A doença do ressentimento e cura do amor

A doença do ressentimento e cura do amor

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

Guilherme Ávilla Gimenez

Hellen Janosik, em seu livro Crisis Counseling, diz que o ressentimento é um dos principais causadores de doenças emocionais. Fazendo uma relação entre o emocional e o físico, ela conclui: "seríamos muito mais sadios se substituíssemos o ressentimento pelo perdão." Os neuróticos anônimos argumentam que o ressentimento "de modo geral, nos tiram a alegria de viver, tornando-nos pessoas mesquinhas, amargas, fofoqueiras, cheias de dores, desagradáveis, não confiáveis, e bloqueadas para amar. Se os ressentimentos se forem acumulando, vamos passar à depressão, solidão e problemas físicos de saúde." O ressentimento, de fato, nos faz adoecer. Dethlefsen e Dahlke, analisando a origem das doenças, apontam o ressentimento como uma das causas do câncer (A DOENÇA COMO CAMINHO. Editora Cultrix).

Na antiguidade, alguns médicos já relacionavam sentimentos com doenças, como Cláudio Galeno (129 d.C.), o mais importante médico da antiguidade depois de Hipócrates. Em sua autobiografia intitulada Sobre meus próprios livros, aliás, considerada a primeira autobiografia da história, ele argumenta que "nos recônditos da alma estão a causa da grande maioria das enfermidades". (A HISTÓRIA DA MEDICINA. Antonio C. N. Britto. Faculdade de Medicina da Bahia). Como bem disse William Shakespeare (1564-1616), "Guardar ressentimento é como tomar veneno  e esperar que a outra pessoa morra." Pessoas ressentidas adoecem e sofrem. Você é uma delas?

Todos têm razões para guardar ressentimentos, afinal, quem nunca foi ferido, afrontado, magoado, desprezado, traído, entristecido, enfim, quem nunca sofreu? Conviver com pessoas é correr riscos. Quando passamos por situações que nos trazem sofrimento, nós ficamos tristes e magoados, e esse sentimento, naquele momento, é até próprio. Porém, se o tempo passou e você continua sentindo a mesma coisa, é sinal de que está ressentido. A palavra ressentimento significa literalmente ‘sentir de novo’. E aqui se levanta uma importante pergunta:  

- Por que continuar sofrendo por um problema já acontecido? Qual será o motivo que nos leva a repetir sensações e sentimentos que tanto nos prejudicam?

Charles Swindoll diz que o ressentimento é como uma corrente que nos aprisiona a um fato ou a uma pessoa (CHRISTIAN LIFE. Publishing House). E o pior é que nós mesmos nos aprisionamos. Nós é que sofremos. Nós é que perdemos a alegria dos relacionamentos e da vida. As pessoas podem até ser atingidas por nosso ressentimento, mas o maior afetado é aquele que se ressente. Ele acaba desperdiçando seu tempo, vivendo em função de sentimentos de amargura, perseguição, vingança e outros tão ou mais negativos que esses.

A Bíblia diz que o ressentimento pode ser combatido com o amor. Onde há amor não existe ressentimento, pois o amor não comporta tal sentimento. Entre as tantas qualidades do amor descritas em 1Coríntios 13, lemos claramente: "não se ressente do mal." O verbo ressentir aqui é tradução do grego logizomai que literalmente significa ‘contar ou pesar duas vezes." Infelizmente, algumas pessoas contam dezenas, centenas ou milhares de vezes uma tristeza ou decepção e, em função disso, não conseguem se libertar das correntes do ressentimento.

Jesus diz que devemos amar o próximo e até os inimigos (Mateus 5.44; 22.39). Somente o amor nos faz ter relacionamentos sadios e sem ressentimentos. Se você está repetindo seus sentimentos de tristeza, decepção ou amargura mesmo depois que o tempo já sepultou uma situação, talvez seja hora de pedir a Deus o amor suficiente para perdoar e seguir em frente na caminhada da vida. J.C. Ryle diz que a frase de Jesus na cruz, "perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lucas 23.34), demonstra como podemos vencer os ressentimentos e reconstruir relacionamentos.

Jesus deixou na cruz as afrontas, Ele não as carregou para o futuro (FÉ GENUÍNA. Editora Fiel). Nós podemos e devemos agir como Jesus: deixar as afrontas, as mágoas, as tristezas e as decepções, enfim, deixar os sentimentos antigos no passado, exatamente na ocasião em que eles surgiram. Carregar sentimentos assim no coração é como se autoflagelar.

Ame a pessoa que te afrontou. Ame aquele que te decepcionou. Ame a quem te feriu. Ame os que te prejudicaram. Amando conseguiremos nos livrar dos ressentimentos e teremos mais saúde física, emocional e espiritual.

Deste que deseja a você uma vida saudável e permeada pelo amor de Jesus

Guilherme Ávilla Gimenez

Teólogo, bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (especialização em Ministério Pastoral) e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Cursou especialização em Ministério Pastoral no Dallas Theological Seminary. É professor na área de Teologia Prática na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e pastor titular da Igreja Batista Betel em São Paulo. Sua dissertação de Mestrado tratou da 'Crise no Ministério Pastoral' e se transformou em conferências e palestras apresentadas em várias Igrejas e Seminários Teológicos.

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