atos de violência contra civis deixaram 2,9 milhões de pessoas — mais da metade da população do país — necessitando de ajuda humanitária. Milhares morreram por causa das ações violentas no país, conhecido por sua produção de diamantes e ouro, e um quinto dos 4,5 milhões de habitantes fugiu de suas casas.

Intercessão pela Igreja da República Centro-Africana
O CEO da Portas Abertas, David Curry apontou a urgência da Igreja internacional se mobilizar imediatamente em oração pelos cristãos da República Centro-Africana.

"A Portas Abertas chama os apoiadores de todo o mundo a orarem, clamando por graça e misericórdia abundantes do Senhor, para que atuem sobre todos os que sofreram perdas nesses ataques", disse ele. "Pedimos às autoridades do da República Centro-Africana que investiguem rapidamente o ataque e levem os responsáveis ​​à justiça e às forças da ONU para fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar mais violência".

"Também chamamos a comunidade internacional a usar sua influência para ajudar a assegurar que o impulso para a paz seja sustentado e que todas as partes honrem o acordo de paz assinado em fevereiro deste ano", acrescentou.

A organização que apoia a igreja perseguida em todo o mundo também apontou outros pedidos de oração pela República Centro-Africana.

"Por favor, ore para que esses incidentes não levem a retaliações que possam atrapalhar os esforços de paz. Ore para que o Senhor esteja trabalhando nessas circunstâncias, atraindo pessoas para si. Ore por sabedoria, proteção e coragem para a igreja ao responder aos desafios de segurança e interagir com o governo em busca de soluções pacíficas para anos de conflito", finalizou.

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