Roy Jernigan, o pregador da Carolina do Norte, ainda está entusiasmado em compartilhar o Evangelho, mesmo aos 98 anos de idade. O pastor atribui sua longevidade a Jesus e ao café, nessa ordem, diz sorrindo.
Após servir como missionário em reservas indígenas em todo o país por 52 anos, Jernigan continua pregando, pois sua vida é seu ministério e ele deseja que as pessoas vejam Jesus através dele.
Após renunciar às funções de pastor em tempo integral no Texas há pouco mais de um ano para morar com sua filha Linda Williams, Roy não parou de pregar para centenas de pessoas semanalmente por meio de seu ministério no Facebook, Preacher Roy Ministries.
Roy Jernigan (ao centro) com seus filhos, Linda Jernigan Williams (à dir.) e Larry Jernigan (à esq.). (Foto: Linda Williams)
O pastor conta que continua a se manter energizado e disponível para o serviço do Senhor, cuidando tanto de seu corpo físico quanto espiritual.
“Bem, vou ser honesto com você. Em minha vida, [eu] simplesmente permaneci com o Senhor. Ele me salvou quando eu tinha 28 anos. Entreguei minha vida ao Senhor. E desde então, tenho tentado comer direito. E tenho me exercitado, mantido meu corpo em boas condições e vivo bem”, explicou ele em uma entrevista recente ao The Christians Post.
Se não fosse pela degeneração macular relacionada à idade, uma doença ocular que causa embaçamento da visão central, Jernigan ainda estaria liderando sua igreja no Texas.
“Minha visão e minha audição são meus dois maiores problemas. Eu tenho degeneração macular. Tenho recebido injeções em cada olho nos últimos 11 anos”, disse ele. “Essa é uma das razões pelas quais deixei a missão. No pastorado no Texas, eu não conseguia mais ver as pessoas. Eu podia ver, mas não conseguia identificá-las. E eu tinha funerais e não conseguia ler a Bíblia. Agora tenho que citar as Escrituras que memorizei ao longo dos anos.”
Aulas online
Jernigan agora conta com a ajuda de sua filha, Linda, para guiá-lo, mas ele afirma que, desde que consiga encontrar meios alternativos de estudar e ler, ele continuará dando aulas online. Apesar de sua visão prejudicada, Jernigan assegura que sua saúde permanece forte.
“Como você provavelmente sabe, não tenho médico, não tomo remédios e tenho feito exercícios. Eu faço exercícios corporais ou flexões todos os dias. E geralmente ando cerca de um ou dois quilômetros. E eu tenho feito isso por anos e [isso] manteve meu corpo físico em boas condições”, disse Jernigan quando questionado sobre como ele conseguiu se manter tão saudável na velhice.
“Durante toda a minha vida, as pessoas dizem: 'Por que você não se aposenta?' Minha vida, realmente, para ser honesto com você, minha vida é meu ministério”.
Salto de paraquedas
Recentemente, Jernigan tornou-se o foco das manchetes após, com o incentivo de sua família, saltar de paraquedas para celebrar um marco significativo, apenas dois anos antes de completar seu centenário.
Em entrevista ao CP, ele explicou que sua motivação para realizar essa façanha foi utilizar o momento para glorificar a Deus, e já teve a chance de fazer isso em diversas entrevistas na mídia.
Roy Jernigan, 98, pouco antes de saltar de paraquedas na Carolina do Norte em 24 de janeiro de 2023. (Foto: Linda Williams)
“Por volta de setembro, outubro (2022), comecei a orar sobre isso. E eu disse: 'Senhor, se você pode ter a glória por isso, eu farei. Mas não é para mim. Eu não sou um caçador de emoções. Eu não tenho nada para provar. Já subi a montanha, desci a montanha, atravessei os vales. Não estou tentando provar nada. Mas se eu puder dar a você a glória disso, e você nos der o clima adequado, pularei, a menos que você me diga não'”, contou Jernigan. “Se for um dia ruim, saberei que é um não. E então eu o deixei e orei continuamente todos os dias”.
No dia do salto, 24 de janeiro, o clima estava ensolarado na Carolina do Norte. Jernigan realizou o salto com a ajuda da equipe do Skydive Coastal Carolinas e sobreviveu, assim como fez durante sua participação na Segunda Guerra Mundial, na Guerra da Coreia e na Guerra do Vietnã como membro do Corpo Naval.
Embora tenha sido diagnosticado recentemente com Covid-19, Jernigan, que foi vacinado contra o vírus, disse que Deus o protegeu de adoecer no auge da pandemia, mesmo quando ele perdeu vários membros da igreja e da família.
“Eu tive vários de meus membros, como eu disse, que morreram com isso. E tenho um sobrinho que morreu com aquela coisa na Virgínia. Mas o Senhor, meu corpo estava em boas condições. E eu sinto que realmente a mão do Senhor estava comigo”, disse Jernigan.
O maior desafio
Durante seus 52 anos de ministério, Jernigan enfrentou muitos desafios, mas nenhum se compara à perda de sua esposa, Lizzie, em janeiro de 2011.
“Acho que o pior momento que passei naqueles anos, a pior parte foi que minha esposa teve um ataque cardíaco em Hollywood, Flórida”, disse ele.
Embora os médicos tenham conseguido reanimar sua esposa, Jernigan disse que ela sofreu danos cerebrais e se deteriorou lentamente por um período de cerca de cinco ou seis anos até sua morte.
Roy Jernigan e sua falecida esposa, Lizzie. (Foto: Linda Williams)
“Ela começou um lento processo de degeneração na mente e o médico me disse que provavelmente seria lento, mas o cérebro... provavelmente morreria. Aqueles foram tempos difíceis para mim”, lembrou Jernigan.
“Fizemos tudo juntos desde a infância. … Uma vez que você via um, você via o outro. Nós viajamos juntos. Nós trabalhamos juntos. E ela começou a perder a cabeça. E levou cerca de cinco ou seis anos. E deixe-me dizer a você, qualquer pessoa que não tenha passado por isso não pode saber exatamente como se sente quando alguém que ama [é tirado dela]”, disse o idoso.
“Quando essa mente começa a falhar e você sabe que eles não sabem o que está acontecendo, isso parte seu coração. Esses foram os anos mais difíceis para mim. E enquanto orávamos juntos todas as noites, eu a colocava na cama e dizia: 'Querida, eu te amo'. Então ela dizia: 'Eu te amo'”, continuou ele. “Na noite de domingo, dia 9 de janeiro de 2011, coloquei-a para dormir naquela noite e disse: 'Eu te amo'. A última palavra que ela falou foi: 'Eu também te amo'”.
Após a morte de sua esposa, Jernigan disse que passou a vida morando sozinho até novembro de 2021, quando, após a morte do marido de sua filha Linda, os dois decidiram voltar para a Carolina do Norte, onde ficariam mais perto da família.
“Quando ela estava passando por grandes dificuldades, era muito difícil, mas orar e confiar no Senhor me ajudou a superar isso”, disse ele sobre o falecimento de sua esposa.
“Eu realmente não vi nenhum propósito. Mas então reconheci que tinha muitas pessoas que me amavam e oravam por mim e queriam que eu continuasse. Então juntei os cacos e pela graça e misericórdia de Deus, continuei”, disse ele.
Sobre o estado da Igreja
Quando perguntado sobre o estado da igreja americana atual, Jernigan rapidamente explicou que a principal força motriz de sua fé é a Bíblia, sem as limitações das restrições denominacionais.
“Eu não sou um homem denominacional. Não critico as denominações, mas penso nisso: temos todos os tipos de denominações – batista, metodista, presbiteriana, episcopal –, você escolhe, e cada uma delas tem uma doutrina diferente”, explicou.
“Elas não podem estar todos certas. E assim, consequentemente, não reivindico uma denominação. Eu afirmo ser cristão. E como cristão, sigo os ensinamentos do Novo Testamento sobre o apóstolo Paulo.”
A abordagem não denominacional de Jernigan para o ministério está alinhada com a tendência atual da igreja americana. Dados do Censo Religioso dos EUA de 2020 indicam que, nos últimos 10 anos, o número de cristãos americanos frequentando igrejas não denominacionais quase dobrou e ultrapassou a maior denominação protestante dos Estados Unidos, Batista do Sul, em vários milhões de seguidores.
Outros estudos recentes também indicam que, embora os Estados Unidos continuem sendo uma nação altamente religiosa, com sete em cada dez pessoas afirmando ter filiação a alguma religião organizada, pela primeira vez em quase 80 anos, menos da metade diz ser membro formal de uma casa específica de adoração. Além disso, a frequência às igrejas continuou a diminuir após os bloqueios impostos pela pandemia do Covid-19.
Embora admita que ser cristão hoje é muito mais difícil do que há 50 anos, quando havia menos distrações competindo pela atenção das pessoas, Jernigan acredita que o modelo de muitos ministérios da igreja atualmente é parcialmente responsável por fazer com que as pessoas abandonem os bancos da igreja.
“Vou ser honesto com você, um dos maiores problemas que os pastores têm hoje é tentar construir uma igreja por conta própria”, disse Jernigan ao CP.
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