Vamos celebrar a mistura!

Vamos celebrar a mistura!

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:45

Um amigo africano do Zimbabwe, residindo agora nos Estados Unidos e muito interessado em Brasil me enviou um link da BBC News, BBC delves into Brazilian’s roots, de Silvia Salek da BBC Brasil. O link trata de assunto já coberto por vários periódicos nacionais, a ilusão da questão racial no rastro das desastrosas políticas racistas do governo Lula. Eu me dei ao trabalho de ir novamente por todo o tema que incluiu uma pesquisa de DNA para comprovar a mistura de nosso povo. Então, em um dos últimos parágrafos encontrei algo que me chamou atenção.

“Ninguém no Brasil é puro”. Foi o que disse o professor de Harvard Henry Louis Gates Jr. Essa frase me atingiu de forma intensa. Não por saber que no Brasil a maioria de nós é mestiça. Isso eu sei e me traz orgulho. A mistura é tão importante para nossa nação que se reflete em todos os aspectos de nossa cultura: na culinária em que nossos melhores pratos consistem em misturar de tudo em uma grande panela; nas artes plásticas como em nosso naif que contém milhares de elementos de todas as cores possíveis; ou na música com nossos mais de 300 rítmos catalogados, que consistem em misturas. Poderíamos falar ainda de nossa arquitetura, administração de empresas, decoração etc. Quando os brasileiros misturam, tudo fica melhor. O que me assusta é quando essa mistura é classificada negativamente: “não é puro”.

Será que “puro” significa a mesma coisa em inglês? O site dictionary.com traz logo de início uma lista de dezoito definições em que se destacam: 1. Livre de algo que é diferente, inferior ou que contamina; livre de matéria estranha. 4. Livre de elementos estrangeiros ou impróprios. 8. Sem qualquer característica discordante, limpo e verdadeiro. Será que é algo assim que o tal professor quis dizer sobre nosso povo?

Essa forma de ver a mistura é um claro indicador do racismo, porque considera a mistura como algo negativo, baseando-se na suposição de que a exclusividade de uma raça é algo valioso. É triste ver essa idéia em qualquer grupo étnico. É vergonhoso que a mesma expressão sendo usada por outros atores no cenário nacional. Às vezes parecemos papagaios ensinados pelos americanos, repetindo idéias que nem se encaixam em nossa realidade.

Celebrar a falta de mistura como pureza é abominável para participantes de qualquer grupo. Viva a mistura! Se há algo para celebrar, vamos celebrar a mistura!

José Bernardo , 46, casado com Vasti e pai de João Marcos e Isabella, é pastor, escritor e conferencista. Depois de uma significativa carreira em marketing, e bem sucedido pastorado, fundou, no ano 2.000, a missão AMME Evangelizar, com o propósito de ajudar as igrejas evangélicas brasileiras a cumprir a Grande Comissão. Sob sua liderança a AMME já ajudou mais de 30.000 igrejas a apresentar o Evangelho a mais de 90.000.000 de pessoas e agora avança para os outros países de língua portuguesa.    

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