A Bíblia e a homossexualidade

A Bíblia e a homossexualidade

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:39

A Igreja é culpada de espancar pessoas com a Bíblia? Tão estranho quanto esse argumento possa parecer, é realmente uma arma poderosa nas mãos daqueles que estão determinados a normalizar a homossexualidade e o casamento de mesmo sexo dentro da Igreja. Aqueles que estão promovendo a aceitação da homossexualidade argumentam hoje que os cristãos que se opõem a essa agenda estão “esmagando impiedosamente” os pecadores com os textos da Bíblia.

Não parece existir nenhuma fonte confiável para a origem dessa inovação retórica que é muito forte, mas se tornou cada vez mais popular em anos recentes, e é usada como um meio de subverter a condenação da Bíblia às relações sexuais de indivíduos do mesmo sexo.

Em seu recente livro Fall to Grace (Da Queda para a Graça), Jay Bakker apresenta uma forma clássica desse argumento. Bakker, filho de Jim e Tammy Faye Bakker, é hoje co-pastor da Igreja da Revolução na cidade de Nova Iorque — uma congregação descrita pela revista New York como “uma igreja que ainda está tentando compreender sua mensagem”. Pois bem, essa igreja pode estar querendo compreender sua mensagem em algumas questões, mas acerca da homossexualidade a posição dessa igreja é muito clara.

Jay Bakker era um menino pré-adolescente quando seus pais se envolveram num imenso escândalo que levou ao colapso de seu ministério de televisão PTL (Praise the Lord, que em português é Louve ao Senhor), que tinha de tudo, até um parque de diversões temático conhecido como “A Herança dos EUA”. Conforme Bakker deixa claro, a grande lição que ele aprendeu com esse escândalo foi que os cristãos mostram muitíssimo pouca graça. Em Fall to Grace, Bakker coloca para exibição sua visão do que é o Cristianismo. Ele faz algumas críticas legítimas à Igreja, mas o que ele oferece é uma remodelação revisionista do Cristianismo e do Evangelho que realmente é apenas uma reciclagem do liberalismo protestante do início do século vinte.

Numa longa e reveladora resenha do perfil de Jay Bakker, Alex Morris da revista New York argumenta que Bakker reduziu o Cristianismo a uma mensagem de perdão que tem pouco mais que isso. “Contudo, basicamente ele está preparado para descartar o resto do Cristianismo protestante — uma postura que o empurra para muito mais além da ala liberal radical dos evangélicos, levando-o ao que é conhecido como ‘ministério emergente’”, comenta Morris. Ele descreve a perplexidade de alguns que estão na Igreja da Revolução que estão tentando compreender no que essa igreja realmente acredita. Ele pergunta: “Quando se arranca tanta coisa do Cristianismo [quanto ele arrancou], o que é que sobra?”

Jay Bakker é adepto de uma teologia evolucionária. Em Fall to Grace, ele argumenta que há uma teologia evolucionária dentro da Bíblia e que o caráter de Deus muda do Antigo Testamento ao Novo Testamento. Bakker dá crédito ao escritor Brian D. McLaren pelo argumento de que a Bíblia revela “uma trajetória que aponta inexoravelmente de juízo e castigo no passado distante do tempo para perdão e amor universal”. Em seus argumentos, Bakker é contra “tentar manter uma coerência bíblica” e proclama que “não estamos presos ao Deus raivoso que se encontra no Antigo Testamento (e, sim, em alguns lugares do Novo Testamento)”.

No livro, Bakker explica como ele veio a defender a homossexualidade e até a realizar pelo menos um casamento de mesmo sexo. Ele argumenta que a Igreja tem de evoluir em sua compreensão acerca dos ensinos morais da Bíblia. Ele admite que o Antigo Testamento condena com clareza as condutas sexuais de mesmo sexo, mas rejeita isso como irrelevante para a Igreja: “A verdade é que a Bíblia apoia todos os tipos de atitudes e condutas que achamos inaceitáveis (e ilegais) hoje e condena outras que reconhecemos como condutas que não têm tanto problema assim”, diz ele.

Ele rejeita o Antigo Testamento como apenas um livro que contém leis, inclusive leis com relação à sexualidade humana, que meramente “refletem as preocupações sociais de outra época e lugar”. Portanto: “Tal qual nossa maneira de pensar evoluiu nessas outras áreas, assim também tem de evoluir na questão da homossexualidade”.

Quando se dirige ao Novo Testamento, Bakker identifica três textos que ele chama de “os textos bíblicos para esmagar sem misericórdia”. Por quê? Porque, explica ele, “esses textos são usados para bater bem na cabeça das pessoas”.

Esses textos incluem 1 Timóteo 1:10, 1 Coríntios 6:9-10 e Romanos 1:25-27. Bakker se baseia na recente erudição liberal para argumentar que esses textos realmente não lidam de forma alguma com homossexualidade, mas com promiscuidade, estupro e “vício excessivo”.

Esses argumentos se tornaram a agenda padrão entre aqueles que defendem a aceitação da homossexualidade, e são usados de modo habilidoso e repetitivo em quase todos os debates públicos acerca dessa questão. Mas esses argumentos falham por duas razões muito importantes. Primeira, esses argumentos simplesmente não são fiéis aos textos envolvidos, que claramente condenam a conduta de mesmo sexo. Segunda, esses argumentos se baseiam na alegação absurda de que a Igreja entendeu mal esses textos durante séculos, apenas para ser “corrigida” por eruditos revisionistas em décadas recentes.

Apesar disso, o aspecto mais importante do argumento de Bakker é seu jeito de descartar os textos “que esmagam impiedosamente” — sugerindo que a Igreja os está usando de modo cruel ao dizer aos homossexuais que as condutas de mesmo sexo são pecado.

O que é interessante é que a palavra “esmagar impiedosamente” [cujo original em inglês é “clobber”] pegou a ideia de violência física apenas durante a 2ª Guerra Mundial, quando, de acordo com os linguistas, “esmagar impiedosamente” era usada com referência aos ataques de bombardeios aéreos. Está consagrada em nosso vocabulário agora, que é o que torna essa estratégia retórica tão eficiente, pois fica claro que não existe simplesmente um direito de “esmagar” pessoas “impiedosamente”.

Mas é isso o que os cristãos fazem quando defendem a veracidade e autoridade da Bíblia? É “esmagando impiedosamente” as pessoas para apontar para o fato de que a Bíblia identifica a conduta ou atitude delas como pecado?

Certamente que não — pelo menos não quando a verdade bíblica é declarada com honestidade. Em outras palavras, não quando honestamente confessamos que nossos pecados também são condenados dentro da mesma Bíblia.

Sem um conhecimento de nosso estado de pecado, não sabemos que temos necessidade de um Salvador. Nesse sentido, todos precisamos ser “esmagados impiedosamente” pela Bíblia de modo que saibamos que temos necessidade de Cristo.

Deus amou tanto a humanidade pecadora que ele nos deu a Bíblia — e a Lei — a fim de que saibamos com especificação revelada a verdade sobre nosso próprio estado de pecado. Então, verdadeiramente celebramos o que significa que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho, para que quem crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna”. [João 3:16]

A condenação da Bíblia às condutas de mesmo sexo é abrangente e clara. Está entrelaçada com a mensagem da Bíblia com relação ao plano de Deus para a humanidade, casamento e sociedade — e o Evangelho. Só se atinge o florescimento humano vivendo em obediência ao plano revelado de Deus. Nossa rebelião contra o Criador fica muito mais pérfida quando declaramos que nosso próprio plano é superior ao dele.

Quando a Bíblia, em parte ou no todo, é descartada como um “livro que esmaga impiedosamente”, não é só a Bíblia que sofre subversão, mas também o Evangelho. A Igreja tem de reconhecer esse fato claramente — e sem demora.

Por  Albert Mohler Via Julio Severo

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