Tropas militares de Mianmar incendiaram uma igreja batista durante um ataque a uma aldeia no estado Chin do país, na última quarta-feira (13). Mais 12 prédios foram incendiados pelo exército, deixando a aldeia totalmente arrasada.
De acordo com a Radio Free Asia, as queimadas aconteceram depois que um comboio militar, com cerca de 40 veículos e dois tanques, a caminho de Hakha foi atacado pela milícia da Força de Defesa Chin, um grupo armado que combate os militares de Mianmar.
Depois do confronto, as tropas militares montaram acampamento na aldeia Rialti, a cerca de 8 km da estrada onde o comboio foi atacado, e começaram a incendiar os prédios da aldeia.
Um líder da Igreja Batista da Vila de Rialti, que preferiu não se identificar por questões de segurança, relatou que os militares queimaram oito casas na quarta-feira (13), por volta das 15h, e continuaram incendiando prédios na manhã do dia seguinte.
“Esta manhã, era a igreja e nosso armazém, esses dois foram incendiados no início desta manhã e por volta das 9h, as três casas restantes”, disse ele à Rádio Free Asia.
“Todos se foram em pouco tempo. Toda a aldeia, incluindo a igreja, foi incendiada. Oito casas foram incendiadas ontem. Ao todo, 13 edifícios, incluindo a igreja, foram destruídos”.
Quando os militares chegaram, os moradores da aldeia fugiram para uma floresta nas montanhas e viram de longe a vila inteira pegar fogo. Segundo eles, as tropas só foram embora ao se certificar que os prédios estavam em chamas.
O porta-voz da Junta Militar, Maj Gen Zaw Min Tun, negou que a tropa militar incendiou a aldeia de Rialti, afirmando que os militares "não abrem fogo em nenhum prédio religioso ou em qualquer vila".
Entretanto, o vice-diretor executivo da Organização de Direitos Humanos Chin, Salai Za Op Lin, confirmou o incêndio por parte dos militares, classificando o ataque como crime de guerra.
“Vemos isso como um crime de guerra porque, onde quer que eles vão, eles se concentram onde quer que haja um grande número de pessoas; é uma violação deliberada da liberdade religiosa”, disse ele, observando que outras comunidades cristãs no estado de Chin já foram atacadas desde que exército birmanês tomou o poder de Mianmar em fevereiro.
“Agora que os militares começaram uma operação real no estado de Chin, podemos esperar muitos desses abusos e atos, e instamos a comunidade internacional a ficar de olho nisso”, pediu Salai.
Igrejas e cristãos atingidos
Desde a tomada do poder pelo exército em fevereiro deste ano, os ataques a cristãos, que representam cerca de 6% da população de maioria budista, aumentaram. A repressão que está acontecendo deixou as minorias religiosas étnicas em Chin e outros estados ainda mais vulneráveis.
Em junho, líderes da igreja no leste do estado de Karenni relataram ataques militares em pelo menos oito igrejas. Em setembro, uma igreja batista, no estado de Chin foi atingida por disparos da artilharia militar, na tentativa de conter a resistência no país.
Durante o ataque, um pastor batista acabou sendo atingido. Ele estava ajudando a apagar o incêndio em uma das casas, conforme relatou o International Christian Concern (ICC).
O ataque dos militares a edifícios de igrejas, propriedades e casas de civis é um insulto à religião e aos crentes”, disse a Convenção Batista Chin, em comunicado, no dia 19 de setembro.
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