Mortes, hospitais em colapso, pessoas isoladas, crises financeiras. O cenário que se espalhou pelo mundo inteiro tem feito muitas pessoas se questionarem sobre a volta de Jesus e as profecias bíblicas do fim dos tempos.
Em busca de esclarecer o tema do ponto de vista bíblico, o teólogo americano Jon Paulien, de 71 anos, faz uma análise sobre o papel das doenças contagiosas nos sinais do fim descritos pelas profecias.
“Embora a situação atual seja muito séria, em termos humanos, ainda não está no nível do que se poderia chamar de ‘proporções apocalípticas’”, afirma Paulien, que é doutor em Novo Testamento e professor de teologia na Universidade de Loma Linda, nos EUA.
Para explicar, ele faz uma comparação entre a atual pandemia e outras que marcaram a história humana: “A Covid-19 levou a centenas de milhares de mortes prematuras, mas ainda é pouco significativo em relação à gripe espanhola de 100 anos atrás. Isso resultou em 50 a 100 milhões de mortes em todo o mundo, em uma época em que a população mundial era inferior a dois bilhões (hoje são quase oito bilhões)”.
“E mais atrás, na história, está a Peste Negra, cuja estimativa é que tenha matado de 75 a 200 milhões de pessoas (1347-1351 d.C.) em uma época em que a população mundial era inferior a 500 milhões. Essa é uma proporção tão alta quanto uma em cada três pessoas no mundo, mais ou menos”, continua.
Pestes na Bíblia
Paulien ainda observa que o termo pestilência é encontrado em algumas traduções dos Evangelhos, e em outras não. “A razão é que os manuscritos gregos, nos quais as traduções se baseiam, incluem, às vezes, pestes e outras não. É provável que as pestes não estejam no original em Mateus”, explica.
“Porém, mesmo que fosse, Mateus 24:8 não coloca isso no fim do mundo, mas como ‘o começo das dores de parto’. Jesus via as pestes como algo geral para a experiência humana, não como algo especialmente associado ao fim”, o teólogo destaca.
Nos textos de Apocalipse, o teólogo diz que a tradução para a palavra peste é thanatos, que é usada no contexto de um evento específico, no qual o cavaleiro no cavalo amarelo recebe autoridade sobre um quarto da terra, para ferir com espada, fome e peste.
“Esse texto não nos diz que a Covid-19 é um sinal do fim. Não há informações suficientes para ser tão específico. Mas indica, mais do que outros textos bíblicos, que a pandemia provavelmente será uma característica do fim dos tempos”, explica.
Como conclusão, o teólogo diz que a atual pandemia não é um sinal do fim dos tempos. “Como pandemias muito piores já ocorreram, a Covid-19 não deve ser usada como um indicador de onde estamos na história. Se o fim dos tempos estiver próximo, outros indicadores serão mais significativos que este. Em outras palavras, a profecia bíblica não indica que a pandemia é um elemento-chave dos ‘sinais do fim’, nem a exclui como um dos problemas do fim”, esclarece Paulien.
O teólogo também pontua que “a pandemia não é um castigo direto e ativo de Deus; é uma consequência da condição humana que a Bíblia chama de pecado e rebelião contra Deus”.
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