“Vamos às ruas porque cremos num avivamento”, dizem jovens que evangelizam sem-tetos no RS

O Movimento Inconformados Rua, formado pelos jovens da Igreja Assembleia de Deus, surgiu na pandemia, em 2020, para transformar as ruas de Canoas através do poder do Evangelho.

Fonte: Guiame, Cássia de OliveiraAtualizado: segunda-feira, 21 de junho de 2021 às 13:57
O Movimento Inconformados Rua evangeliza moradores de rua e doa cobertores e refeições toda a semana em Canoas (RS). (Foto: Inconformados Moviment).
O Movimento Inconformados Rua evangeliza moradores de rua e doa cobertores e refeições toda a semana em Canoas (RS). (Foto: Inconformados Moviment).

O Movimento Inconformados Rua, formado pelos jovens da Igreja Assembleia de Deus, tem aquecido os corpos e os corações dos moradores de rua da cidade de Canoas através do Evangelho, durante o rigoroso inverno gaúcho, no Rio Grande do Sul. Os jovens cristãos levam cobertores, agasalhos e refeições todas as sextas-feiras à noite e pregam a mensagem de salvação para quem sobrevive nas ruas.

Por semana, são doadas uma média de 30 a 70 marmitas a pessoas em situação de rua. Junto com as refeições, também são oferecidos cobertores e um conjunto de agasalho para proteger os moradores do frio. No ano passado, o movimento jovem distribuiu mais de 700 refeições e arrecadou mais de 650 kg de alimentos.

O Inconformados Rua surgiu do desejo do jovem Israel Florentin, de 25 anos, de levar o amor de Deus, por palavras e ações, durante a pandemia da Covid-19, em 2020. O projeto social é um braço do Inconformados Movement, um projeto de evangelismo nas praças da juventude da AD de Canoas.


Em 2020, o movimento distribuiu mais de 700 refeições e arrecadou mais de 650 kg de alimentos. (Foto: Inconformados Moviment).

“O Movimento Inconformados, como o nome diz, é inconformado com o sistema do pecado que reina e acaba com as vidas. Saímos pras ruas porque estamos crendo num avivamento para a nossa geração, e nós sabemos que o avivamento só vai acontecer quando a Igreja começar a pregar a Palavra e quando as esferas sociais estiverem transformadas pelo Evangelho”, explicou Israel em entrevista ao Guiame.

Junto com ele, o movimento é liderado por cinco jovens cristãos — William Misael, Cristhian Bastos, Larissa Perske e Diego Pacheco — e mobiliza toda semana cerca de 30 jovens, que saem nas ruas para evangelizar. Antes das ações nas madrugadas de sexta, outro grande grupo de voluntários trabalham na base do Inconformados, localizado na igreja, preparando as refeições, organizando a arrecadação de roupas e alimentos não perecíveis, e trabalhando na divulgação do projeto.

Recuperando pessoas pelo poder do Evangelho


O Inconformados Rua também tem encaminhado dependentes químicos que vivem nas ruas para centros de recuperação. (Foto: Inconformados Moviment).

O projeto também está ajudando dependentes químicos, que encontram durante as ações, a mudarem de vida, os encaminhando para centros de recuperação.

Em 2020, o Inconformados Ruas encaminhou 16 pessoas em situação de rua para internação voluntária e o trabalho já tem produzido frutos com pessoas recuperadas e vidas transformadas pelo poder do Evangelho.

Israel Florentin relata que além de fazer o encaminhamento para os centros de recuperação, o movimento também acompanha essas pessoas para dar o amor e o apoio espiritual que precisam durante o processo de restauração.

“Porque não adianta pregar, internar e abandonar, sem fazer nenhuma visita. Então, uma equipe vai ao centro, mensalmente, para visitar as pessoas resgatadas e levar cestas básicas”, explica Israel.

Filhos pródigos nas ruas


O Inconformados Rua crê num avivamento pela pregação da Palavra e pela transformação social através do Evangelho. (Foto: Inconformados Moviment).

O líder do movimento de evangelismo também comenta que a maioria dos moradores de rua que a equipe encontra em Canoas são pessoas que já conheciam o Evangelho, frequentavam a igreja e, alguns até mesmo eram obreiros no ministério.

“A maioria das pessoas que encontramos na rua são conscientes que são desviados e tem que voltar, mas a maior parte confessa que não quer voltar e tem outros que pregam pra gente, que sabem muito mais de Bíblia do que nós”, conta Israel.

Nesse contexto, o jovem afirma que a preparação espiritual dos evangelizadores é essencial para encarar a realidade das ruas e para saber responder aos questionamentos que as pessoas fazem durante a abordagem.

“Eu nunca encontrei um endemoniado na rua, mas o que mais se encontra são moradores de rua testando seu conhecimento bíblico. Eles te encaram e perguntam ‘quantos anos você tem de Bíblia? Quantos anos você tem de crente?’ A maioria tem muito conhecimento de Bíblia, isso é o mais trágico”, diz Israel.

Para estar preparado para desafios como este, os voluntários do Inconformados de Rua passam por uma formação de evangelismo urbano, se capacitando para atuar nas ruas.

Do Paraguai ao Brasil: pregando o Evangelho nas ruas


O evangelista Israel Florentin (à direita), de 25 anos, começou a evangelizar na adolescência no Paraguai, seu país natal. (Foto: Inconformados Moviment).

Filho de missionários, Israel Florentin nasceu no campo missionário, no Paraguai, e já na adolescência seu coração ardia pelo evangelismo de rua. O jovem conta que ele e um amigo costumavam evangelizar em ônibus, nas praças e hospitais em seu país natal.

Israel teve o primeiro contato com evangelismo urbano através de um líder de juventude, que conectou o então adolescente paraguaio à sua chamada missionária.

“Ele capacitava nosso grupo de jovens a fazer evangelismo na rua. Minha base de evangelismo eu aprendi com ele. Ele nos ensinava que para sair na rua, você já tinha que estar com os versículos memorizados, ensinava como fazer a abordagem e quais as possíveis pessoas que encontraríamos, como responder um ateu”, relata o jovem.

O líder do Inconformados lembra que era muito envergonhado na época e que pedia para não falar nada durante os evangelismos que o líder promovia com a juventude. Mas, um dia ele foi surpreendido:

“No meu primeiro evangelismo, eu estava tranquilo porque achava que não ia precisar falar nada, foi aí que meu líder, ao abordar uma pessoa, falou ‘agora o Israel vai pregar para você’. Meu primeiro contato foi no susto”, conta.

“A partir daí, quando eu percebi que evangelizar não era difícil, meu coração se encheu de alegria. Foi uma sensação inexplicável, parecia que eu estava fazendo o que Deus queria que fizesse. Eu me senti tão bem que passei a trabalhar com evangelização”.

 

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