Terroristas matam 60 cristãos na Nigéria: “Estão arrasando aldeias inteiras”

Há anos, terroristas fulani têm atacado livremente comunidades cristãs, sem a intervenção das autoridades nigerianas.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star NewsAtualizado: quarta-feira, 9 de abril de 2025 às 13:51
Imagem ilustrativa. (Foto: Open Doors UK).
Imagem ilustrativa. (Foto: Open Doors UK).

Terroristas fulani mataram mais de 60 cristãos em mais um ataque no estado de Plateau, na Nigéria, na semana passada. 

De acordo com o Morning Star News, os ataques duraram dois dias em sete comunidades cristãs no condado de Bokkos, em 2 e 3 de abril.

Em apenas um local, na vila de Hurti, mais de 40 cristãos foram assassinados por pastores fulani radicais.

"Esses ataques começaram na quarta-feira, 2 de abril, por volta das 15h, quando esses pastores muçulmanos Fulani armados invadiram nossas comunidades em grande número; Eles vieram em motocicletas e nos atacaram”, relatou a líder comunitária Maren Aradong, ao Morning Star News.

"Mais de 1.000 cristãos foram deslocados [em Hurti] durante os ataques, e 383 três casas foram destruídas por esses bandidos", denunciou ela.

Os terroristas também destruíram lojas de alimentos e roubaram produtos durante o ataque massivo. No total, mais de 60 cristãos foram massacrados.

"Esses ataques foram realizados por terroristas Fulani que tinham como alvo as comunidades cristãs de Ruwi, Mangor, Tamiso, Daffo, Manguna, Hurti e Tadai", comentou Farmasum Fuddang, presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Bokkos (BCDC).

O governador de Plateau, Caleb Mutfwang, classficou os ataques em Bokkos de genocídio. "Eu diria isso sem remorso, o que aconteceu nas últimas duas semanas em Bokkos é genocídio", disse Mutfwang, em uma entrevista na TV local. 

Agricultores cristãos na Nigéria têm sido vítimas de ataques constantes de terroristas fulani, principalmente nos estados de Benue, Plateau, Kaduna e Níger. Milhares de cristãos foram mortos ou sequestrados, e centenas de igrejas foram destruídas ou atacadas.

Moradores e líderes cristãos têm denunciado o descaso do governo em proteger as comunidades cristãs.

"A crise de segurança no estado de Plateau, particularmente nas áreas de Mangu e Bokkos, atingiu níveis alarmantes", afirmou o reverendo Tongsmangs Dasbak, um líder cristão no estado de Plateau.

"Os ataques persistentes de pastores Fulani saqueadores levaram a perdas significativas de vidas, destruição de propriedades e deslocamento de comunidades. Apesar dos esforços conjuntos do governo estadual para restaurar a paz, a situação continua terrível, necessitando de intervenção federal urgente”, defendeu.

Na última sexta-feira (4), a Anistia Internacional pediu ao governo nigeriano que combata a violência no estado de Plateau e exigiu justiça para as vítimas.

"Além de matar pessoas, os agressores também estão arrasando aldeias inteiras, destruindo deliberadamente casas e fazendas. Investigações realizadas por nós mostraram que pelo menos 1.336 pessoas foram mortas entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024 em todo o estado de Plateau, com as áreas de governo local de Mangu, Bokkos e Barkin-Ladi sendo as mais afetadas”, afirmou a Anistia.

A organização ainda denunciou a falta de ação das autoridades para conter os ataquescontra agricultores cristãos.

"A maioria dos aldeões disse repetidamente à Anistia Internacional que o governo os deixou à mercê de seus agressores", afirmou. 

"Eles reclamaram de receber pouca ou nenhuma ajuda dos agentes de segurança durante os ataques, apesar de informá-los com antecedência ou pedir ajuda durante os incidentes. O fato de nenhum perpetrador ter sido levado à justiça deixa as comunidades rurais do estado de Plateau se sentindo completamente desamparadas e à mercê de pistoleiros implacáveis”.

Perseguição fulani

Em um relatório de 2020, o Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para a Liberdade ou Crença Internacional (APPG) observou que os Fulani, possuem milhões de membros espalhados pela Nigéria e pelo Sahel. 

Predominantemente muçulmanos, eles compreendem centenas de clãs de muitas linhagens diferentes que não têm visões extremistas, mas alguns Fulani aderem à ideologia islâmica radical.

“Eles adotam uma estratégia comparável à do Boko Haram e do ISWAP e demonstram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”, afirma o relatório do APPG.

Líderes cristãos na Nigéria acreditam que os ataques de pastores às comunidades cristãs no Cinturão Médio da Nigéria tem o objetivo de tomar as terras dos cristãos à força e impor o islamismo, já que a desertificação tornou difícil para eles sustentarem seus rebanhos.

A Nigéria ficou em 7º lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2025 como um dos lugares mais difíceis para ser cristão.

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